UFC
Saiba como o trabalho da imagem elevou Renato Moicano ao posto de protagonista no UFC Paris
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por
Gaspar Bruno
Cada vez mais, os esportes de combate têm aliado o âmbito esportivo ao ramo do entretenimento. Dentro do MMA, e consequentemente no UFC, não é diferente. Atento às tendências de mercado, Renato Carneiro pode dizer que mudou da água para o vinho e, através do trabalho de sua própria imagem, foi um dos lutadores que mais se beneficiou desta nova onda. O bom desempenho dentro do octógono e o aumento de popularidade fora dele fazem parte da fórmula que mudou o patamar da carreira de Moicano e o alçou ao posto de protagonista do UFC Paris deste sábado (28).
Com quase uma década de Ultimate nas costas, Renato iniciou sua trajetória nos pesos-penas (66 kg) e, apesar de despontar como um dos melhores do mundo na categoria, nunca atraiu tanta a atenção dos fãs. Anos depois, já na divisão dos leves (70 kg), o brasiliense decidiu mudar e adotar uma espécie de persona – que acabou se tornando uma virada de chave em sua carreira. Sem papas na língua e com um estilo ‘sincerão’, Moicano caiu nas graças dos fãs de MMA e obteve um verdadeiro ‘boom’ de exposição no UFC.
O momento, é claro, ajuda. Já que Renato, número 11 do ranking dos leves, vem embalado por três vitórias consecutivas. Sendo assim, com cada vez mais exposição, Moicano faz valer o ótimo momento e viraliza constantemente com discursos acalorados, palavrões e análises sem filtro. A forma adotada para se comunicar com os torcedores, seja pelas suas aparições na mídia especializada, nas redes sociais ou pela nova empreitada como apresentador de ‘podcast’, ao lado do amigo e também lutador Gilbert Durinho, tem tornado o atleta cada vez mais e mais popular.
“Acho que foi bem natural. Eu comecei muito humilde, mas depois de um tempo, eu fui vendo que isso não leva ninguém a nada. Você tem que ser humilde, mas você tem que criar uma personalidade ou um personagem para as pessoas se identificarem, acharem engraçado, querer assistir. Às vezes você está assistindo um negócio e o negócio é chato. Tem que ser uma parada divertida, tem que ser uma coisa engraçada. É o que eu tento fazer. Fui criado assim. Treinava jiu-jitsu e se você finalizasse o adversário, não podia nem comemorar que o professor já brigava. Você vai crescendo assim, achando que é certo. Quando mudei para os EUA, vi que é diferente. Eles transformam tudo em um show. O cara quer ser entretido toda hora. E isso tem um valor financeiro, tem dinheiro nisso”, explicou Renato, em entrevista à Ag Fight.
Fazer valer a exposição
Moicano fará a luta principal de um evento do Ultimate pela segunda vez na carreira. A primeira ocorreu em 2019, ainda no peso-pena, quando duelou com Chan Sung Jung, o ‘Zumbi Coreano’. Na oportunidade, porém, além de sair derrotado, o brasileiro ainda não tinha virado a chave e mudado sua ‘persona’ dentro da empresa. Agora, com uma nova imagem já consolidada, Renato pretende fazer valer a exposição diante de Benoit Saint Denis. A missão, porém, não será fácil, já que o atleta da American Top Team é considerado zebra nas principais casas de apostas contra o rival francês, que, além dos indicativos, ainda lutará com uma atmosfera a seu favor.
“Casas de apostas servem para a gente quebrar mesmo. Na última luta, também estava na mesma proporção como azarão. É lógico que é uma luta perigosa, não estou dizendo que não é. Um adversário duro. Uma luta perigosa, mas que na minha opinião também tem bastante retorno no sentido de popularidade. O cara (Benoit Saint Denis) é bem famoso, tem bastante seguidores, bastante público. É um main event na Europa, entendeu? Então vale o risco. E vamos lá para vencer. O foco é usar a exposição. Se Deus quiser, no sábado, com a vitória, vou estar com o microfone na mão, mais uma vez, mostrando relevância, podendo alçar voos mais altos”, projetou o brasileiro em conversa com a Ag Fight.
Além de Moicano, que lidera o card deste sábado, outros três brasileiros entram em ação no UFC Paris. No card principal, Joanderson Tubarão e Gabriel Fly enfrentam, respectivamente, os franceses William Gomis e Morgan Charriere. Já na porção preliminar do show, Jacqueline Cavalcanti também duela com uma atleta da casa, Nora Cornolle.
Natural do Rio de Janeiro, Gaspar Bruno da Silveira estuda jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fascinado por esportes e com experiência prévia na área do futebol, começou a tomar gosto pelo MMA no final dos anos 2000.