Siga-nos
Louis Grasse/PxImages

UFC

Lutador do UFC assume bissexualidade após vazamento de vídeo íntimo

Os últimos meses na vida de Jeff Molina não tem sido nada fáceis. Depois de ser suspenso preventivamente pela Comissão Atlética de Nevada por seu suposto envolvimento em um escândalo de apostas esportivas no UFC no final do ano passado, o lutador teve um vídeo íntimo vazado na internet na última quinta-feira (16).

Nesta sexta, o atleta utilizou seu perfil oficial no ‘Twitter’ para assumir sua bissexualidade e lamentar ter sido praticamente obrigado a fazer isso após ter sua vida pessoal exposta sem o seu consentimento (clique aqui). Molina também afirmou que não pretendia expor esse assunto publicamente neste momento, principalmente por viver em um ambiente majoritariamente homofóbico, e por não querer ser reconhecido apenas como o “lutador gay do UFC”, mas sim por seu talento.

O americano também fez questão de agradecer ao apoio que tem recebido desde o vazamento do vídeo íntimo e disse que as mensagens de acolhimento estão servindo para apagar o ódio e preconceito dos quais também tem sido alvo. Vale lembrar que em sua última luta antes de ser suspenso, em junho do ano passado, quando superou Zhalgas Zhumagulov por decisão dividida dos juízes, Jeff Molina já havia sinalizado seu apoio à comunidade LGBTQIA+.

Na ocasião, o lutador utilizou durante a luta shorts especiais do ‘UFC Pride Month’, que foi criado pela organização como forma de apoiar a causa e, mais especificamente, o LGBTQIA+ Center of Southern Nevada, uma entidade sem fins lucrativos que atende a comunidade local de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e queer desde 1993. Todos os lucros com as vendas desses shorts foram revertidos para a instituição.

À época, por sinal, Jeff Molina foi alvo de comentários preconceituosos e ataques nas redes sociais por parte de alguns fãs do MMA, e rebateu, mostrando-se incrédulo com a postura das pessoas em relação ao assunto em pleno 2022. Agora, o lutador americano se torna o primeiro atleta do plantel masculino do UFC a admitir ser bissexual na história da organização. Há alguns anos, Marc Diakiese posou para uma revista de conteúdo homossexual, mas não chegou a dizer com todas as letras se era ou não gay.

Confira abaixo a declaração na íntegra de Jeff Molina:

“Não é da forma que eu queria, mas a chance de fazer isso quando estivesse pronto foi tirada de mim. Tentei manter minha vida privada longe das redes sociais. Me relacionei com mulheres minha vida inteira e abafei sentimentos que tive durante o colégio enquanto estive no time de wrestling, e depois competindo no MMA, e ainda depois quando alcancei o sonho de chegar ao UFC.

A ideia de que meus amigos, parceiros de treino e pessoas que admiro pudessem me olhar de forma diferente por algo que não posso controlar eu não consigo entender. Em um esporte como esse, do qual a maioria dos fãs é homofóbica, não me vi enfrentando isso por parte da minha carreira. Queria ser lembrado pelas minhas habilidades, para as quais me dediquei pelos últimos 11 anos da minha vida e não por ser ‘o lutador bissexual do UFC’, o que tenho certeza de que será traduzido como ‘o lutador gay do UFC’.

Para a terrível e perturbada pessoa que decidiu postar isso, espero que tenha valido a pena. No fim das contas, sei do meu caráter, moral e da pessoa que sou. Ao mesmo tempo que recebo ódio recebo a mesma quantidade de apoio e isso significa demais para mim”.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

Mais em UFC