Neste sábado (23), o octógono montado em Xangai (CHN) pode se tornar o palco para o fim de uma incômoda escrita brasileira no UFC. Johnny Walker será o protagonista da luta principal contra Mingyang Zhang e carrega consigo mais do que o peso de um combate internacional: representa a chance de encerrar o jejum de vitórias do Brasil em ‘main events’ em 2025. Além da má fase coletiva, há também uma marca pessoal a ser superada. Esta será a quarta vez em que o carioca lidera um card da organização — nas três anteriores, saiu derrotado em todas.
Diante desse cenário, Walker assume o papel de herói improvável. Não por falta de talento ou bagagem no esporte, mas pelo momento delicado que atravessa na carreira. Vem de três confrontos sem vencer: sofreu um revés e teve um ‘no contest’ diante do atual campeão Magomed Ankalaev, além de ter sido superado por Volkan Oezdemir em sua última apresentação. Enquanto isso, Zhang atravessa a melhor fase da carreira. Atuando diante de seu público, o chinês está invicto em três lutas no UFC — todas premiadas com bônus de performance — e é tratado como uma das promessas mais empolgantes da divisão dos meio-pesados (93 kg).
Ambos os lutadores têm trajetórias que começaram em programas específicos do UFC voltados à descoberta e desenvolvimento de novos talentos. Johnny Walker foi revelado pelo ‘Contender Series’ em 2018, quando conquistou uma vitória importante sobre o compatriota Henrique da Silva, abrindo caminho para sua entrada definitiva na organização. Já Mingyang Zhang despontou no ‘Road to UFC’ em 2022, um torneio especialmente criado para identificar e impulsionar promessas do MMA na Ásia, fortalecendo sua reputação como um dos prospectos mais promissores da região.
Retrospecto brasileiro
Até o momento, nenhum atleta brasileiro conseguiu triunfar em lutas principais do Ultimate na temporada. Nem mesmo nomes consagrados como Alex ‘Poatan’ ou Charles ‘do Bronx’ escaparam da sequência negativa em combates de destaque. O jejum, já passando da metade do ano, virou pauta constante entre analistas e fãs — alimentando a ideia de uma “zica” nacional.
A série de tropeços teve início em janeiro, com Amanda Ribas superada por Mackenzie Dern que, apesar de ter nacionalidade brasileira, nasceu nos EUA. Ainda no mesmo mês, Renato ‘Moicano’ foi finalizado por Islam Makhachev. Em fevereiro, Gregory ‘Robocop’ acabou nocauteado por Jared Cannonier. Em março, foi a vez de Poatan perder o cinturão dos meio-pesados para Magomed Ankalaev.
Em abril, a sina continuou: Diego Lopes foi derrotado por Alexander Volkanovski, e Carlos Prates teve sua invencibilidade encerrada por Ian Machado Garry. Já em maio, Deiveson Figueiredo foi dominado por Cory Sandhagen no UFC Des Moines, e Gilbert ‘Durinho’ Burns não resistiu a Michael Morales no UFC Vegas 106.
Em junho, foi a vez de Charles do Bronx entrar para a estatística. No UFC 317, o ex-campeão dos leves (70 kg) teve a chance de recuperar o cinturão da categoria até 70 kg, mas foi brutalmente nocauteado por Ilia Topuria ainda no primeiro round. Mais recentemente, Tallison Teixeira, o ‘Xicão’, tornou-se a mais nova vítima da maré negativa: no UFC Nashville, o peso-pesado foi despachado com um nocaute relâmpago por Derrick Lewis.
Redenção
Além de Walker, o Brasil terá outro representante no card. Michel Pereira busca reencontrar o caminho das vitórias após duas derrotas consecutivas, que interromperam uma impressionante sequência de oito triunfos no UFC. Pela frente, o ‘Paraense Voador’ terá Kyle Daukaus, norte-americano que retorna à organização depois de uma primeira passagem irregular — com duas vitórias, quatro derrotas e um ‘no contest’ no cartel.
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