Originado nas obras literárias, o termo anti-herói é utilizado para denominar aqueles personagens que não possuem as virtudes tradicionalmente atribuídas aos ‘mocinhos’ das histórias e que, apesar de praticarem atos moralmente questionáveis, conseguem a aprovação do público, seja pelo carisma ou trajetória. No mundo dos esportes, especialmente no MMA, há muitos candidatos a essa alcunha, mas talvez o mais genuíno de todos – pelo menos nos últimos tempos – seja o brasileiro Carlos Prates, que entra em ação neste sábado (16), pelo card do UFC 319, em Chicago (EUA), com a missão de retomar sua caminhada rumo ao protagonismo.
Nascido em Taubaté (SP) há 31 anos, Carlos Prates faz parte de uma nova onda de lutadores que prometem assumir papel de destaque no MMA brasileiro. Porém, o representante das equipes ‘VTT’ e ‘Fighting Nerds’ não reza exatamente pela mesma cartilha de seus pares. A começar pelo fato de expor publicamente seu hábito de fumar cigarros – uma prática bastante recriminada, principalmente quando envolve atletas de alto nível.
E não para por aí. O lutador brasileiro também nunca fez questão de esconder o seu gosto por festejar com amigos e familiares nos seus momentos de lazer, mostrando abertamente o consumo de bebidas alcóolicas e, claro, do já tradicional cigarro. Entretanto, mesmo diante de alguns ‘olhares tortos’, o meio-médio (77 kg) do UFC recebe poucas críticas comparativamente com outros atletas que tiveram estes hábitos expostos publicamente.
O segredo, talvez, esteja na naturalidade que o próprio Carlos trata estes assuntos, sem tentar escondê-los dos fãs e da mídia especializada, pelo contrário. Recentemente, às vésperas de sua participação no card do UFC 319, neste sábado, o brasileiro creditou o hábito de fumar como um de seus ‘parceiros’ no desgastante corte de peso pelo qual todos os lutadores tem que passar antes de entrarem em ação. A declaração, vinda de qualquer outro atleta de alto nível, poderia ser recebida de forma negativa, mas estas mesmas palavras saindo da boca de Prates parecem apenas contribuir para a sua consolidação como um anti-herói do MMA.
Outro fator que, certamente, auxilia na consolidação do paulista como um dos expoentes da nova geração de lutadores de MMA do Brasil é o seu sucesso esportivo. Contratado pelo UFC há menos de dois anos, Prates já desponta como um dos principais nomes da divisão dos meio-médios da organização.
Carlos Prates no UFC
Em seus primeiros compromissos no octógono mais famoso do mundo, Prates engatou uma sequência de quatro nocautes – retrospecto que o levou ao top 15 do ranking meio-médio do Ultimate. Com uma trocação afiada e mãos pesadas, o lutador paulista tem provado dentro do cage que pertence à elite da divisão. Para além dos resultados esportivos, o carisma e o estilo despojado também auxiliaram na construção de uma fiel base de fãs, apesar do ainda curto período tempo sob os holofotes do maior evento de MMA do planeta.
Protagonismo
O impacto causado pelo início avassalador na organização foi tão grande que o meio-médio ganhou a oportunidade de liderar dois cards ‘Fight Night’ do UFC consecutivamente – um feito incomum para um atleta considerado novato na liga. No último compromisso, entretanto, Carlos sofreu seu primeiro revés na entidade, ao ser derrotado pelo irlandês Ian Machado Garry na luta principal do UFC Kansas City, em abril deste ano.
Chance de recuperação no UFC 319
Mesmo assim, o striker brasileiro parece ter mantido o prestígio dentro da organização. Prova disso é a sua escalação para o card principal do UFC 319, neste sábado, em Chicago (EUA). No evento, liderado pela disputa entre Dricus du Plessis e Khamzat Chimaev, pelo cinturão peso-médio (84 kg), Carlos Prates terá a oportunidade de se recuperar e voltar ao caminho das vitórias, desta vez diante do experiente lutador americano Geoff Neal, 11º colocado no ranking dos meio-médios, uma posição acima do paulista.
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