O UFC 270 mudou a percepção de parte da comunidade do MMA em relação ao peso-pesado. No evento realizado no último sábado (22), na Califórnia (EUA), Francis Ngannou, campeão da categoria, defendeu o título pela primeira vez ao superar, de virada, Ciryl Gane, mas quem roubou a cena, mesmo longe do octógono, foi Jon Jones. Como ‘Bones’ deve estrear na divisão na atual temporada e, possivelmente, disputando o cinturão, Daniel Cormier analisou o atual cenário dela.
Como assistiu o duelo entre Ngannou e Gane, Jones provocou, ao questionar o nível de habilidade da dupla e, sem lutar desde 2020, esbanjou confiança, quando afirmou que vai se tornar campeão do peso-pesado do UFC em breve. Por mais que a postura de ‘Bones’ tenha incomodado parte da comunidade do MMA, principalmente Cormier e Michael Bisping, o primeiro admite que estava errado em seu julgamento. Antes da luta entre ‘The Predator’ e ‘Bon Gamin’ acontecer, ‘DC’ cravou que seu eterno rival no esporte não conquistaria o título da categoria com os dois atletas presentes nela.
Após o duelo entre Ngannou e Gane, Cormier, em seu canal oficial no ‘YouTube’, voltou atrás e indicou que Jones tem tudo para ser campeão do peso-pesado do UFC. É bem verdade que o comentarista ressalta que a missão de ‘Bones’ não será fácil por conta da constante melhora do detentor do título da divisão. Vale lembrar que ‘The Predator’ foi para o confronto contra ‘Bon Gamin’ em atrito com Dana White, próximo de sair da organização para se aventurar no boxe, discutindo com o ex-treinador, lesionado e, mesmo sem nocautear, foi capaz de vencer no octógono. Contudo, como o atleta mostrou que não é intocável e que também sofre, ‘DC’ destaca que o americano é o lutador perfeito para aproveitar o momento de fragilidade do camaronês.
“Demorei alguns dias para pensar sobre isso depois do UFC 270, porque no momento em que deixei a arena, pensei comigo mesmo, ‘Acho que Jones vence os dois’. Depois de vê-los naquela luta, pensei comigo mesmo e depois conversando com Cejudo e outras pessoas, fiquei tipo, ‘Acho que Jones pode vencer os dois’. Eu estava pronto para admitir que estava errado, que estava pronto para vir aqui e dizer, ‘Eu estava errado, Jones vence os dois’. Então, ouvi Ngannou falar de todas as coisas do contrato e realmente me dei conta, porque mesmo na preparação nós conversamos sobre isso, Ngannou tinha tanta coisa acontecendo e, logo antes da luta, eu estava no vestiário e recebemos informações de que ele está lidando com uma lesão muito grave no joelho, mas ele passa por isso da maneira mais inesperada que você pode imaginar, derrubando Gane da maneira que fez. Enquanto eu pensava sobre todas essas coisas, pensei, ‘Talvez Jones o derrote’, estou assistindo aos tweets de Jones, ele quase comemorando, ‘Uau, essa luta me dá muita confiança'”, declarou Cormier, antes de completar.
“Você tem que desacelerar, porque o que vimos em Ngannou não foi o Ngannou que estamos acostumados. O que vimos foi um cara que foi capaz de se ajustar rapidamente, algo que não tinha antes e ainda manter o título. Jones disse algo como, ‘Se este é o principal predador da divisão, estou empolgado com isso’. Estamos falando de um rei da selva ferido e se o ferido rei da selva ainda é o melhor pesado do mundo, talvez devêssemos olhar de uma maneira diferente. Talvez, não devêssemos julgar Ngannou tão duramente porque ele não conseguia andar, pelas coisas do contrato e toda a conversa com Tyson Fury e o ex-treinador. Isso afeta qualquer um. Ir lá e vencer um cara que foi chamado de futuro da divisão dos pesados, com os joelhos ruins, ainda é algo para se orgulhar. Estou menos certo hoje do que nunca naqueles caras derrotando Jones, porque, em última análise, ele é um competidor do mais alto nível e quando você dá a um competidor assim, ferido ou não, aquele visual, ele se sente mais invencível do que jamais se sentiu em toda a sua vida”, concluiu.
Jon Jones, de 34 anos, é ex-campeão dos meio-pesados do UFC e é apontado por parte dos fãs como o melhor lutador da história do MMA. Após dominar a categoria, ‘Bones’ decidiu se aventurar e passou a integrar o peso-pesado, já que revelou que sempre sonhou em alcançar o lugar mais alto da divisão. Em sua carreira no MMA, o americano disputou 28 lutas, venceu 26, perdeu uma e a outra terminou em ‘no contest’ (sem resultado). Seus triunfos de maior importância foram sobre Alexander Gustafsson (duas vezes), Anthony Smith, Chael Sonnen, Daniel Cormier, Dominick Reyes, Glover Teixeira, Lyoto Machida, Maurício Shogun, Ovince Saint Preux, Quinton ‘Rampage’ Jackson, Rashad Evans, Ryan Bader, Stephan Bonnar, Thiago ‘Marreta’ e Vitor Belfort.