Vanessa Melo não luta no UFC desde novembro de 2019 – Leandro Bernardes/PxImages
Durante a quarentena adotada por diversos países como medida de prevenção contra a expansão do coronavírus, muitos lutadores ficam indecisos sobre lutar e garantir seu pagamento ou se manter em casa e respeitar as recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde). Essa indecisão é o caso de Vanessa Melo, que tem duelo marcado para o dia 2 de maio, diante de Sarah Alpar, no UFC Oklahoma. Apesar do desejo de atuar e conseguir sua primeira vitória na franquia, a paulista teme o risco de ser infectada pelo vírus, principalmente durante as viagens para outros países, e prejudicar a saúde dos seus pais.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag.Fight, a ‘Miss Simpatia’, que ainda mora com seus pais em São Paulo, confidenciou que eles são de grupo de risco do COVID-19. Por isso, tem receio de contrair a doença e ajudar contagiá-los. Além disso, Vanessa destacou que, como vem de dois reveses seguidos, está com medo de não se apresentar como gostaria, por não estar treinando normalmente, e ser cortada da franquia.
“Eu gostaria de lutar, estaria mentindo se dissesse que não (risos). Mas tem aquela coisa de que não é ir só lá e lutar né?! Tem todo o rendimento em cima disso, eu estou vindo de derrota, então preciso vencer de qualquer maneiro. Não podemos dar margem para o azar. Eu ainda preciso tomar cuidado, porque moro com meus pais e eles são do grupo risco. Minha mãe tem problema respiratório e meu pai tem 67 anos. O mais importante é a nossa saúde”, disse a lutadora, antes de confessar que acredita que o evento não vai acontecer, principalmente pelo aumento de casos do coronavírus pelo mundo.
“Muitos eventos foram cancelados e acho que esse também vai ser. Ninguém vai poder viajar. O coração quer lutar, mas a mente fica pensando se vale a pena. Acho que mais para frente vai ficar mais complicado ainda, porque o tempo vai passando e mais novos casos vão aparecendo, ainda mais em São Paulo, que vem aumentando muito o número de infectados e de fatalidades. Então acho que vão fechar os aeroportos e não sei como será para viajar. Fica complicado para a gente que é atleta ficar em casa, acabamos mais ansiosos, é difícil manter a dieta. Complicado não ter rotina”, contou.
Mesmo depois de admitir que espera que o evento seja cancelado, Vanessa afirmou que segue treinando até o Ultimate dar uma posição oficial sobre o assunto. Porém, a lutadora confessou as dificuldades que vem encontrando por todas as academias estarem fechadas na sua cidade. Apesar dos percalços nos treinos, a brasileira ainda usou de bom humor para brincar e dizer que sua filha, Aysha, tem lhe ajudado a manter o preparo físico.
“Está complicado, pois está tudo fechado e eu tenho luta dia 2 de maio. Por enquanto ainda não falaram nada (sobre cancelamento), por isso tenho que me manter pronta. Mas é muito difícil o corte de peso, os treinos, porque não dá para fazer igual. As atividades mais específicas não dá para repetir em casa. Eu só estava em casa, ficava brincando com minha filha de dois anos e seis meses e ela pulava comigo. Ela é bem levada, ela pega luvinha, fica socando certinho. Ela tem me ajudado a manter o preparo físico (risos). Desço aqui com ela, ficamos correndo. Mas meu treinador de muay thai tem uma academia e estamos treinando só eu e ele. Agora é esperar para ver o que vão decidir”, finalizou.
Após estrear no Ultimate em 2019, Vanessa Melo ainda não sentiu o sabor da vitória na organização. Em seu primeiro compromisso, substituiu também de última hora Marion Reneau e acabou derrotada por Irene Aldana, no UFC México, em setembro. Na mais recente vez que subiu ao octógono, em novembro do ano passado, a atleta assumiu a vaga de Duda ‘Cowboyzinha’ e foi superada por Tracy Cortez, em São Paulo.