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Treinador de feras do UFC relembra desafio contra boxeador arrogante na academia

Os desafios entre atletas de modalidades ou academias rivais está presente no ambiente das artes marciais há anos. Algumas das grandes equipes do MMA tiveram a sua grandeza moldada em boa parte também por essas experiências, como foi o caso da ‘Chute Boxe’, um dos principais times já formados no Brasil e celeiro de lutadores e treinadores de sucesso mundial. Membro durante anos da academia baseada em Curitiba (PR), André ‘Dida’ relembrou um desses casos, em entrevista ao vivo ao ‘Portal do Vale Tudo’, mostrando que o conceito permaneceu em sua conduta mesmo após sair da equipe.

Ao ministrar aulas de muay thai na ‘Black House’, na Califórnia (EUA), ‘Dida’ contou que foi abordado por Pedro Munhoz, peso-galo (61 kg) do UFC, com uma proposta de fazer um treino contra um boxeador profissional de outra academia. No entanto, a postura arrogante do adversário, segundo o treinador, se transformou em motivação para tratar o simples treinamento como um desafio. Após aplicar uma lição em seu rival, o curitibano ainda recebeu os agradecimentos do treinador do oponente, que admitiu ter perdido o controle sobre sua empáfia.

“Eu estava dando aula na BlackHouse, morando na Califórnia, montei um projeto na Blackhouse, comecei a dar aula e falei para o Joinha e para o Ed (Soares): ‘Chama seus atletas, vamos abrir um horário e começar a trabalhar’. (…) Eles começaram a chamar os atletas e começou a bombar, tinha uns 30, 20 atletas. E o Pedrinho Munhoz fazia boxe em uma academia, se não me engano, em algum lugar, e ele falou para mim: ‘Dida, tem um cara lá que é do seu peso’. E eu sempre treinei, até hoje eu treino com meus alunos. Enquanto eu tiver energia, eu vou cair junto, como eu aprendi com meu mestre. (…) Aí eles falaram: ‘Tem um cara que vai lutar boxe daqui a duas semanas na HBO, um cara bem famoso na Califórnia, e eu falei que você era do peso dele’. E eu falei: ‘Pode mandar vir’. Até que um dia, acabou o treino, já tinha tomado banho, estava indo embora e chegou o cara com mais cinco gorilões. Ele era meio mexicano e americano, e falou: ‘Você que é o professor? Vim fazer aí com você’. Aí eu falei: ‘Tá, mas o treino é 10 horas da manhã, não é meio-dia e meia’. Ele falou: ‘Ah, mas eu moro longe’. E eu pedi desculpas, mas disse que não ia ter como. Então, ele falou uma coisa que eu não entendi, com o treinador dele argentino, foi falar com o Pedrinho, deu uma bufada. Aí eu já larguei a mala e fiquei puto. Isso era sexta-feira, aí eu falei para o Pedrinho mandar ele voltar na segunda-feira que eu ia resolver isso com ele. (…) Saí do carro e liguei para o Mestre (Rafael Cordeiro), e falei: ‘Mestre, vai dar tumulto aqui, vou sair na mão com os caras, vem junto’. Aí o Mestre falou: ‘Fica tranquilo, vou transferir o meu treino para aí’. Daí o Mestre pegou o Babalu, o Wand, o Werdum na época e todo mundo foi para lá”, contou Dida, antes de finalizar a história.

“Eu falei: ‘Vou levar essa câmera, vou desligar esse cara e botar pra queimar ele’. (…) Ele deu o ok, passou vaselina e perguntou: ‘Com capacete ou sem?’. Eu já fui para a guerra, já tava pronto para fazer sem. Ele negou porque se abrisse um corte ele não ia lutar depois. Eu sou um cara que administro o tempo, começo forte, administro e termino forte no final. E eu fiz isso, fui jogando as bombas e ele falando que eu batia na nuca dele. Eu pensei: ‘Que filho da p***’. E ele começou a me xingar em inglês, eu peguei uma raiva dele, vontade de estragar o jogo, mas pensei: ‘Não, eu vou quebrar ele na regra’. Aí eu olhei para o relógio, já tinha ido um minuto, eu vi que estavam entrando os meus golpes. Mas em nenhum momento eu liguei o turbo. O que é ligar o turbo? É não se importar com o que venha, é um minuto de só vai, até eu não aguentar mais. Quando eu liguei o turbo, eu vi que conectou uma mão que ele sentiu, vi que ele quis se segurar, e eu saí correndo atrás dele, só mirando para arrancar a cabeça dele. Aí eu vi que ele saiu correndo para respirar, bateu na corda e voltou, aí no último soco bateu no antebraço, pegou no queixo dele, e ele caiu apagado, foi querer se agarrar nas cordas, levou as cordas e caiu no chão. Ainda levantou mal, mas o Marlon já tava tirando meu capacete, já tinha acabado, desliguei ele ali. O cara veio e me deu um beijo, (mas) saiu bravo. Aí tirei a roupa, me troquei, cheguei lá embaixo e o cara estava passando (de um lado para o outro) que nem um pitbull me olhando (feio). O Wanderlei viu que eu levantei e fui para cima do cara, falei: ‘O que foi, bicho? Te quebrei na regra’. O treinador dele chegou e o Wanderlei veio. (…) O treinador dele afastou, pediu desculpa, veio me abraçou e falou: ‘Muito obrigado por você ter feito isso, porque esse cara estava muito metido, não estava me escutando mais e ele vai lutar daqui a duas semanas. Se ele ganhar isso aqui, ele vai mudar de vida’. Então, o cara me agradeceu porque ele estava muito metido, não respeitava mais o treinador. Imagina, eu jamais iria faltar com respeito com o meu mestre, independente de qualquer coisa. Mas acabou, agora ele até me segue no Instagram, me manda mensagem”, concluiu a história Dida.

Como atleta de MMA profissional, André ‘Dida’ somou seis vitórias, quatro derrotas e um empate no cartel. Além disso, o curitibano competiu também no kickboxing.

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