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Thiago ‘Marreta’ cita Ronaldo ‘Fenômeno’ como inspiração para dar a volta por cima no UFC
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por
Carlos Antunes, no Rio de Janeiro (RJ)
Thiago ‘Marreta’ vivia seu melhor momento na carreira quando, com quatro vitórias seguidas, o brasileiro disputava o cinturão do peso-meio-pesado (93 kg) contra Jon Jones, em julho deste ano. Durante o combate, no entanto, ele lesionou gravemente seus dois joelhos, o que o impediu de lutar 100%. Mesmo assim o atleta levou o duelo até o fim, sendo superado somente na decisão dividida dos jurados. Após uma cirurgia nas regiões lesionadas, o brasileiro pensou em se aposentar do MMA, mas teve em um compatriota um exemplo para mudar de ideia e focar em dar a volta por cima.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag.Fight (veja abaixo ou clique aqui), o lutador afirmou que tem em Ronaldo ‘Fenômeno’ um espelho para voltar a lutar em grande nível no Ultimate. ‘Marreta’ relembrou o drama vivido pelo jogador após machucar seriamente o joelho, em 2001. O atacante se recuperou de uma dramática cirurgia e voltou a atuar em um nível de excelência para ser campeão da Copa do Mundo de 2002, com a seleção brasileira, além de ser eleito o melhor jogador do mundo no mesmo ano.
“Com certeza, o Ronaldo é um cara me inspira. Antes mesmo de eu ter lesão, já era fã dele. Com certeza é um caso que me inspira, porque teve uma lesão grave nos joelhos também, voltou a jogar e foi campeão (do mundo) com a seleção brasileira. Ele me inspira demais”, afirmou o meio-pesado de 35 anos.
A rotina de ‘Marreta’ não é fácil. Começa às 7h da manhã na academia TFT (Tata Fight Team), na Barra da Tijuca, localizada na zona oeste do Rio de Janeiro, com o fisioterapeuta Bernardo Moura. Logo em seguida, sem tempo de descanso, continua com seu preparador físico pessoal. Com disciplina, o brasileiro realiza os movimentos de maneira tranquila, sem questionar. Apesar do sucesso nas primeiras etapas da recuperação, a pressa não entra no vocabulário do atleta.
“O cronograma está até adiantado, sem complicação. Mas mesmo assim não tem porquê alterar e antecipar as coisas. Estou fazendo boxe, acho que daqui a três semanas vou me movimentar, fazer um sparring light, uma sombra de boxe. Chute que vai demorar mais um pouco. Mas no primeiro semestre de 2020 já vou estar lutando”, disse.
É comum no meio do esporte encontrar atletas que gostam de praticar suas modalidades, mas que se recusam a acompanhar com tanto afinco o esporte quando transmitido na TV. Nessa atual fase, ‘Marreta’ segue esse script. Porém, não por falta de interesse nas lutas do Ultimate, mas por evitar uma espécie de “tortura”.
“De vez em quando eu vejo, mas prefiro não ver (risos). Já tenho muita vontade de treinar, lutar, então bate a nostalgia. Vejo uma luta ou outra que me interessa. Mas todo um evento, não”, revelou.
Em um cenário natural, após um lutador sair derrotado de uma disputa de cinturão a tendência é que sua popularidade caia. Porém, no caso do brasileiro foi ao contrário. Apesar do revés, o atleta saiu com a visibilidade em alta, tanto no Brasil, quanto nos Estados Unidos. Este fato pareceu ter agradado Marreta, que mantém com os pés no chão quando é questionado se pode assumir um posto vago pela “velha guarda” brasileira do UFC.
“Cada um tem seu momento, sua história e ninguém vai igualar os feitos do Anderson (Silva), do Vitor (Belfort). É uma coisa muito individual. Sou muito novo, é muito cedo de falar em ser um ídolo nacional. Estou construindo a minha história, do jeito correto, como meus pais me ensinaram. De como ser um atleta, um samurai, de respeitar meus adversários. Isso é o mais importante, o meu legado. Independente de me tornar ídolo, minha família está feliz comigo, meu filho está seguindo seus passos no esporte e se tornando uma pessoal incrível”, contou o atleta tupiniquim criado na Cidade de Deus, uma comunidades do Rio de Janeiro.
Mas o assunto Jon Jones não poderia ficar muito tempo sem ser mencionado. Atualmente o campeão da categoria está sem previsão de quando vai defender seu título e não tem nenhum adversário apontado como grande favorito para enfrentá-lo. Segundo ‘Marreta’, quando puder lutar novamente, um novo encontro entre os dois é questão de tempo, mas não coloca esta revanche contra americano como uma obsessão.
“Acho que o UFC está esperando essas próximas lutas para definir seu adversário. Acho que ele faz mais uma luta e depois vai ter que me enfrentar. (…) Meu foco não é o Jon Jones, é o cinturão. Se for contra ele tem um sabor a mais, por ser um campeão invicto, que ninguém nunca venceu. Claro que quero ser o primeiro a batê-lo. Mas se não for ele, vou atrás de quem estiver com o título”, confia.
Em setembro de 2018, ‘Marreta’ deixou a categoria dos médios (84 kg) para ir para os meio-pesados. Um ano depois da decisão do atleta, muitos lutadores também estão tomando o mesmo caminho, como nos casos de Ronaldo ‘Jacaré’, Chris Weidman e Luke Rockhold. Mas o ex-paraquedista fez um alerta aos novos companheiros de divisão.
“Todo mundo está indo no meu embalo, achando que é um caminho mais fácil de se tornar campeão, porque eu consegui logo uma disputa de cinturão. Mas não subi pensando nisso, estava sofrendo para bater os 84 kg. Mas eles estão achando que é isso, mas o buraco é mais embaixo. Assim como aconteceu com o Rockhold, que achou que fosse subir e vencer todo mundo, alguns deles vão ter a mesma sensação. Mas tem que arriscar, tem que tentar. Rockhold subiu achando que a categoria era mais fácil, com adversários mais fáceis e saiu com o queixo quebrado”, completou.
Thiago ‘Marreta’ possui 21 vitórias e sete derrotas na carreira como profissional. O lutador estreou no Ultimate em agosto de 2013, ainda na categoria dos médios. Em 2018, o atleta subiu para os meio-pesados e engatou uma sequência de três vitórias por nocaute, até conquistar a chance de lutar pelo cinturão.