A derrota para Francis Ngannou, no último sábado (29), freou bruscamente os planos de Júnior ‘Cigano’ voltar a disputar o cinturão do UFC. O brasileiro foi nocauteado no primeiro round, depois de errar um ‘overhand’ e ser contra-atacado pelo oponente. Em entrevista à reportagem da Ag. Fight, o treinador de boxe do ex-campeão, Luiz Dórea, explicou que a derrota acabou sendo resultado de uma fuga da estratégia por parte do catarinense.
O técnico afirmou que o planejamento feito para o combate era baseado em “paciência” para que, ao longo do duelo, Ngannou aos poucos perdesse o ímpeto que sempre tem nos primeiros rounds. No entanto, a percepção de ‘Cigano’ de que havia uma brecha na defesa do camaronês fez com que a tática deixasse de ser seguida por um instante — o que acabou custando caro.
“Sabíamos que a guarda de Ngannou era vulnerável. Ele é um atleta que só quer golpear, mas que defende mal. Então era uma luta de paciência. O certo, taticamente, era a gente se mover para a lateral, pontuar, ir minando ele e, depois do segundo round, começar a pressionar, porque ele já estaria bem minado, iria perder a potência nos golpes”, contou o treinador.
“Só que, no meio da luta, ‘Cigano’ disse que viu a guarda muito baixa e saiu taticamente do que foi previsto e treinado. Saiu da estratégia. E jogou um overhand que não era para jogar. Só que, infelizmente, quando ele jogou o overhand, Ngannou veio com um golpe também, ele desequilibrou e acabou ficando de costas para Ngannou. Então, ele foi conectado no rosto, por trás, e não tinha como se defender. Porque ele caiu numa situação, numa posição realmente muito difícil”, acrescentou.
Ao errar o overhand, ‘Cigano’ perdeu o equilíbrio e ficou de costas para Francis, que aproveitou o vacilo e golpeou o brasileiro. O soco por trás derrubou Júnior, que ficou em quatro apoios e acabou nocauteado no ground and pound. Luiz Dórea ressaltou que o próprio lutador se arrependeu de ter fugido da estratégia prevista.
“A gente errou nesse ponto, ‘Cigano’ não manteve a tática da luta, que seria manter a distância e boxear, não ter pressa para nocautear. Ele disse que naquele momento ele viu a guarda muito baixa e pensou: ‘Vou tentar o overhand’. (…) Foi um erro que cometemos. O trabalho foi bem feito, ele está muito sentido, porque estava muito tranquilo na luta, mas esporte de contato é isso, faz parte do mundo da luta. A gente sabe que tem que treinar, existe a técnica de trabalho e a tática, e a tática tem que ser colocada em prática. Foi o que nós treinamos por três meses. A gente sabia do potencial do Ngannou no primeiro e no segundo round, só que ele cai fisicamente muito. E aconteceu esse fato aí”, lamentou.
A derrota de Júnior interrompeu uma sequência de três triunfos consecutivos, dois deles por nocaute. O triunfo de Ngannou colocou o camaronês em ótima situação para disputar o cinturão dos pesos-pesados novamente, embora o presidente do UFC, Dana White, ainda hesite em confirmar que ele será o próximo desafiante.