O ex-campeão duplo do UFC, Conor McGregor, anunciou oficialmente neste domingo (14) que não disputará mais a presidência da Irlanda, encerrando, ao menos por ora, sua curta e conturbada tentativa de ingressar na vida pública. Aos 37 anos, ele afirmou que a decisão foi tomada após “reflexão cuidadosa” e “conversas com a família”.
Apesar disso, aproveitou o anúncio para criticar duramente o sistema político irlandês, que, segundo o astro das artes marciais mistas, favorece candidatos alinhados ao conjunto de forças presentes que possuem larga influência decisória dentro de uma sociedade e dificulta o surgimento de vozes alternativas. O atleta afirmou que sua iniciativa teve como objetivo “expor as barreiras” existentes no processo eleitoral do país.
“Estamos diante de um déficit democrático que impede uma eleição verdadeiramente aberta”, declarou em uma carta aberta publicada nas redes sociais (clique aqui ou leia abaixo).
Sem apoio
Apesar da retórica nacionalista e do apelo direto aos “irlandeses esquecidos”, o lutador não conseguiu reunir o apoio necessário de parlamentares ou representantes locais para viabilizar sua candidatura. Em agosto, lançou uma petição pública na tentativa de mobilizar eleitores, mas a iniciativa teve pouco efeito prático.
A empreitada política ocorre em meio a uma série de polêmicas envolvendo o irlandês. Casos como um processo civil em que foi considerado responsável por uma agressão sexual cometida em 2018, além de outras acusações de má conduta acumuladas ao longo dos anos.
Mesmo com baixa adesão popular — apenas 7% dos irlandeses disseram que votariam nele, segundo levantamento recente — o atleta afirmou que esta não será sua última tentativa de entrar para a política. Ele também prometeu seguir utilizando sua projeção internacional para, segundo suas palavras, “defender os interesses da Irlanda” no cenário global.
Leia a publicação na íntegra:
“Povo da Irlanda, amigos gaélicos,
Recentemente, anunciei minha intenção sincera e genuína de concorrer ao cargo de Presidente da Irlanda (Uachtarán na hÉireann).
Sou um gaélico muito apaixonado e tenho grande orgulho do nosso país.
Tenho demonstrado esse espírito de luta irlandês em um palco mundial, colocando-nos com justiça entre os grandes.
Fiquei verdadeiramente honrado pelo apoio e encorajamento que recebi, fazendo campanha por toda a extensão da nossa grande ilha, encontrando e conversando com os “irlandeses esquecidos” que se sentem abandonados e ignorados pela política woke do Establishment.
Viajei para Nova York na última quarta-feira — um lar para muitos irlandeses que seguiram seus sonhos em busca da felicidade — para homenagear com justiça os trágicos ataques terroristas de 11 de setembro e discutir minhas aspirações para a Irlanda com o governo dos EUA. Continuo na América e atenderei a reuniões imprevistas iminentes que se traduzirão em empregos para os irlandeses.
A Irlanda mudou drasticamente nos últimos anos, porém está presa ao colete de força de uma Constituição ultrapassada, que é mantida seletivamente pelos principais partidos do Oireachtas (parlamento irlandês), e explorada para impedir que uma eleição presidencial verdadeiramente democrática seja disputada, sendo em vez disso manipulada para garantir que apenas candidatos aprovados pelo Establishment possam ser selecionados para a cédula eleitoral.
Esse déficit democrático contra a vontade do povo irlandês foi agora ampliado com sucesso pela minha manifestação de interesse.
Em um período muito curto, catalisei uma mobilização por mudanças positivas na Irlanda, contra uma caça às bruxas política malévola que colabora com a grande mídia e com notícias falsas superalimentadas.
Agora existe um movimento visível e vocal de patriotas irlandeses que estão retornando às nossas origens culturais e históricas, buscando manter e proteger nosso modo de vida como irlandeses — a vocês, eu saúdo.
A corrente mudou e essa maré não pode ser contida!
Após reflexão cuidadosa, e depois de consultar minha família, estou retirando minha candidatura desta eleição presidencial.
Essa não foi uma decisão fácil, mas é a decisão certa neste momento.
Embora eu não dispute esta eleição, meu compromisso com a Irlanda não termina aqui.
Continuarei servindo meu povo, usando minha plataforma internacional para promover os interesses da Irlanda no exterior, fortalecer nossas oportunidades econômicas e defender a transparência e a responsabilidade na vida pública em casa.
Esta campanha provocou uma conversa importante sobre a democracia na Irlanda — sobre quem pode se candidatar, quem pode escolher, e como podemos garantir que a presidência realmente pertença ao povo. Essa conversa não terminará com minha retirada.
A maré da mudança começou, e ela não pode ser revertida.
Este foi meu primeiro passo na política, e embora eu tenha escolhido me retirar desta vez, avanços significativos foram feitos.
Quero assegurar ao povo da Irlanda que esta não será minha última eleição. Vocês me verão fazendo campanha novamente no futuro, lutando por seus direitos e representando os melhores interesses da nossa nação.
Isto não é o fim, mas o começo da minha jornada política. Sou movido por um compromisso de melhorar vidas, defender direitos e servir o povo irlandês com dedicação e integridade.
Continuarei a servir meu povo no palco global, fazendo lobby pelos melhores interesses sociais e econômicos da Irlanda — disso não há dúvida.
Isto é uma maratona. Não um sprint!
Vamos em frente juntos!
Com o maior respeito, sempre e para sempre,
Conor McGregor.”
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