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Rafael Cordeiro lembra treinos agressivos da Chute Boxe e admite: “Não sei como será a velhice”

Rafael Cordeiro (C) treina é o treinador de Kelvin Gastelum (E) – Reprodução/InstagramC, 

Rafael Cordeiro não é apenas um dos maiores treinadores de MMA do mundo, mas também um dos veteranos de uma época marcante do vale-tudo nacional. Representante da tradicionalíssima academia Chute Boxe, do Paraná, o hoje técnico relembrou, em entrevista ao programa ‘Resenha PVT’, no YouTube, como eram os treinamentos dos atletas naquele período — que em nada se assemelhavam à preparação de hoje em dia. O mestre confessou, inclusive, que teme pela saúde dele e de muitos de seus atletas daquela fase, de tão agressivas que eram as sessões.

Pela Chute Boxe, passaram grande nomes do MMA nacional, a exemplo de Wanderlei Silva, Maurício ‘Shogun’, Anderson Silva, José ‘Pelé’ Landi-Jons, Evangelista ‘Cyborg’ e muitos outros. E Cordeiro, que chegou a fazer seis lutas de vale-tudo, também treinava forte. E era forte mesmo. As sessões de sparring da academia ficaram conhecidas pela agressividade.

“Eu apanhei muito. A gente fala assim, brincando, mas eu apanhei muito na minha jornada. Não tem como não ter apanhado. O Wanderlei já me ergueu no bate-estaca, me jogou de cabeça e me apagou… Fazendo guardinha, no vale-tudo, botou minha cara pro lado e me deu um pênalti (tiro de meta) e me desligou… E eu via isso e ‘Cara, irado… Dormi’. Dava um: ‘Que brilho é esse?'”, falou.

A experiência vivida na pele e os avanços da ciência e da medicina fizeram com que Rafael, hoje, entendesse melhor os riscos de atletas profissionais ficarem expostos a golpes traumáticos com tanta frequência. O treinador contou que, em sua academia, a premiada Kings MMA, os treinamentos são mais “inteligentes”.

“Acho que você pode fazer sparrings diferentes todos os dias. Você pode fazer sparring de boxe, de jiu-jitsu, de wrestling, com luva pequena de MMA com toque pequeno, e pode fazer um sparring forte uma vez por semana. Há
vários jeitos de fazer sparring que não precisa ser a porrada todo dia. Realmente, aquilo que a gente fazia no
passado não tem como fazer hoje. A gente fazia muuuito sparring. Foi bom? Foi bom. Mas a gente não sabe, daqui
a dez anos, como que vai ser a nossa velhice, de tanta pancada que tinha na cabeça”, reconheceu.

“Esse negócio de ficar assimilando soco para ver qual é é uma grande burrice. Você tem que treinar a sua esquiva, tem que levantar sua mão, tem que sair do soco. Não tem que deixar sua cabeça a prêmio. Tive muita dor de cabeça, eu chegava num ponto em que eu não podia ficar gritando no córner que me dava dor de cabeça. E eu não entendia o porquê. Por quê? Era soco na cabeça. O Wanderlei tem uma pancada muito forte, o Shogun, Pelé… Eu tinha 70 kg. Eles falam que eu era tão bom, mas era pra sobreviver. Era a minha vida que estava em jogo. Eles me batiam bastante. E até hoje: tenho crises de dor de cabeça que… Tá louco. O que eu falo aos meus alunos? A gente não precisa se matar todo treino. Você tem que ser inteligente. Todo mundo aqui aguenta porrada. Não é tomando porrada todo dia que você vai mostrar que você é bom. Você tem que mostrar que tem o queixo bom não tomando a pancada. Esse é o meu conselho”, explicou.

Aos 45 anos, Cordeiro comanda atletas como Fabrício Werdum, Kelvin Gastelum e Beneil Dariush. Também já passaram pela equipe outros lutadores famosos, a exemplo de Rafael dos Anjos e Pedro Munhoz. Além dos títulos de seus pupilos, Rafael também já chegou a conquistar o status de melhor treinador do mundo pelo MMA Awards, o Oscar do esporte.

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