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Presidente do Bellator planeja utilizar estúdios de TV e cinema para volta em julho

Scott Coker é o presidente do Bellator – Diego Ribas

Ao contrário do UFC, entidade rival que pretende retomar as atividades no próximo dia 9 de maio, o Bellator tem adotado uma postura mais conservadora com respeito à volta da promoção de eventos durante a pandemia do novo coronavírus. Com shows adiados até junho, Scott Coker – presidente da liga – justificou sua cautela e projetou que as competições em sua companhia voltem a ser realizadas a partir de julho, com uma novidade.

Após cancelar a edição 241 poucas horas antes do seu início, em razão da pandemia, o Bellator mexeu no cronograma da entidade mais duas vezes, adiando três shows marcados originalmente para maio e um para o início do mês de junho. Em entrevista ao site ‘MMA Junkie’, Coker demonstrou preocupação com a segurança de todos os envolvidos e pregou cautela sobre uma possível volta, mas admitiu que a entidade possui um plano em mente. De acordo com o dirigente, a liga pretende se aproveitar do fato de ser controlada pela ‘Viacom’ – conglomerado de mídia que controla diversas redes de televisão e indústria cinematográfica nos Estados Unidos – para utilizar suas instalações como sede dos eventos, que serão produzidos por alguns meses em formato direcionado para a transmissão televisiva, sem a presença de público.

“Começou com o evento do dia 13 de março sendo adiado. Nós estávamos todos em Nova York, e o vírus, naquela semana, estava começando a chegar, e Nova York era o foco para a disseminação do vírus. Então, nós decidimos cancelar porque era a decisão certa. Disse para todos irem para casa e passar um tempo com suas famílias, e que iríamos reagrupar quando a hora fosse certa. Isso é algo que eu achei que acabaria em um mês ou em algumas semanas, e nós poderíamos voltar ao trabalho. Mas essa é uma situação muito séria, e muitas pessoas morreram. Muitas pessoas não vão voltar. É de partir o coração as centenas de milhares de pessoas. Você fala sobre as pessoas infectadas e as pessoas que faleceram, é uma situação séria. Então eu disse para meus rapazes: ‘Veja, existe uma hora para lutar e promover esses eventos. Existe uma hora para estar em casa escondido com sua família e ficar seguro, porque no final do dia, eu quero que meu time esteja seguro e saudável'”, explicou Scott Coker, antes de comentar sobre os planos para o futuro da companhia.

“Nós temos um plano, e o plano realmente é voltar em algum momento em julho, em um estúdio ou no galpão da Paramount ou no da CBS, e começar a fazer lutas em um ambiente fechado, sem público, pelo menos pelos primeiros três ou quatro meses. Porque até quando eles disserem que o público pode voltar, eu acho que vai levar um tempo, porque as pessoas não vão ter confiança. Os consumidores não vão querer voltar a um evento de esportes e ficar próximas de milhares de pessoas logo no começo. Vai levar um tempo para ganhar a confiança das pessoas que esse vírus está em seu caminho de saída. Mas, nesse meio tempo, nós vamos continuar promovendo eventos ao vivo, criando conteúd, colocando essas grandes lutas, e isso vai ser em um ambiente fechado. Vai ser na Paramount, vai ser no DAZN, e as reprises vão estar no CBS Sports Network”, revelou o presidente do Bellator.

Ainda que os eventos sejam realizados em um ambiente controlado, apenas com a presença de pessoas essenciais para o funcionamento do show, Coker admite que existem muitos cuidados, em conjunto com as Comissões Atléticas, a serem tomados para evitar que alguém seja infectado e problemas maiores possam acontecer. O dirigente pregou cautela e paciência a todos e, ainda que admita a importância dos shows para seu negócio, ressaltou que não colocará a saúde e a segurança dos envolvidos em risco visando a recompensa financeira.

“Vai levar um tempo para enteder essa coisa, e quando nós entendermos, eles (Comissões Atléticas) vão nos apresentar um protocolo do que vai acontecer. Depois nós vamos voltar e perguntar sobre o que nós queremos fazer em adição a isso (com nossa equipe e produção). Mesmo em um ambiente fechado, nós provavelmente vamos ter 40 a 50 pessoas em um local ao mesmo tempo, e nós precisamos ter certeza que essas pessoas estão seguras, e nós temos sua saúde e segurança em mente primeiro. Isso não é algo que nós queremos pegar leve, e depois alguém fica doente, e alguém tem um problema, e aí todos nós temos um problema”, comentou Coker, antes de completar.

“Assim que encontrarmos (o local), negociarmos, criarmos (o evento), colocarmos a comissão a bordo, aí nós vamos a esse cenário e começar a produzir esses eventos, que serão feitos para a TV. Depois vamos monitorar isso. Vai ser por mais três meses, cinco meses, dois meses? Ninguém sabe realmente. Estou torcendo para que acabe em breve porque todos nós queremos voltar a trabalhar e ter nossos lutadores lutando, e voltar para a TV e fazer o que nós fazemos, mas, de novo, até que seja seguro e possamos ter certeza que todas as precauções estão feitas para controlar todo mundo que vai estar lá, nós vamos dar uma pausa até que nós encontremos uma solução. Se não for em julho, vai acontecer em agosto ou setembro, ou em algum ponto. Nós estamos esperançosos que em julho, nós vamos estar prontos. No fim do dia, isso é um negócio, sim. Mas nós vamos recuperar o dinheiro e aquelas lutas. Mas a saúde e segurança não é aglo que possamos recuperar se as coisas derem errado. (…) Quando for o momento certo, você vai receber a ligação e nós vamos tomar conta de você e honrar nossos contratos. Apenas seja paciente e nós vamos passar por isso juntos, e aí nós vamos ficar ocupados”, concluiu o presidente do Bellator.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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