Prática comum em toda edição não apenas do UFC, mas de qualquer evento de lutas fiscalizados pelas comissões atlética locais, a emissão da lista de suspensões médicas costuma pegar fãs desprevenidos. Afinal, por vezes lutadores visivelmente avariados recebem ganchos menores do que atletas que, a olho nu, parecem prontos para novos combates. Mas por que isso acontece?
Bom, tais listas são baseadas na primeira análise médica realizada nos atletas assim que eles deixam o octógono, e sua missão é estipular um período de segurança no qual o lutador não deve sequer treinar, quanto mais competir. Para isso, são usadas ‘margens de segurança’ em algumas lesões, prevendo que a recuperação possa ser normal e prolongada – seguindo o padrão de uma ‘pessoa normal’ e não de um atleta de alto rendimento.
Por exemplo, Amanda Nunes, ao vencer Felicia Spencer por pontos após cinco rounds de amplo domínio, recebeu 180 dias de suspensão, embora parecesse praticamente intocada ao final do duelo. Mas ao chegar na coletiva de imprensa carregada por seu treinador, a ‘Leoa’ entregou que uma lesão antiga voltava a incomodá-la.
Com um machucado na perna direita – utilizada diversas vezes para chutar a rival -, a campeã precisará ser liberada por um ortopedista após passar por um raio-x na sua tíbia e fíbula caso deseje retornar aos treinos antes do prazo estipulado.
Ao mesmo tempo, Felícia, a canadense castigada, recebeu o mesmo gancho de seis meses e só poderá diminuir o tempo em que ficará afastada caso tenha a aprovação de um especialista que analise a fratura sofrida no osso orbitals – essa brecha existe uma vez que cada atleta é diferente e seus corpos reagem de forma distintas.
Afinal, essa realidade sobre a redução dos ganchos médicos é tão comum que o brasileiro Gilbert ‘Durinho’, que venceu Tyron Woodley no final de maio, ficaria suspenso dos treinos, em tese, até o dia 21 de junho. No entanto, o atleta já tem contrato assinado para competir no 11 de julho, na estreia da ‘Ilha da Luta’, quando disputará o título dos meio-médios (77 kg).
E a julgar pela importância do duelo e do card para a organização do show, é improvável que o lutador, de fato, não esteja liberado clinicamente para competir. Seu gancho médico, assim como dos demais, é “exagerado” para que o atleta possa garantir sua segurança independentemente da realidade de tratamento ele possa encontrar.