Patrício Freire não está nada feliz com o atual momento de sua carreira. Sem competir desde março, o brasileiro segue sem saber quando irá entrar em ação novamente. Com fome de luta e disposto a provar seu valor como campeão do peso-pena (66 kg) do Bellator, ‘Pitbull’ escancarou sua insatisfação por estar longe do cage e fez um longo pronunciamento contra a PFL, que comprou a companhia em 2023.
Em sua conta oficial no ‘X’, Patrício reclamou do tempo de inatividade. Vale pontuar que o brasileiro negociava nos bastidores com o claro desejo de voltar à ação no tradicional evento de fim de ano realizado em conjunto entre Bellator e Rizin no Japão. Contudo, dessa vez, o veterano ficou fora do show, revelando que seu potencial adversário foi escalado para encarar um atleta diferente e que não foi procurado pelas empresas para receber uma nova luta.
Insatisfeito com o tratamento recebido, ‘Pitbull’ lamentou o atual cenário. De acordo com o veterano, não faz sentido que uma parcela dos profissionais que deseja competir com frequência esteja na ‘geladeira’, ou seja, com dificuldade para encontrar lutas, sendo impedida de desempenhar sua atividade. Além de Patrício, Patchy Mix e Corey Anderson, campeões do peso-galo (61 kg) e dos meio-pesados (93 kg) do Bellator respectivamente, reclamaram da falta de comunicação da alta cúpula da PFL sobre os próximos passos de suas carreiras.
“Não luto desde fevereiro. Eu queria lutar três vezes este ano, mas me disseram que eu teria que esperar até 31 de dezembro. E descobri online que meu oponente lutaria com outra pessoa. Depois, eles fizeram uma substituição, eu trouxe pessoas, gastei mais dinheiro com o camp e não houve luta. Eles disseram que as coisas não deram certo com o Japão e que não foi culpa deles. OK. Então por que você não faz o evento em outro lugar? Que tipo de companhia não pode dar aos lutadores pelo menos duas lutas por ano? Alguns nem lutaram este ano!”, escreveu o atleta.
Fusão reprovada
Inconformado com o cenário de incerteza em relação a sua carreira, Patrício elegeu um culpado. Segundo o campeão do peso-pena do Bellator, a compra da companhia pela PFL, realizada em 2023, mais prejudicou do que ajudou parte dos lutadores. Tanto que o brasileiro condenou a ‘Professional Fighters League’ por preterir seus profissionais e os do Bellator para priorizar contratações midiáticas e por um salário elevado.
Sem papas na língua, ‘Pitbull’ fez questão de lembrar que no auge do Bellator, antes da fusão entre as organizações acontecer, seu relacionamento com a liga sempre foi sólido. E o brasileiro tem propriedade para fazer tal reclamação. Além de ser campeão, o veterano é o atleta com mais lutas disputadas no Bellator, recordista de vitórias e é classificado por muitos como o maior lutador da história da empresa. Mas, mesmo sendo um profissional de extrema importância na história do Bellator, Patrício segue sem estrear na PFL
“O Bellator costumava ser grande. As coisas funcionaram e sempre tivemos respostas. Até as ligas regionais já têm datas marcadas para abril do próximo ano! Essa fusão foi um desastre para o MMA. Enquanto isso, temos que ver o alto escalão falando em oferecer dezenas de milhões de dólares para personalidades das redes sociais e lutadores semi-aposentados, enquanto corta 90% do plantel e diz aos caras que ganham 30+30 (bônus por presença na luta e vitória) que eles são muito caros”, pontuou o veterano.
Mais crítica
Atualmente, parte da comunidade do MMA classificou a PFL como a segunda maior organização do esporte, ficando abaixo apenas do UFC. Já Donn Davis, fundador da organização, afirma que ela é tão poderosa e valiosa, que é apenas uma questão de tempo para superar o Ultimate.
No entanto, ‘Pitbull’ discorda de tal posicionamento. Chateado com o descaso do Bellator e da PFL em relação a sua carreira, o veterano ressaltou não ter como a fusão das empresas incomodar a liga presidida por Dana White se deixou a desejar com o básico. De acordo com o brasileiro, o foco da organização deveria ser oferecer aos seus atletas um calendário regular de lutas e valorizá-los
“Como você pode se tornar a empresa número um do mundo se não organiza eventos e não quer pagar os lutadores? Estou muito preocupado com o futuro do Bellator e do MMA em geral. Sinto muito por todos os lutadores que nem conseguiram lutar este ano ou foram cortados porque a empresa não faz eventos ou acham que eles são caros. Isso está errado. Precisamos de respostas, que os lutadores e os fãs sejam respeitados. Isto não é um jogo ou apenas um negócio, é da vida das pessoas que estamos falando. Uma organização séria daria aos lutadores a chance de lutar pelo menos três vezes por ano se estivessem saudáveis”, concluiu Patrício.
Registro de ‘Pitbull’ no MMA
Patrício Freire, de 37 anos, é um veterano do MMA e um dos melhores lutadores brasileiros do esporte. ‘Pitbull’ iniciou sua jornada na modalidade em 2004, se destacou no Bellator e alcançou o status de principal atleta da história da organização. O campeão dos penas da companhia está em seu terceiro reinado no peso e possui um cartel composto por 36 vitórias e sete derrotas. Seus triunfos mais expressivos foram sobre Adam Borics, AJ McKee, Daniel Straus (três vezes), Juan Archuleta, Kleber Koike, Michael Chandler e Pat Curran.