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Para ‘sentir na pele’, apresentador de TV estreia no MMA no Nação Cyborg

Rodrigo Silva fez um treino aberto antes de sua luta no Nação Cyborg – Jason Silva/PXImages

Neste sábado (9), o ‘Nação Cyborg’ – evento promovido pela lenda do MMA feminino Cris ‘Cyborg’ – realizará sua sexta edição, em Curitiba (PR). E, apesar de contar com uma disputa de cinturão, um combate, em especial, chama a atenção. Rodrigo Silva – apresentador do programa ‘Top Fighters’, transmitido pela ‘TV Band’ no Paraná – aceitou o desafio de se preparar para uma luta e fará sua estreia no esporte contra Maicon ‘Panterinha’, da equipe ‘Chute Boxe’.

Apaixonado por MMA desde criança, Rodrigo, de 33 anos, cresceu idolatrando Wanderlei Silva, José ‘Pelé’ Landi, Murilo ‘Ninja’ e Maurício ‘Shogun’. O amor pelas artes marciais o levou a praticar muay thai na adolescência de forma recreativa, sem muito compromisso ou dedicação. Entre períodos inconstantes de treinos, ele ainda sentia a necessidade de se aproximar de verdade do mundo da luta. E, através de seu programa – dedicado aos esportes de combate –, o apresentador conseguiu realizar o sonho de se manter em contato com sua paixão.

Então, por que um apresentador de televisão aceitaria fazer uma luta de MMA amador, mesmo sem experiência e treinamento adequado durante boa parte da vida? De acordo com Rodrigo, em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, tudo começou com um comentário duro de sua parte durante um evento em Santa Catarina. Após ser confrontado, pacificamente, pelo lutador a quem havia criticado e ouvir o seu lado, o comunicador refletiu sobre o assunto e decidiu que precisaria ‘sentir na pele’ todas as adversidades pelas quais os atletas passam para, então, ser capaz de realizar sua profissão de forma mais embasada.

“A ideia surgiu porque eu estava comentando um evento em Santa Catarina, e em uma das lutas um atleta levou um direto e caiu, e não conseguiu levantar. O narrador me perguntou o que eu tinha achado, e eu fui infeliz no meu comentário porque eu falei que o lutador não levantou por ter ficado com medo depois de sentir a mão do adversário. Quando acabou a luta, este atleta veio até mim, tranquilo, e perguntou se algum dia eu já tinha lutado na minha vida. Eu falei que não, que já tinha treinado, mas nunca tinha lutado. E ele perguntou se algum dia eu fiz dieta, se algum dia eu passei fome, se algum dia eu deixei de comprar presente para a minha filha para comprar material, luva, para investir em treino. Perguntou se eu sabia o que era deixar a família de lado, para treinar e se dedicar para poder dar uma qualidade de vida melhor para a família. Eu falei que não e ele virou as costas e foi embora”, contou Rodrigo, antes de completar.

“Então, eu voltei para o hotel e fiquei refletindo sobre aquilo durante todo o final de semana. Voltei para casa, conversei com a minha esposa e senti que não podia ter deixado ele sem resposta. Na segunda-feira, a gente conversou pelo Facebook e ele me falou que esse era um dos principais problemas dos comunicadores: falar sem o conhecimento de causa, sem ter vivido aquilo. Achar que conhece (o esporte) é uma coisa, sentir na pele é completamente diferente. E eu falei para ele o seguinte: ‘Tá aí, eu vou me preparar em dois meses e vou fazer uma luta de MMA. Quero sentir o que você sentiu, quero sentir na pele tudo isso que você passou com corte de peso, abrir mão da família para ir treinar’. Então esse foi o principal motivo para aceitar esse desafio. Essa vontade de sentir na pele o que essa galera sente para poder falar com conhecimento de causa, com precisão. Precisava lidar com tudo isso para poder desempenhar melhor o meu trabalho”, explicou.

Para conseguir competir de forma adequada em sua estreia e imergir por completo no mundo dos lutadores, Rodrigo tem feito de dois a três treinos por dia, aprimorado a parte física, além de receber acompanhamento médico para o corte de peso. Este, seu principal inimigo, segundo o mesmo confidenciou à Ag. Fight. Há dois meses, quando aceitou o desafio, o comunicador pesava 97,8 kg. Nesta sexta-feira (8), na pesagem oficial do Nação Cyborg, ele precisará subir na balança com 80 kg, limite estabelecido para seu combate deste sábado, contra Maicon ‘Panterinha’, que também fará seu debute no MMA.

“A maior dificuldade é a perda de peso, a desidratação. Esses últimos três dias têm sido muito complicados. Pela (falta) de água, aí te dá dor de cabeça, a falta de carboidratos, seu humor fica péssimo. As dores vão aparecendo, mas vamos em frente. É o emocional, é você se privar de comer as coisas que você está acostumado a comer, de fazer as coisas que você está acostumado a fazer. Abrir mão de tudo isso e se dedicar com o objetivo de bater o peso. Está dentro do esperado, mas é difícil. A gente está no processo de desidratação agora, estou com a boca seca, com muita sede, mas com força de vontade e fé, vai dar tudo certo”, comentou.

Rodrigo Silva ativo nos treinos visando sua estreia no MMA – Jason Silva/PXImages

Casado com Thais, com duas filhas – Amanda e Isabele – e à espera de Arthur, que nascerá em janeiro do ano que vem, Rodrigo Silva tem percebido a dificuldade que um lutador enfrenta para conciliar os treinos com a vida pessoal. No momento, o comunicador se divide entre o trabalho na televisão, as aulas na faculdade de jornalismo, os treinos e a dedicação à família. No entanto, o apresentador afirmou que todos compreenderam sua decisão e o apoiaram. Apoio este, considerado pelo próprio, como de fundamental importância durante sua preparação.

“Minha família aceitou bem a ideia. Minha mãe ficou um pouco preocupada porque é tudo novidade para ela também, mas ela entendeu os motivos. E acho que junto do desafio, eu vou realizar um grande sonho. Durante muito tempo da minha vida, quando eu era mais novo, eu quis me colocar à prova, mas por alguns motivos pessoais acabei me afastando do esporte. Então, ela sabe o quanto isso é importante para mim, minha família está do meu lado. Minha esposa, minhas filhas, meus irmãos. Está todo mundo me dando força e eu acho que esse é o diferencial. Se o atleta tem a família do lado, com certeza ele está um passo a frente de qualquer adversário”, decretou.

Questionado sobre o contato que teve com Cris Cyborg – responsável pelo evento –, o comunicador foi só elogios. De acordo com ele, a ex-campeã peso-pena (66 kg) do UFC não só deu o aval para a realização de sua luta no show, como sugeriu que mais membros da imprensa deveriam passar pela mesma experiência pela qual Rodrigo está passando. Além disso, a lutadora deu dicas valiosas para o iniciante sobre como se portar durante o combate.

“A Cris Cyborg adorou a ideia e falou que todo mundo do meio de comunicação deveria fazer isso, passar por isso, para poder falar com conhecimento de causa. E ela foi fazer uma avaliação no meu primeiro dia de treino, foi o primeiro episódio do reality show (Sem Limites), inclusive. Eu estava muito nervoso, a Cris Cyborg ali me avaliando e vendo se realmente eu poderia fazer essa luta e me colocar no card do evento dela. E foi positivo, ela me ensinou algumas técnicas que eu vou colocar em prática na luta, ensinou a me acalmar, a manter a distância, saber a hora certa de partir para cima, de levar para o chão. A dica mais valiosa que ela me deu foi para manter a calma e a tranquilidade e tentar colocar em prática tudo que eu venho treinando nesses últimos dois meses”, finalizou o apresentador, que tem registrado detalhes de sua trajetória nesta preparação em um reality show chamado ‘Sem Limites’, da Band.

E engana-se quem pensa que esta será a primeira e última luta de Rodrigo Silva no MMA. O apresentador – que afirmou que planeja continuar treinando mesmo após seu combate – deixou em aberto a possibilidade de seguir competindo e, até mesmo, realizar um confronto profissional algum dia.

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