Em abril desta temporada, Francis Ngannou sofreu um dos grandes baques de sua vida, com a morte de seu filho de apenas um ano e três meses. Três meses após o trágico incidente, o ex-campeão peso-pesado do UFC parece ter reunido a força necessária para quebrar o silêncio sobre o delicado tema. Com um relato forte, o gigante camaronês relembrou os detalhes que levaram ao óbito do pequeno Kobe.
Durante recente participação no podcast de Joe Rogan, Ngannou falou abertamente pela primeira vez sobre o caso. De acordo com o lutador, seu filho tinha uma má formação no cérebro que acabou desencadeando outros problemas de saúde. Entretanto, com todo o auxílio médico possível, o peso-pesado admitiu que, por conta do ‘feedback’ dos médicos, achava que a situação estava sob controle.
“Ele tem uma má formação no cérebro, o que é algo que não sabíamos. Ele desmaiou duas vezes. A primeira foi em Camarões, o levamos ao hospital. Eles não acharam nada. A segunda vez foi na Arábia Saudita, o levamos ao hospital. Fizeram muitos exames, não fizeram tomografia nem ressonância magnética, porque de acordo com eles, a conclusão foi que ele tinha um pulmão inchado. Era isso que estava pressionando seu peito e impedindo ele de respirar, criando essa coisa. No começo, até pensaram em asma. Mas depois de todos os exames, deram um remédio para ele falando que ficaria bem. Nada com o que se preocupar”, relembrou Francis.
Como a notícia chegou?
Aliviado, Ngannou retornou para Dubai – sede em que estava mandando seus treinos na época. Mas o que era para ser um período de foco em sua evolução como atleta profissional, acabou se tornando um verdadeiro pesadelo através de uma simples ligação. Preocupado com a condição de Kobe, o irmão de Francis o contatou, já com seu filho internado no hospital. Minutos depois da chamada, o ex-campeão do UFC receberia a notícia que tanto temia.
“Lembro de ir para Dubai bem mentalmente. A vida é boa. Estava na academia e tentei ligar para ele, mas não atendiam. Trinta minutos depois, meu telefone tocou, era meu irmão. Ele disse: ‘Irmão, as coisas não estão boas por aqui’. Respondi: ‘Como assim?’. Ele falou: ‘Kobe desmaiou e não está respirando, estamos no hospital, eles me expulsaram do quarto’. Enquanto estávamos conversando, ele também tentava algum tipo de informação por lá, então eu o perdi na linha por alguns minutos. Ela (enfermeira) disse: ‘Bem, ele se foi’. Exatamente assim. Como assim ele se foi? Como? Ele tinha 15 meses, era maior que as crianças dessa faixa etária, estava crescendo. Era a criança mais alegre que existia. O que você quer dizer com ele se foi? Foi para onde? Foi assim”, narrou o camaronês.
Ferida aberta para sempre
Sem competir profissionalmente desde então, Ngannou projetou seu retorno ao cage para outubro deste ano, em luta sob a chancela da PFL. Apesar de, aos poucos, retomar as rédeas de sua carreira, o gigante admite que a ausência do filho é uma ferida que nunca irá se curar. Por vezes, ainda sem acreditar no que aconteceu, o lutador projeta um reencontro espiritual com o pequeno Kobe no futuro.
“Pensei que estivesse sonhando, que eles diriam em algum momento que não era verdade. Segui ligando e todos confirmaram. Liguei para minha mãe, que estava em prantos. Que m*** acabou de acontecer? Foi assim. Isso doeu, doeu muito. Pelo menos quando eu morrer, eu vou ver meu filho. Verei ele. Não tenho medo disso (morte). Ainda quero viver, mas você chega a esse ponto de pensar assim. Então, de alguma forma, você fica ansioso para quando isso acontecer”, desabafou o lutador.