Faltam poucos dias para Neiman Gracie tentar fazer história e recolocar o nome de sua família no topo das artes marciais mistas. No próximo dia 14, o brasileiro encara o atual campeão meio-médio (77 kg) do Bellator nas semifinais do ‘Grand Prix’ da categoria. O duelo contra o rival canadense se torna ainda mais interessante devido à uma possível desmotivação do detentor do cinturão em dar prosseguimento à carreira, rumor prontamente minimizado pelo especialista em jiu-jitsu, em entrevista à Ag Fight.
Os rumores de um possível fim de carreira de Rory MacDonald surgiram com as declarações do atleta logo após seu confronto contra Jon Fitch. Na ocasião, o meio-médio revelou que não se via mais tão entusiasmado em machucar outra pessoa dentro do cage. Apesar da postura de seu rival, o brasileiro que hoje vive em Nova York (EUA) espera exatamente o contrário. Na visão do membro da família Gracie, o fato do canadense passar por um momento turbulento vai fazer com que o campeão queira dar a volta por cima e se provar mais uma vez como um atleta de elite da organização.
“O que eu botei na minha cabeça foi isso, nada vai mudar lá dentro. Pode até piorar na real. Ele pode vir querendo provar para todo mundo que ele ainda está aqui firme e dar tudo de si ali dentro. Então estou esperando o melhor Rory MacDonald de todos os tempos. Treinei para lutar com a melhor versão dele”, garantiu Neiman.
Caso supere Rory no card de número 222 do Bellator, o brasileiro se tornará o novo campeão da divisão até 77 kg da liga. No entanto, para manter seu posto, Neiman terá de enfrentar um compatriota na final do ‘GP’ – Douglas Lima, que recentemente nocauteou Michael Page de forma impressionante. Além do título, o Gracie pode embolsar a ‘bolada’ de um milhão de dólares (cerca de R$ 3,8 milhões), caso vença o torneio. Mas esse está longe de ser o foco do atleta da ‘Renzo Gracie Jiu-Jitsu’ no momento.
“Para te falar a verdade, um milhão de dólares, ainda mais aqui onde eu moro, não é tanto dinheiro assim. Um apartamento aqui em Nova York está custando uns três milhões, por aí. Então acho que esse dinheiro não iria mudar tanto a minha vida. Levaria a minha vida da mesma maneira que levo agora. A única diferença é que eu teria um milhão ali na conta para usar no dia que eu precisar. Então esse um milhão não ia mudar tanto a minha vida não”, admitiu o meio-médio, em conversa com a Ag Fight.
Como um bom Gracie, Neiman não faz mistério para ninguém que seu carro-chefe é o jiu-jitsu. E, apesar de praticar artes marciais mistas em um contexto bem diferente dos membros mais antigos de sua família, o meio-médio cita atletas como Demian Maia para corroborar seu ponto de que é possível, sim, sobressair no MMA moderno com o domínio ou afinidade maior com apenas um estilo de luta – que no seu caso é a arte suave.
“Vou ter a chance de provar isso dia 14 de junho. Vou provar para todo mundo que – não luto só jiu-jitsu, claro que treino outras coisas –, com o jiu-jitsu como carro chefe, uma arte marcial pode te fazer campeão. Acho que é possível sim, olha o Khabib aí mostrando para todo mundo que ele é muito bom no wrestling. Todo mundo sabe o que ele vai fazer, e mesmo assim ele vai lá e faz. Então ainda dá, sim, (para chegar ao título com apenas um estilo). Hoje o esporte mudou muito, mas ainda acho que você sendo muito bom em uma coisa, isso ainda pode te levar até o topo, com certeza”, opinou o membro da família mais condecorada no mundo das lutas mundialmente.
O confronto entre Neiman e Rory servirá como a atração principal do show com sede em Nova York. No ‘co-main event’, dois veteranos se encaram de olho em uma chance pelo cinturão dos meio-pesados (93 kg): Lyoto Machida e Chael Sonnen.