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‘Marreta’ revela interesse em superluta com Adesanya e critica lutadores que subiram de divisão

Último desafiante ao cinturão meio-pesado (93 kg) do UFC, Thiago ‘Marreta’ ainda se recupera após passar por cirurgias nos dois joelhos. Porém, o lutador brasileiro segue atento às movimentações dentro da organização, especialmente nas categorias em que já competiu. Em tratamento no UFC Performance Institute (UFC PI), em Las Vegas (EUA), o carioca comentou sobre o seu futuro, em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, e deixou em aberto a possibilidade de descer novamente para o peso-médio (84 kg), desde que seja para participar de uma superluta. Além disso, o atleta fez duras críticas aos colegas que recentemente decidiram migrar da divisão até 84 kg para a de cima, até 93 kg.

Há pouco mais de um ano, ‘Marreta’ estreou entre os meio-pesados e precisou de três vitórias por nocaute para provar que merecia uma chance pelo cinturão da divisão contra Jon Jones. E mesmo após ser derrotado por pontos pelo campeão, em julho deste ano, o brasileiro – adaptado à competição até 93 kg – não cogita descer para o peso-médio novamente de forma permanente. Apesar disso, o carioca revelou à Ag. Fight que abriria uma exceção caso lhe fosse oferecida uma superluta, especialmente contra Israel Adesanya, atual detentor do título até 84 kg.

O campeão peso-médio do UFC inclusive já demonstrou interesse em subir para os meio-pesados no futuro, cogitando até mesmo um combate contra Jon Jones. Com essa possibilidade em aberto, um confronto entre ‘Marreta’ e Adesanya estaria ainda mais próximo de ganhar vida, já que o brasileiro não precisaria passar pelo sacrifício de cortar peso até os 84 kg exigidos para lutar na categoria onde o nigeriano reina.

“Acho que sim (desceria novamente para o peso-médio), quem sabe. Para fazer uma superluta, ou algo desse tipo, contra um adversário bem ranqueado, mas não para ficar (na divisão). No momento eu estou muito bem na categoria de 93 (kg), ganhei mais massa muscular, estou mais pesado. Seria um sacrifício para eu bater 84 (kg) novamente, então tem que haver uma boa razão para eu descer”, explicou o carioca, antes de comentar sobre um possível duelo contra Israel Adesanya.

“Gostaria (de lutar com Adesanya). Gosto de enfrentar os tops e ele é um deles. Já estive (próximo) para lutar com ele, fiquei de reserva na luta dele contra o Brad Tavares. Acabou não acontecendo. Hoje em dia estou na categoria de cima e ele na de baixo, mas eu adoraria enfrentá-lo, seja no 93 (kg) ou no 84 (kg). Como eu falei, eu desceria por alguma boa razão, algum bom motivo, e enfrentar caras tops como ele seria algo que me traria ânimo para fazer o sacrifício de cortar peso. Eu toparia, acho que seria uma grande luta e quem sabe no futuro a gente não se encontre”, projetou o lutador.

Ainda que não demonstre confiança no sucesso do nigeriano na categoria até 93 kg, ‘Marreta’ se mostrou animado com a possibilidade de enfrentar o campeão, que inclusive já nutre uma rivalidade com Jon Jones através de provocações via redes sociais e imprensa. Porém, para ele, Adesanya teria mais facilidade em um combate nos meio-médios (77 kg) do que entre os meio-pesados.

“Acho que não (se daria bem nos meio-pesados). Inclusive, ele é um cara, não de altura, mas de massa muscular pequeno para o 84 (kg). Ele tem uma envergadura muito boa, altura boa, mas não tem massa muscular boa para o 84 (kg). Eu acho que ele bateria até 77 quilos. Acho que no 93 (kg), se ele subisse, ele acusaria os golpes de um meio-pesado. Acredito que seria mais fácil ele baixar para 77 (kg) do que subir para 93 (kg)”, afirmou Thiago.

O aparente desejo de Adesanya em subir de categoria no futuro não é uma estratégia nova. Talvez inspirados no próprio Thiago ‘Marreta’ e em Anthony Smith – que migraram para os meio-pesados oriundos dos médios e, relativamente, de forma rápida conseguiram uma disputa pelo cinturão –, os ex-campeões até 84 kg Luke Rockhold e Chris Weidman, além de Ronaldo ‘Jacaré’, também decidiram, recentemente, mudar para a divisão dominada por Jon Jones.

A escolha dos veteranos, expoentes do peso-médio durante anos, incomodou ‘Marreta’ – com exceção do compatriota, o brasileiro criticou o modo como os colegas subiram para o meio-pesado. De acordo com o úílo de Tatá Duarte, os dois ex-campeões – que foram nocauteados em suas estreias na categoria até 93 kg – migraram de divisão pelos motivos errados, além de, segundo ele, terem demonstrado arrogância nas declarações depreciativas com os atletas da classe de peso.

“Esses caras de 84 kg que subiram (Weidman e Rockhold), tirando o ‘Jacaré’, subiram falando um monte de besteira, dizendo que era uma categoria rasa, que chegariam com tudo, que não tinham adversários à altura. E pagaram com a língua, viram que não é bem assim. Você não tem o corte drástico de peso, para nós que somos atletas menores e que viemos da categoria de baixo, mas em contrapartida você vai lutar com um cara que bate mais pesado. Então, você não pode subestimar ninguém. Não tenho a mínima vontade de lutar com esses caras. Acho que na minha volta eu tenho que pegar um top 5 do 93 kg. Vou estar com bastante fome de lutar e o primeiro adversário que me enfrentar vai pagar por isso”, declarou ‘Marreta’, antes de comentar sobre as motivações que levam os lutadores a trocar de categoria e aconselhar os próximos atletas que decidirem pela subida de divisão.

“Primeiro tem que saber o porquê você quer subir para 93 kg. Você quer subir só porque acha que vai chegar mais perto do cinturão? Se você acha que (no meio-pesado) tem adversários fáceis, eu acho que não é por aí, você vai se dar mal. Tem que subir por alguma razão, como eu subi, como o (Anthony) Smith subiu. A gente já tem uma certa idade, já estava com dificuldade de bater os 84 quilos, então eu fiz um teste. Não subi achando que seria um caminho mais curto para o cinturão ou que os adversários seriam mais fáceis. Subi porque eu queria me testar na categoria de cima, sem o corte drástico de peso, e lutando com caras mais fortes, usando a minha agilidade. E foi o que eu fiz. Se você quer subir, tem que colocar na balança os prós e os contras, não só (subir) por achar que é uma categoria fácil, que vai disputar o cinturão. E se subir, pega um adversário um pouco abaixo, não sobe com tanta ganância, senão vai bater no muro, igual esses caras aí que tentaram subir e acabaram pagando o preço”, aconselhou o meio-pesado brasileiro.

Ainda em estágio de recuperação após passar por cirurgia nos dois joelhos, Thiago ‘Marreta’ ainda não tem previsão oficial de seu retorno aos octógonos e, consequentemente, de possível adversário para sua próxima luta. Aos 35 anos, o brasileiro acumula 21 triunfos e sete reveses em seu cartel como lutador de MMA profissional. Já Israel Adesanya – que conquistou o cinturão peso-médio em outubro deste ano, ao nocautear Robert Whittaker – ainda aguarda pela definição de seu oponente na primeira defesa de título. O nigeriano está invicto em sua carreira após 18 combates.

Acompanhe a conversa completa com Thiago ‘Marreta’ a seguir (ou clique aqui):

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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