Rory MacDonald causou surpresa no mundo do MMA ao, depois do empate contra Jon Fitch pelas quartas de final do GP dos meio-médios (77 kg) do Bellator, falar que não sente mais a vontade de “machucar” alguém dentro do cage. Na ocasião, o canadense concedeu entrevista a John McCarthy, comentarista da organização, e parecia realmente sem vontade de continuar nas artes marciais mistas. Na última terça-feira (30), porém, ele ponderou algumas de suas declarações e confirmou presença na semifinal do mata-mata contra Neiman Gracie.
‘The Red King’ reiterou que a luta contra Fitch não lhe trouxe nenhuma satisfação — não pelo resultado, um empate, mas pela ausência de prazer em estar ali. Rory comparou a sensação de estar no cage com a de comparecer por obrigação a um emprego. Sem entrar em detalhes, ele relacionou a pouca motivação com o MMA a um processo de conversão religiosa.
“Quero tirar um momento para agradecer a todos que tiveram a chance de ver minha luta no último fim de semana e compartilhar o cândido momento que eu tive no cage do Bellator com John McCarthy. Senti uma dificuldade interna durante a luta que eu nunca havia passado antes. Sempre aproveitei meu tempo no cage expressando ao máximo minhas técnicas contra outro lutador de alto nível, mas desta vez eu não estava aproveitando. Parecia mais um trabalho do que a satisfação que eu estava acostumado a sentir ao ser dominante e aplicar o que eu pratiquei para vencer alguém”, escreveu, em nota enviada à imprensa, antes de fazer um relato pessoal sobre a importância da religião em sua vida.
“Mesmo em meus momentos dominantes, eu me senti como se estivesse cumprindo uma tarefa. E este sentimento me deixou um pouco confuso, porque é novo. Eu costumava lutar com a raiva que tinha dentro de mim pela raiva que passei no passado. Para ser honesto, acho que isso vem da minha mudança de coração, uma vez que estou vivendo uma nova vida como cristão. O Senhor me deu paz e liberdade da dor que assombrou meu coração desde a minha infância”, acrescentou.
MacDonald afirmou, entretanto, que pretende usar o espaço e a visibilidade dados pela carreira no MMA para fazer um testemunho religioso e mostrar que é possível praticar o cristianismo e ser lutador. De acordo com o canadense, não há contradição nas duas atividades.
“Eu ainda tenho e sempre vou ter uma paixão pelas artes marciais e não acredito, como cristão, que é errado para mim competir em um esporte profissional que é violento. Na verdade, estou feliz de testemunhar sobre ser cristão nesta plataforma que me foi dada. Para ser claro, não estou me aposentando da carreira no MMA. Sempre fui verdadeiro e honesto no esporte e falo de coração”, esclareceu, antes de garantir presença no confronto contra Neiman – que já havia duvidado da possível aposentadoria de Rory.
“Para a minha carreira neste momento, vou seguir no campeonato e competir ousadamente contra Neiman Gracie em Nova York, no Madison Square Garden, em 14 de junho. Obrigado pelo seu apoio e por todas as mensagens gentis que recebi depois desse momento sentimental que tive, em público, depois de 14 anos neste esporte”, encerrou o comunicado.
Com a confirmação da luta entre MacDonald e Gracie, o Bellator 222 assegura um card principal de respeito. Além do duelo que valerá o título dos meio-médios, o evento terá a disputa do cinturão dos galos (61 kg) do Bellator, entre Darrion Caldwell e Kyoji Horiguchi, e o confronto entre Chael Sonnen e Lyoto Machida pelo peso meio-pesado (93 kg) no combate principal.