Em maio de 2018, Claudio ‘Hannibal’ conquistou sua 12ª vitória consecutiva – a terceira no UFC. Entretanto, o momento que parecia favorável reservava surpresas nada agradáveis para o atleta. Após o combate contra Nordine Taleb, o brasileiro sentiu um incômodo na região lombar, e as dores automaticamente abriram uma ferida que ainda não havia cicatrizado no atleta: o histórico de inúmeras lesões na carreira.
Quatro anos antes deste duelo, o meio-médio (77 kg) passava pelo período mais complicado de sua carreira, com contusões que o afastaram dos octógonos desde então. Portanto, sentir dores logo em sua ‘reestreia’ no esporte fez com que Hannibal temesse pelo pior. Durante entrevista exclusiva à equipe de reportagem da Ag Fight, o brasileiro narrou o medo de passar novamente pelos percalços que pareciam não o abandonar.
“Na verdade, eu senti a lombar. Não conseguia dobrar meu joelho, nem me curvar, não me mexia direito. Foram semanas de dor, com certeza fiquei morrendo de medo (de ficar muito tempo afastado de novo), mas graças a Deus não foi nada grave. Infelizmente, hoje em dia, não tem uma tecnologia no mundo da luta de prever lesão, quem dera se tivesse. Ainda mais em um esporte de alto impacto. Mas hoje eu costumo ouvir mais o meu corpo, não tem mais aquele negócio de ter que provar alguma coisa, procuro treinar mais inteligente. Espero que isso prolongue minha carreira. Escutando o corpo, a gente pode evitar várias lesões”, declarou o atleta.
Mas, apesar do medo e da incerteza, o incômodo da região lombar não se concretizou em nada grave – ao menos, em nada que Claudio já não tivesse enfrentado. A superação das lesões no pé que o afastaram do MMA durante 2014 e 2018 foram os maiores obstáculos que o brasileiro teve que superar. Hannibal, que compete entre os meio-médios, chegou a pesar mais de 100 kg e ter indícios de depressão durante o processo de recuperação.
“Na época, eu ia lutar no Canadá e acabei quebrando o metatarso do pé, e depois voltei aos treinos e quebrei o outro pé. Em 2015 quebrei os dois pés, e isso me prejudicou muito. Porque quando você quebra o pé você não consegue fazer nada, porque nosso peso todo fica no pé. Então eu ganhei muito peso, fiquei bem triste, com um pouco de depressão assim. (….) Fomos para o médico e lá constatou que eu não tinha ligamento, tinha vários fragmentos de ossos no pé, então não foi só uma cirurgia, foram quatro. (…) Em 2017, rompi o tendão do meu bíceps, fui para o médico e ele disse: ‘Tem que fazer cirurgia’. E eu disse: ‘Ninguém vai me abrir mais, não vou fazer cirurgia’. E então o médico disse: ‘Você só luta em 2018 então, ou nem vai voltar a lutar mais’. Mas não quis fazer, procurei outros tipos de tratamento aqui em Londres. Faço ‘Tui Ná’, uma terapia chinesa, e foi graças a essa terapia que voltei a lutar”, relembrou Hannibal, antes de revelar como superou as lesões.
“Nunca pensei em parar (de lutar), fiquei muito triste. Cheguei a pesar 110 kg. Foi um período muito duro, vindo de duas vitórias no UFC e do nada você se vê numa situação dessa. Eu senti que eu estava preso, banido do esporte, tive que ter muita força mental. Sempre ouvia as pessoas falando: ‘Não luta mais, para com isso’. Ouvi médico falando que eu nunca mais poderia voltar a lutar, mas mantive minha cabeça muito forte. E hoje estou aí”, completou, durante conversa com a Ag Fight.
Atualmente, a cautela maior durante os camps de treinamento aliada às terapias para tratamento de dores fizeram com que Hannibal se recuperasse 100% das lesões. Às vésperas de realizar sua quarta luta pelo Ultimate contra Danny Roberts no UFC Londres deste sábado (16), o brasileiro já projeta se tornar o novo rei dentre os meio-médios da liga.
“Meu maior objetivo é ser campeão do UFC em dois anos. É minha grande meta, é para isso que eu acordo e treino todo dia. Não quero chegar para ser só mais um. Faço isso todo dia, treino, me foco, e procuro sempre melhorar a cada dia. É isso que eu quero e espero, em dois anos ser o campeão da categoria. Mas para isso tenho que trabalhar duro, ter foco, disciplina e humildade. Melhorar não só como lutador, mas como pessoa dentro e fora dos octógonos e tatames”, finalizou o lutador mato-grossense.
Além de Claudio, Priscila ‘Pedrita’ também entra em ação no card de Londres para representar as cores do Brasil. A luta principal da noite será protagonizada pelo atleta da casa Darren Till, que mede forças contra Jorge Masvidal em busca de uma vaga no topo da divisão dos meio-médios.