Jéssica Andrade disputa o cinturão do UFC no próximo dia 11 de maio – Diego Ribas
Jessica ‘Bate-Estaca’ já deu provas suficientes de que é uma lutadora acima da média tanto dentro como fora do octógono. A brasileira, natural da pequena cidade de Umuarama, constantemente relembra o passado sofrido e as dificuldades encontradas para adentrar no mundo do MMA, mas se engana quem pensa que a falta de apoio tenha criado mágoas na peso-palha (52 kg) do UFC. Tanto que, atualmente, a atleta investe seu próprio dinheiro para que alguns jovens não tenham que passar pelos mesmos obstáculos que ela.
O projeto, que começou como uma semente quando o mestre ‘Paraná’ cruzou o caminho de Jessica, já rende belos frutos. Atualmente, Jéssica é a aluna mais famosa do líder da equipe ‘PRVT’ e é quem ajuda jovens que, como ela, passam por dificuldades financeiras. Através de uma parceria com sua esposa, Bate-Estaca revelou, durante entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, que patrocina, com moradia e auxílio alimentar, dois adolescentes que sonham em seguir carreira no MMA.
“Quando eu comecei lá em Umuarama, eu não tinha apoio de nada. Nessa época eu não conhecia o mestre Paraná e ninguém me ajudava. Batia na porta das empresas, ninguém queria ajudar, nem com uma cesta básica nem nada. Era muito difícil. Aí quando eu conheci o mestre Paraná, que ele me trouxe para o Rio de Janeiro…. Tudo que eu precisava… Cheguei com muita vergonha, eu não pedia as coisas para ele. Então teve algumas vezes que eu passei necessidade, mas quando eu aprendi que eu não precisava passar por aquilo, que era só eu pedir que ele ia me ajudar, as coisas começaram a melhorar”, relembrou Jessica, antes de falar sobre sua ajuda a jovens que sonham com o MMA.
“Foi dali que eu aprendi a ser do jeito que eu sou hoje, de ajudar as pessoas, dar para os outros o que eu não tive. Então muitas vezes eu vou no mercado – o mestre nem sabe – faço umas compras, levo uma cesta básica para alguém. As meninas eu já ajudei muito. Mas mesmo assim, quando elas chegam e dizem: ‘Jessica, lá em casa está assim e assado, pode ajudar? ’. Eu vou lá e ajudo. E eu e minha esposa, em uma parceria, trouxemos dois meninos lá de Bangu que querem ser lutadores e seguir a carreira. A gente alugou uma casa para eles, todo mês a gente paga o aluguel lá, faz compra de cestas básicas e eles vão para o treino”, narrou com a simplicidade característica minimizando até o próprio feito.
E todo seu empenho, tanto nos treinos quanto no apoio ao seu time, surgiram efeitos. Aos 27 anos, a atleta terá sua segunda chance de disputar o cinturão dos pesos-palhas do UFC, maior liga de MMA do planeta. Para isso, Jéssica tentará destronar a atual campeã, Rose Namajunas, no UFC 237, evento agendado para o próximo dia 11 de maio, no Rio de Janeiro.
“Acho que é isso (que importa), o legado que a gente deixa – de ajudar. E quando a pessoa estiver lá em cima ela vai ajudar outras pessoas. É isso, querer o bem para todo mundo. Aprendi muito com o mestre Paraná e a equipe PRVT. Sempre faço de coração, sem esperar nada em troca”, concluiu a peso-palha, durante conversa com a Ag Fight.