Após uma trajetória de sucesso no Invicta FC, onde foi campeã, Jennifer Maia fez sua estreia no UFC em julho de 2018. No entanto, poucas pessoas sabem que a brasileira por pouco já não debutou na organização antes desta data. A peso-mosca (57 kg), em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, afirmou que teve o convite para lutar no Ultimate, já para enfrentar Valentina Shevchenko, quando a mesma estava na divisão peso-galo (61 kg). Porém, preferiu não acelerar o processo e esperar o momento certo de pisar no octógono.
Com a experiência de ter sido campeã de um outro grande evento, Maia não queria queimar etapas e entrar no Ultimate sem estar 100% preparada. Quando recebeu o chamado, a brasileira revelou que não teria muito tempo para treinar e, para encarar uma rival do nível de Valentina, sabia que teria chance de não atuar como gostaria.
“Muitas pessoas me falam isso (que demorou para assinar com o Ultimate), mas eu deixei as coisas acontecerem tudo no seu tempo. Talvez eu estivesse precisando de um amadurecimento profissional para estar aqui. Tinham já me oferecido de entrar antes, mas em outras categorias. Então fui paciente para esperar abrir a minha categoria. Logo que saí do Invicta, me chamaram para lutar com a Valentina. Eu achei que eu ainda não estava numa situação boa. Tinha acabado de sair de uma luta, não tinha tempo para descansar, fazer um camp bom, então eu neguei a luta. Aí enfim, depois disso, resolveram me contratar oficialmente”, contou, completando.
“Eram empresários tentando me colocar no evento. Mas eu como atleta, queria esperar a minha categoria. Quando me chamaram para lutar com a Valentina, qualquer um ia aceitar. Eu não visei só entrar no UFC, eu queria entrar, mas numa boa oportunidade de ganhar. Então por isso neguei. No começo ficaram meio assim, mas depois não tive problema de aceitar, tendo tempo para treinar”.
Atualmente a quinta colocada do ranking do peso-mosca, Jennifer sabe que um triunfo sobre Katlyn Chookagian, primeira da listagem, pode colocá-la diante da campeã da divisão, Valentina, em sua próxima luta. Agora, em um outro cenário e com um tempo de treinos adequado, a atleta tupiniquim finalmente estaria pronta para esse duelo.
“(Agora será) completamente diferente. Vou estar preparada para isso, vou ter tempo para treinar para ela. Quando me ofereceram não tinha tempo para treinar. Não queria só lutar, queria ganhar. Em 2020 vou ter chances de ganhar dela (Valentina). (…) Vejo brechas. Acredito que ninguém seja imbatível. Ela é a melhor, mas não é imbatível e com certeza tem brechas para treinar e vencer”, confia.
Com três lutas pelo UFC, sendo duas vitórias e uma derrota, Jennifer mira ratificar seu bom momento com um triunfo incontestável, sem correr o risco de deixar o resultado nas mãos dos jurados. Mas para isso, precisa superar Katlyn, que vem de resultado positivo sobre Joanne Calderwood. Mas a lutadora da Chute Boxe sabe o que precisa fazer.
“Vi que nas últimas ela lutou mais em pé, mas é perigosa. No solo é comprida, tem ataques rápidos. Quero fazer uma luta de MMA. As minhas últimas eu fiquei mais em pé. Onde me sentir confortável vou desenrolar o jogo. Se tiver que ser em pé, será. Se eu sentir que tenho que colocar para baixo, vou fazer também. Sei que vou sair vitoriosa, quem sabe uma finalização ou nocaute. Não deixar pela opção dos juízes”, afirmou.
Em janeiro deste ano, Jennifer foi surpreendida ao ser flagrada em um exame antidoping, feito em 2018. No entanto, a brasileira conseguiu provar que usou um produto contaminado e seu gancho foi de seis meses. Passada essa dolorosa experiência, Maia analisou com serenidade pelo o que passou e fez um alerta a todos os competidores.
“Tomei um chá verde, de cápsulas, que comprei em lojas de produtos naturais. Depois da luta me desesperei com o peso subindo e tomei esse chá, mas ele estava contaminado. Eles vendem uma coisa, só que é mentira o que tinha dentro. Tinha diurético. O que era para ser natural, estava contaminado. Eu não precisava disso depois de uma luta, não precisava baixar o peso. Só queria me manter mais leve. Serviu de lição de não tomar mais nada antes de consultar o médico e não acreditar nesses produtos. Agora tudo que vou tomar eu mesma preparo, porque temos que estar atentos. Não só por mim, esse lugar pode afetar outras pessoas também. Estou muito mais esperta com isso. Tudo que for tomar, é feito por mim ou muito bem controlado. Dos males o menor. Consegui mandar para provar que estava contaminado, que não tinha tomado outra coisa. Mas hoje em dia é difícil mesmo”, finalizou.
No MMA desde 2009, Jennifer Maia tem 17 vitórias, cinco derrotas e um empate na carreira. Na sua última luta no Ultimate, a brasileira derrotou Roxanne Modafferi por decisão unânime dos jurados, em julho deste ano.