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Impressionado com ascensão meteórica, treinador aposta em Zhang como estrela mundial

Zhang e Joanna travaram um duelo histórico no UFC 248 – Louis Grasse – PXimages

Em pouco mais de um ano e meio de trajetória no UFC, Zhang Weili passou de uma desconhecida lutadora à campeã peso-palha (52 kg) e uma das atletas com maior potencial de crescimento promocional dentro da organização. A eletrizante disputa contra Joanna Jedrzejczyk no último sábado (7), na qual saiu vitoriosa por pontos, já entrou para a história, sendo até mesmo considerada como a melhor luta do MMA feminino de todos os tempos, e parece ter consolidado a posição da chinesa como uma das estrelas da entidade.

Primeira atleta nascida na China a conquistar um título do Ultimate, Zhang estreou na organização em agosto de 2018 e, um ano e duas lutas depois, conquistou o cinturão peso-palha ao atropelar a então campeã Jéssica ‘Bate-Estaca’ Andrade com menos de um minuto de peleja. Agora, após defender com sucesso seu reinado diante de Jedrzejczyk, em Las Vegas (EUA), a meca do UFC, a chinesa já colhe os frutos de sua crescente popularidade e importância dentro da liga e com os fãs do esporte. Impressionado com a ascensão meteórica de Weili, Pedro Jordão – treinador de jiu-jitsu da lutadora asiática – foi só elogios à sua pupila, em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, e projetou um futuro ainda melhor para a nova estrela da companhia, que, segundo ele, deve seguir sua evolução, com a ética de trabalho que emprega.

“Eu cheguei (na China) em fevereiro de 2015, em uma academia de MMA que tinha aberto, eu fui o primeiro professor de jiu-jitsu, grappling. A Zhang foi a minha primeira aluna. Inclusive a gente até morou juntos durante um ano e meio, em um apartamento, ela e uma amiga, e eu no outro quarto. Sempre respeitosa, muito na dela, ela tem um senso de humor muito bacana. E ela é muito inteligente, sabe conversar. Por mais que eu não fale muito bem chinês, mas sempre que a gente conversa tem alguém para traduzir, e você percebe que ela é muito inteligente. E ela treina muito, leva muito a sério o treino. De segunda a sábado treinando duro e domingo descansando. Não tem nenhuma distração, não bebe, não vai curtir a noite, ela leva a vida de um samurai: treina, descansa, come. São 24 horas pensando em melhorar. É muito impressionante ver o foco dela”, contou o brasileiro, responsável pelo jogo de chão da campeã.

“É até impressionante. Há um ano, ela foi lutar com a Tecia Torres em Las Vegas, aí estava no media day e ninguém vinha conversar com ela. A gente estava lá e ninguém sabia quem nós éramos. Era a terceira luta dela no UFC e um ano depois ela já estava defendendo o título do UFC. Você vê a diferença no tratamento das pessoas, da popularidade dela, como cresceu. E na China é um esporte novo, então eu acho que poderia ser ainda maior do que já é. Mas os resultados da audiência estão muito bons, e acho que só vão aumentar. Acredito que ela vai virar uma estrela muito grande (no mundo)”, projetou Pedro Jordão.

 

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A repercussão positiva da comunidade do MMA pelo combate entre Zhang e Jedrzejczyk certamente colabora para o crescimento do nome da chinesa pelo mundo. Os cinco rounds de intensa trocação, com ambas demonstrando suas habilidades na luta em pé, terminaram com vitória de Weili por decisão dividida dos juízes. Apesar do equilíbrio do confronto e da divergência de opiniões por parte dos jurados, Pedro apontou o diferencial para justificar o triunfo de sua pupila no co-main event UFC 248: a contundência nos golpes. Já sobre uma revanche entre as atletas, o treinador de jiu-jitsu descartou a possibilidade no momento, ainda que concorde com sua realização no futuro.

“Ali de perto, eu achei que ela (Zhang) começou meio devagar, um pouco perdida, mas depois da metade do primeiro round para frente, ela se encontrou. Eu revi a luta duas vezes já e, quando você assiste de perto, eu percebi que quando a Zhang conectava, ela fazia muito estrago. Eu vi que a Joanna sentia bastante os golpes, a cabeça mexia muito. E quando a Joanna acertava ela, a Zhang absorvia muito bem. Então, eu acho que esse foi o diferencial. Quando a Zhang acertava, você via na cara da Joanna que ela sentia. Outro diferencial é que ela foi para frente o tempo todo, ela foi pra cima, procurou a luta. Durante grande parte da luta, a Joanna andou para trás. Então, a Zhang mereceu a vitória porque ela conectou os golpes mais fortes e porque ela foi para cima, foi para nocautear”, justificou Jordão, antes de comentar sobre uma possível revanche.

“Ela pensa o certo, ela quer evoluir e para evoluir tem que lutar com as melhores. Eu acho que a revanche dessa luta vai existir, com certeza, mas acho que não agora. Acho que ela vai esperar a vencedora da Rose (Namajunas) com a Jéssica Andrade ou uma coisa que ela quer bastante, que é a luta com a Valentina (Shevchenko)”, concluiu o treinador, citando o desejo da chinesa em encarar a atual campeã peso-mosca (57 kg) do UFC.

Aos 30 anos, Zhang Weili compete no MMA profissional desde novembro de 2013. A atual campeã peso-palha do UFC acumula 21 vitórias e apenas uma derrota em seu cartel. O revés solitário veio justamente em sua estreia no esporte, diante de Meng Bo, no evento ‘China MMA League’.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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