Frank Mir não venceu nenhuma luta desde que deixou o UFC – Jessica Portasio
A passagem de Frank Mir pelo Ultimate se encerrou em 2016. Entretanto, três anos depois, a história do lutador com a organização está longe do fim. Isso porque o ex-campeão peso-pesado quer mover uma ação legal contra a liga e contra a USADA (agência antidoping americana), após ter pego um gancho de dois anos de suspensão por testar positivo para turinabol – mesma substância do atual caso de Jon Jones.
No entanto, na ocasião, em abril de 2016, a liga não teve a mesma cautela e compreensão que está tendo com o atual campeão dos meio-pesados (93 kg). Sendo assim, Mir foi punido com a pena de dois anos afastado do Ultimate – o que, de acordo com o próprio, causou danos irreparáveis em sua carreira.
“Eu perdi milhões. Tinha mais seis lutas no contrato que me pagava bem. Se vocês notarem, na minha última luta, não tinha nem patrocinador. É difícil reconstruir tudo agora após falsamente acusado de algo. Esse é o problema, eles ainda estão compreendendo como os testes funcionam. Não acho que você pode afetar a carreira das pessoas, tomar anos da vida deles, sem entender completamente isso. E agora estão voltando atrás com Jon”, desabafou Frank em entrevista à versão inglesa do site russo ‘RT’, antes de lamentar a diferença de tratamento com ‘Bones’.
“Gritava tudo isso, as mesmas coisas que a equipe de Jones gritam. Mas, por alguma razão, sou menos confiável, uma testemunha com menor credibilidade, parece. Jon é o dos melhores lutadores do mundo peso-por-peso, mas ser considerado menos confiável que ele, isso me irrita, machuca”, completou o ex-campeão peso-pesado do Ultimate.
Cerca de três anos após a punição de Mir pela presença do metabólito M3 em seu organismo, a USADA e o UFC estão agindo de forma completamente diferente em casos da mesma natureza. No entanto, a mudança de postura não desmotivou o lutador a pensar em processar as entidades envolvidas.
“Agora eu acho que há um cara novo que tem o metabólito encontrado em seu sistema, mas eles não vão divulgar o nome dele até que descubram o que está acontecendo. Bem, isso é bom para c***. Eu gostaria que eles tivessem feito isso por mim”, ironizou o veterano, antes de deixar claro seu desejo de entrar na justiça.
“(Quero mover ação contra) a USADA por dar instruções de situações, e não utilizar realmente o teste. Eles são os cientistas, deveriam saber melhor o que usam. Mas o UFC também, tenho problemas com eles. Eles fazem coisas ruins tipo: você tem um atleta sob contrato, sem permissão de lutar em outro lugar. Ele está suspenso? Sim. Mas ele podia manter o ritmo ou talvez buscar trabalhar em outras áreas, mas não. Eles te prendem no contrato e no final da suspensão te dispensam, não concordo com a conduta deles”, concluiu Mir.
Vale ressaltar que em nenhum momento a USADA ou o atleta mencionaram o volume da substância proibida encontrada no teste antidoping de Frank Mir. Portanto, não há como traçar comparações com Jones nesse sentido. Quando foi flagrado, em julho de 2017, o nível de turinabol encontrado no organismo de ‘Bones’ também não foi divulgado pela agência antidoping.
No entanto, nos resultados dos testes mais recentes do campeão meio-pesado, foram flagrados apenas resquícios – picogramas (um milionésimo de micrograma) – da substância proibida, uma quantidade ínfima. Portanto, a USADA julgou que Jones não teria ganho de performance com o volume encontrado recentemente e liberou o atleta para competir.
Após ter pego o gancho de dois anos, Frank pediu para se desvincular do UFC e teve seu pedido atendido em julho de 2017. Um mês depois, o americano assinou com o Bellator, onde permanece em atividade desde então – embora sem o mesmo sucesso de outrora.