Rafael ‘Sapo’ se aposentou oficialmente do MMA em 2017 – Leandro Bernardes
Em 2017, Rafael ‘Sapo’ anunciou sua aposentadoria do MMA após ter no UFC sua casa por cerca de sete anos. Com a sua trajetória em cima do octógono encerrada, o lutador focou suas atenções nas filiais de sua academia em Belo Horizonte, cidade em que mora atualmente e, principalmente em Nova York (EUA), cidade em que morava antes de retornar ao país. Porém, a pandemia de coronavírus, que atingiu com força a ‘Big Apple’ assustou o mineiro, que foi obrigado a voltar às pressas para o Brasil.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag.Fight, ‘Sapo’ revelou que estava na cidade americana justamente no início dos casos de coronavírus. Dessa maneira, ele não teve dúvidas em voltar rápido para o Brasil com as academias em que dá aulas começarem a ser fechadas, com receio das fronteiras ficarem bloqueadas, como aconteceu posteriormente. Porém, com muitos amigos em Nova York e com a experiência de ter morado dez anos no lugar, o ex-lutador destacou um cenário preocupante.
“Quando começou isso eu estava em Nova York. Fiquei o mês de março lá o bicho começou a pegar, as academias fechando, o comércio também então decidi voltar logo para ficar com minha família, com medo de aeroporto fechar e eu ficar preso lá. Meus amigos estão em Nova York e todos ficaram em casa. Está todo mundo apreensivo, não sabe o que vai acontecer, principalmente em Manhattan, que está bem complicado. Tudo vazio. Está assustador mesmo”, revelou o ex-atleta, antes de admitir que teve sintomas do COVID-19 e, por precaução, foi obrigado a ficar de quarentena por duas semanas assim que chegou ao Brasil.
“Acho que todo mundo vai pegar, uns vão ter mais sintomas e outros menos. Eu estava em Nova York e tive uma gripe, tosse sem parar, garganta inflamou. Lá estava muito frio, mas não sou muito de gripar não. Outros amigos também pegaram e falamos que foi o corona. Foi bem leve, um ou outro teve uma febre. Essa gripe que eu peguei tem grandes chances de ser. Quando cheguei dos Estados Unidos, fiquei 14 dias em casa, de quarentena. Não quiseram fazer os exames, mas fiquei em casa respeitando. Agora é tomar os cuidados”, contou.
Além das academias em Nova York, ‘Sapo’ também foi obrigado a fechar os negócios no Brasil para prezar pela saúde dos alunos e seus funcionário. Entretanto, com as contas ainda chegando e as despesas aumentando, o lutador confessou que vai precisar de uma ajuda do governo para não quebrar. Para isso, o faixa-preta de jiu-jitsu pediu uma colaboração de todos os envolvidos, pois ninguém ficou livre de sofrer um baque nas questões financeiras
“As minhas academias no Brasil também estão fechadas. Não tem jeito, né?! Não dá para agir diferente e é para o bem de todos. Aqui demos férias no início para o pessoal e agora vamos ter que usar a recurso do governo, que ele devem pagar três meses o pessoal. Meus sócios estão vendo isso, mas está complicado. Contas chegando, conta para pagar, funcionário para receber. Vamos começar a olhar o aluguel, porque é caro, academia é grande. Todo mundo passando por isso. Vamos ter que dividir esse prejuízo, não tem jeito. Parte para locatário, funcionário, donos, locador. Não adianta. A coisa apertou para todo mundo”, explicou.
Com a vivência de ter passado por uma cidade que está com mais de 145 mil casos confirmados e cerca de 11 mil mortes, até o momento, Rafael fez um desabafo para quem trata essa doença com descrença. O alvo de ‘Sapo’ foi justamente para lutadores, que ignoram as recomendações de saúde e seguem treinando normalmente. Para o atleta, essa postura pode incentivar a outras pessoas quebrarem as regras de quarentena e propagar o vírus.
“Tenho visto alguns lutadores treinando, postando treino e acho que isso aí está muito errado. A gente tem que ser exemplo. Somos atletas, pessoas conhecidos. Se quer fazer m**** não precisa esfregar na cara dos outros. Entendo que muito lutador tem que treinar, mas precisa ficar postando? De treinar já está errado e vai ficar postando para incentivar a outros treinar também? Guarda para você. O certo é focar em casa, não se expor ao risco, não por nós, mas pelos nossos pais, avós que têm imunidade baixa. Minha opinião é essa. Quem quer correr o risco, beleza. Mas incentivar é demais. Não podemos fazer isso. Quer treinar? Faz isso em casa ou se ficar com mais gente, não se expõe. Sei que temos conta para pagar, mas o governo sabe mais que a gente. É seguir os exemplos de fora também. É ficar em casa, esperar essa onda mais forte passar para voltarmos ao pouco a vida normal”, completou.