Erick Silva ao lado de sua esposa, Isabela e seus dois filhos – Arquivo pessoal
O brasileiro Ericlk Silva se tornou o primeiro caso oficial de uma estrela do MMA brasileiro a contrair o novo coronavírus. Ex-lutador do UFC e atualmente membro do Bellator, o atleta faz parte dos 11.518 casos confirmados no Brasil, até o momento, de acordo com os dados das Secretarias de Saúde do país. Além do atleta, sua esposa, Isabela, seus filhos Carlos, de cinco meses, e Kaleu, de 10 anos, além de sua cunhada Carol, e seus sogros, Arilton e Jô, também testaram positivo para o COVID-19. Apesar do susto inicial, todos seguem em recuperação e não correm risco de morte. Ciente da importância de divulgar os perigos dessa doença, o peso-meio-médio (77 kg) fez questão de alertar que ela passa longe de ser uma simples gripe.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag.Fight, o ex-lutador do Ultimate, que está em sua residência, no Rio de Janeiro (RJ), contou como foi o início dos sintomas da doença. Tudo começou após ele voltar de viagem dos Estados Unidos, onde acompanhou a luta do seu irmão, Gabriel, no UFC, em fevereiro deste ano. Mesmo com indícios que estava com coronavírus, o lutador admitiu que não acreditava realmente que havia sido infectado até ver todos os membros de sua família apresentarem os mesmos sintomas, principalmente a ausência de paladar e olfato.
“A gente veio de viagem, depois da luta do meu irmão, passei no Espírito Santo e vim para o Rio de Janeiro, Quando cheguei aqui estava tudo no começo, mas ficamos em isolamento, tomando cuidados de higiene, passando álcool. Aí minha esposa começou a demonstrar os sintomas, mas quando nosso filho Carlos, de cinco meses, ficou com febre ligamos o alerta. Mas fomos acompanhando sem imaginar que pudesse ser o coronavírus. Mas depois minha esposa ficou com muita dor no corpo, dor de cabeça também. Chegamos até treinar um pouco, mas ela estava sentindo dor. Depois foi minha sogra, com os mesmos sintomas. Sempre achei que pudesse ser outra coisa, até minha esposa perder o paladar e o olfato. Naquela época não tínhamos informação de nada a respeito disso. A gente só sabia que tinha muita gente morrendo. Mas quando nós três tivemos os mesmos sintomas já ficamos mais ligados. Pesquisamos e vimos que os sintomas poderiam ser esses, então bateu mais uma ansiedade, nervosismo. Na primeira semana ficamos bem tensos. Depois todos ficaram sem olfato e paladar. O único que ficou bem foi o Kalleu, de 10 anos. O único que voltou ao normal até agora fui eu, depois de uns dez dias. Minha esposa até agora não voltou ao normal e ela está com isso há 14 dias”, explicou.
Assim que o COVID-19 se espalhou pelo mundo, foi apontado o grupo de risco, que seriam pessoas acima de 60 ou com doenças pré-existentes. Jovens e atletas estariam, portanto, teriam mais condições de encarar a doença. Porém, não foi bem isso que aconteceu com Erick. Apesar do seu histórico de sempre praticar exercício, o lutador revelou que foi um dos que mais passou dificuldades com a doença.
“Eu e minha cunhada ficamos com falta de ar no oitavo dia. Senti falta de ar à noite e foi desesperador. O ar não vinha. Minha cunhada ficou três dias assim. Agora finalizando esse período de 14 dias vamos fazer alguns exames para ver se ainda corremos algum risco. Aqui em casa tivemos o coronavírus em todas as faixas etárias e, os dois que se exercitam mais, que sou eu e minha cunhada, fomos os que tivemos os sintomas mais graves. Meu sogro tem 58 anos, minha sogra, 52 e ficaram bem. Lógico que ambos mantém uma vida ativa, ele joga tênis todos os dias. Apesar disso, eu me recuperei mais rápido, não sei se tem a ver com isso, de ser atleta, ou sorte mesmo”, explicou o ‘Índio’.
Atualmente, a maioria dos eventos de MMA pelo mundo cancelaram seus eventos. A única exceção parece o UFC, que ainda pensa em realizar uma edição no dia 18 de abril, ainda sem local confirmado. Com a experiência de ter passado pela doença, Erick fez um alerta para seus companheiros, ao ressaltar que o coronavírus não pode ser tratado com uma doença leve.
“Venho notando que muitos atletas querem treinar, lutar. A minha academia está fechada e vejo muita gente se juntando, com mais três pessoas e treinando, achando que não vão pegar. Quero alertar a todo mundo que isso realmente existe, não é fácil. A minha experiência não foi uma das piores, mas não podemos relaxar nunca. Agora os sintomas estão acabando, mas temos que ver se vamos ficar imunes mesmo. Vimos tantos casos graves que só queríamos saber se íamos morrer mesmo. Não sabemos como o vírus se comporta. Mas não é brincadeira isso. Isso é sério demais”, completou.