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Demian Maia se diz contra à presença de atletas trans no MMA: “É um absurdo”

Nos últimos anos, a entrada de atletas transexuais no esporte profissional tem sido motivo de muita discussão. O assunto divide opiniões, com pontos importantes sendo levantados tanto por quem é favorável, quanto por quem é contra. Quem também expôs seu ponto de vista foi Demian Maia, faixa-preta de jiu-jitsu e lutador de MMA, que construiu uma longa e vitoriosa carreira no UFC.

Ao participar do podcast ‘Inteligência Ltda’, o veterano lutador foi questionado sobre o assunto pelo apresentador Rogério Vilela, e não se furtou a opinar. Sem rodeios, Demian declarou ser contrário à entrada de atletas transexuais no esporte de competição, especialmente nas modalidades femininas, onde uma pessoa nascida homem faz a transição para se tornar uma mulher e passa a competir contra outras mulheres, caso mais recorrente até o momento.

Na visão do lutador, a diferença no desenvolvimento físico de uma atleta trans mulher em comparação com suas concorrentes é injusta e perigosa, principalmente no caso de esportes de combate, como o MMA, onde a integridade física dos lutadores é posta em jogo a cada combate. Apesar disso, Demian fez questão de deixar claro que sua opinião é baseada estritamente na questão esportiva, distante de qualquer preconceito sobre as decisões de cunho pessoal de cada indivíduo.

“Eu acho um absurdo você botar uma pessoa que nasceu homem para lutar com mulher. Eu vou falar do meu esporte, que é luta. A pessoa (que enfrentar a atleta trans) vai se machucar. Não tem comparação. ‘Ah, mas ela começou a tomar hormônio (feminino) cedo’. Não interessa. O desenvolvimento lá… E não é nenhum preconceito, nada disso. Mas você tem que entender que para trabalhar na sociedade a questão do preconceito, não é dessa maneira. Não é isso que vai fazer as pessoas terem mais ou menos preconceito”, afirmou Demian, antes de completar.

“É muito claro que você não pode deixar isso acontecer. Uma coisa é um homem querer lutar com uma mulher e a mulher falar: ‘Beleza, eu vou lutar. A escolha é minha’. Agora, você obrigar uma mulher a lutar com uma pessoa transgênero que nasceu homem é um absurdo. Acho que só quem não está dentro do esporte aceita isso, porque não tem noção do que é”, opinou o lutador.

Apesar de ser uma situação relativamente nova, alguns casos já começam a ser vistos em algumas modalidades. No MMA, recentemente, um caso ganhou as manchetes. Na última sexta-feira (10), a lutadora trans Alana McLaughlin – ex-membro das Forças Especiais do exército norte-americano – venceu sua adversária, Celine Provost, por finalização, em sua estreia no esporte, em combate realizado no evento ‘Combate Global’, em Miami (EUA).

Ao ser informado sobre a estreia de McLaughlin – apenas a segunda lutadora trans a competir no MMA que se tem notícia -, Demian lamentou o caso e sugeriu que a situação possa ter sido utilizada pelo evento para ganhar publicidade. O faixa-preta ainda apostou contra a presença futura de atletas trans no UFC, principal liga de MMA do mundo, e voltou a ressaltar os riscos em casos como este em esportes de combate.

“Infelizmente, me parece que pode até ser estratégia do evento para chamar a atenção. Que é uma coisa mais lamentável ainda. Você usar esse tipo de coisa para você chamar a atenção, ou para sinalizar virtude, que é ridículo. Eu ouvi uma vez um pensador falar uma coisa muito interessante: ‘Quando você quer ajudar as pessoas, você fala a verdade. Quando você quer se ajudar, você fala o que elas querem ouvir'”, ponderou Maia, antes de opinar sobre uma possível presença de atletas trans no UFC no futuro.

“Eu acredito que não (vai ter lutadores transexuais no UFC). É muito perigoso. A gente está falando de integridade física da pessoa. Na luta, é raríssimo acontecer, mas a pessoa pode morrer. No boxe morre gente toda hora. Vira e mexe morre gente. No MMA eu lembro de uma notícia, no UFC nunca aconteceu, mas de uma notícia em outras ligas. (…) Então, você não pode brincar com esse tipo de coisa. Não é uma discussão ideológica. ‘Ah, eu acredito que existem 145 gêneros’. Beleza, cada um acredita no que quer. Mas você não pode impor sua ideologia para atletas que estão competindo e que dependem disso, que vivem disso, e que estão botando a cara em jogo lá. Isso não tem nem discussão. Não sei nem por que o povo discute tanto isso, dá tanta atenção para esse tipo de coisa. Tem coisa que é ciência, não tem espaço para esse tipo de ideologia. Tem fatos. Se você botar um cara que nasceu homem, por mais que ele tenha tomado hormônios (femininos), ele vai ter vantagem. Isso é fato. Não adianta querer tapar o sol com a peneira. Na luta, na corrida, no levantamento de peso, no vôlei, em qualquer coisa”, concluiu.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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