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De olho em título, Esquiva mira mudar cenário do boxe e ‘copiar’ feitos de Medina e ‘Guga’

Esquiva Falcão está perto de conseguir uma chance pelo cinturão – Diego Ribas

No início do mês, Esquiva Falcão deu um passo importante para brigar pelo posto mais alto da categoria peso-médio da Associação Mundial de Boxe (WBA). O brasileiro nocauteou Manny Woods e manteve sua invencibilidade após 25 lutas. Agora o atleta volta ao ringue no dia 2 de fevereiro, quando encara Ainiwaer Yilixiati, em evento escalado para a China. Do vencedor desta peleja sai o próximo desafiante ao título, que está com Ryota Murata. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag.Fight, o pugilista destacou que para sua próxima luta tem duas missões: conquistar o cinturão e mudar o panorama do esporte no país.

Com 29 anos, Esquiva sabe que tem que correr contra o tempo para ter a chance de sagrar-se campeão. Apesar de ser medalhista de prata dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, o brasileiro ainda sente falta de mais incentivo, que segundo ele, atualmente é fundamental na carreira de um lutador de boxe. Mas engana-se quem pensa que são patrocinadores que faltam ao pugilista, mas sim um apoio das TVs do Brasil.

“Para o atleta é importante ganhar, mas hoje em dia que não tem um apoio da TV o caminho é mais longo no boxe. O Ryota Murata, que me venceu na final olímpica, foi campeão com 13 lutas. Ele tem a TV japonesa ao lado dele que dá muito apoio. O Brasil não tem isso, infelizmente. Por isso tenho essa dificuldade maior (para ter a chance de brigar pelo título) e tenho que trabalhar um pouco mais que meus adversários. Mas isso é um aprendizado, porque no futuro, quando for campeão, abrirei um espaço para outros atletas não precisarem passar por isso também”, afirmou o atleta, emendando.

“Fui medalhista olímpico e é isso que me ajuda a ter meus patrocinadores. Com eles que mantenho a minha família. Eu achei que fosse mudar muita coisa (após ser prata na Olimpíada de 2012), que ia passar o boxe na TV aberta, mas não mudou nada, continua sendo difícil para todo mundo. Mas acredito que depois que for campeão ou outro brasileiro conseguir isso, vai mudar. Assim como foi com o surfe, com o (Gabriel) Medina, o tênis, com o ‘Guga’. A TV começa a olhar melhor. Uma medalha só não muda muita coisa”, completou.

Com seu objetivo traçado, Esquiva sabe que primeiro precisa passar por Yiliaxiati para poder cumprir todas suas metas. Por isso, brasileiro já fez o seu dever de casa e tem as características do seu adversário gravadas na sua cabeça. E assim como sua última luta, ele não pretende deixar sua vitória nas mãos dos jurados.

“Meu adversário é um cara duro, que tem 11 vitórias por nocaute. É o número um da China e já vi algumas lutas dele. Não tem tanta experiência como eu, mas vem para dentro, pega forte. Estou planejando como vou enfrentá-lo. A ideia é usar muita movimentação, trabalhar alguns golpes de encontro. Ele é lento e anda para frente. Então a minha movimentação tem que estar em dia. É ganhar por nocaute para não ter dúvida, já que estarei na casa dele, com a torcida contra”, contou.

Além de Ainiwaer pela frente, Esquiva terá um outro fator extra que pretende deixar para trás: a questão do fuso horário. Atualmente morando em Los Angeles (EUA), o pugilista já tem traçada a estratégia para fugir dessa questão que atrapalha muitos lutadores. O foco é tão grande que o atleta não pensa nem em voltar ao Brasil para passar as festas de fim de ano e adiantou que levará sua família para os Estados Unidos, tudo para não atrapalhar seus treinamentos.

“Não vou voltar para o Brasil esse ano. Vou ficar aqui treinando. A ideia é ir para lá uns 15 a 20 dias antes para se adaptar ao fuso, treinando direitinho lá também. Maior problema será isso, porque a luta será a noite lá e aqui (Los Angeles) será de manhã. Preciso me acostumar para não ter problemas”, finalizou.

Esquiva Falcão foi medalhista de prata nas Olimpíadas de Londres, em 2012, ainda pelo boxe amador. Como profissional, o brasileiro – que está invicto – acumula 25 vitórias, sendo 17 por nocaute e apenas oito por decisão dos juízes.

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