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‘Cyborg’ e Aldo analisam impacto psicológico de derrotas relâmpago no UFC

José Aldo foi campeão dos pesos-penas (66 kg) do UFC por vários anos – Diego Ribas

Cris ‘Cyborg’ e José Aldo têm muito mais em comum do que apenas o país de nascimento e a profissão. Soberanos no peso-pena (66 kg) do UFC durante anos e considerados por muitos como os maiores atletas da história da categoria, ambos foram destronados em derrotas por nocaute com menos de um minuto de luta. A trajetória semelhante e o impacto dos reveses relâmpago que acabaram com seus reinados foram discutidos pelos dois em bate-papo por vídeo no canal do ‘Youtube’ da curitibana (clique aqui).

Invicto por uma década e consagrado pelos títulos do WEC e do UFC, José Aldo acabou surpreendido pelo então emergente Conor McGregor, que com um soco nocauteou o ‘Campeão do Povo’ em apenas 13 segundos de luta, em dezembro de 2015. No bate-papo com ‘Cyborg’, o manauara admitiu que a derrota o afetou psicologicamente e o fez ter dúvidas em sua cabeça sobre sua capacidade de absorver golpes em sua luta seguinte, contra Frankie Edgar, sete meses depois.

“Nós nunca esperamos perder – e perder daquele jeito. É um esporte e é 50 a 50, claro, isso poderia acontecer um dia. Enquanto a gente estiver lutando, perder é uma possibilidade, mas eu estava tão confiante na minha cabeça entrando nessa luta. ‘Não, eu estou super bem preparado, eu não consigo ver como esse cara vai ganhar’. Por tudo que foi falado e tudo que estava acontecendo, meu time e eu estávamos positivos de que nós íamos lá e derrotá-lo. E não foi o que aconteceu”, contou Aldo, antes de falar no impacto que a derrota causou nele.

“Aí começam a aparecer as dúvidas na sua cabeça. Você começa a pensar, começa a tentar achar uma maneira que você possa aceitar aquela derrota. (…) Eu até lembro que eu falei com a Cris, ela não deve nem lembrar, falei com ela: ‘Cris, eu preciso de alguma coisa para deixar meu queixo forte’. A Cris me apresentou uma borrachinha e eu falei: ‘Eu tenho que treinar esse lado, porque o cara me acertou um soco e eu caí. Estou com o queixo ruim’. Mas logo em seguida ganhei do Frankie Edgar, ganhei o cinturão de volta. Lutei não me arriscando, não me colocando em perigo, porque eu tinha que vencer aquela luta de qualquer maneira, não importava como fosse. (Mas) depois eu falei: ‘Não, eu sou campeão. Aquilo foi apenas um acontecimento, um fato, que nunca mais vai acontecer na minha vida’. Por isso eu tenho que treinar dobrado, me dedicar mais, ver o que eu errei, para que isso não aconteça de novo”, relembrou o ex-campeão peso-pena do UFC.

Por sua vez, ‘Cyborg’ permanecia hegemônica no MMA feminino, com apenas uma derrota em sua carreira, logo em sua estreia em 2005, até medir forças com a compatriota Amanda Nunes, no UFC 232. Apesar de admitir que a perda do cinturão foi bastante sentida e que provocou uma batalha de pensamentos divergentes em sua mente, a curitibana preferiu ver o ‘copo meio cheio’ e se mostrou grata por tudo que aconteceu.

“Eu acho que existe algo errado quando não existem problemas no meu camp porque eu sempre tenho um problema no camp e isso me motiva. Eu treinei nove meses para aquela luta e tive muito estresse ao meu redor. Não é uma desculpa, mas eu agi emocionalmente na luta. Não é o que eu treinei, eu agi emocionalmente. Nós nunca pensamos que vamos perder no primeiro round. Você diz: ‘Eu vou dar o meu máximo, vou até o final, e se eles me derrotarem, eu vou até o final’. É isso que nós pensamos. A pior coisa depois da derrota é tomar banho. Você toma um banho sozinha e aquela lembrança vem na sua cabeça o tempo todo, e depois você começa a questionar (você mesma). Um lado diz uma coisa, o outro lado diz outra coisa. Existe uma luta dentro da sua cabeça toda vez que você toma um banho. A semana depois daquela luta foi um momento difícil”, revelou Cris, antes de continuar.

“Eu vejo tudo que aconteceu como algo para melhor porque eu definitivamente me tornei uma atleta melhor e uma pessoa melhor, e sou grata. Sou grata por tudo que aconteceu”, declarou ‘Cyborg’, que, agora campeã peso-pena do Bellator, mantém o objetivo de conseguir uma revanche contra a compatriota no futuro: “Não é um sonho, é um objetivo no MMA, fazer algo diferente. Uma superluta entre a campeã do Bellator e a campeã do UFC. Amanda Nunes e eu. Eu acho que isso ajudaria muito o MMA”.

Após perder o título para Amanda Nunes, Cris ‘Cyborg’ derrotou Felicia Spencer em sua última luta pelo UFC, antes de assinar com o Bellator. Em sua estreia pela nova organização, a curitibana superou Julia Budd para se tornar campeã peso-pena da entidade, em janeiro deste ano. Já Aldo desceu recentemente para o peso-galo (61 kg) depois de perder novamente o cinturão até 66 kg, desta vez para Max Holloway, e não conseguir recuperá-lo. Apesar de em sua primeira luta na nova divisão ter sido derrotado por Marlon Moraes em decisão polêmica dos juízes, o manauara estava escalado para desafiar Henry Cejudo pela cinta da categoria, mas a pandemia do novo coronavírus atrapalhou os planos do ‘Campeão do Povo’, ao menos momentaneamente.

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