Acostumado a grandes batalhas dentro do octógono, Thomas Almeida agora teve que lidar com uma outra ‘guerra’, mas longe da área de competição do Ultimate. Sem lutar desde janeiro de 2018, o brasileiro passou por uma cirurgia no olho esquerdo, que o obrigou a ficar afastado das competições. Além da operação, o peso-galo (62 kg) também estava em um período delicado na franquia, com três derrotas nas últimas quatro lutas. Entretanto, do seu “inferno astral”, ele se manteve focado e pegou um campeão do UFC como espelho para mirar sua volta por cima na franquia.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag.Fight, o paulista citou o exemplo de Henry Cejudo. Após sua estreia na organização, quando emplacou quatro vitórias seguidas, o americano lidou com dois reveses que colocaram em xeque seu futuro de sucesso no Ultimate. Porém, das adversidades soube crescer e atualmente é o detentor do cinturão de duas categorias simultaneamente, peso-mosca (57 kg) e peso-galo.
“Ele (Cejudo) é um cara que começou meio instável, teve derrotas e deu a volta por cima. Evoluiu bastante. Só você ver o jogo dele antes e agora, dá para notar bem a diferença. Serve muito de inspiração para mim e ele tem essa bagagem de ser campeão olímpico também. Ele tem um nível altíssimo. Mas não só ele, como outros lutadores, também perderam e deram a volta por cima. Isso é um exemplo, com certeza”, afirmou.
Desde que deu os primeiros passos no MMA, em 2011, ‘Thominhas’ nunca ficou tanto tempo sem lutar. Acostumado a estar sempre ativo, o brasileiro não deixou o desânimo entrar na sua cabeça e fez questão de manter o pensamento positivo somente na recuperação, afastando qualquer possibilidade de pendurar as luvas precocemente.
“Jamais (pensei em me aposentar). Sempre tive uma cabeça forte, porque sei onde quero chegar e vou lutar para isso. Quando chega esse pensamento negativo, eu já viro a chave e falo: ‘Vamos trabalhar’. Aprendi muito a ter paciência que as coisas vão melhorar. Esse tipo de coisa (período afastado) serve de lição para amadurecer. Já tenho uma bagagem de algumas lutas no UFC, vitórias e derrotas e isso torna quem eu sou”, disse o atleta de 28 anos.
Em outubro, Thomas foi liberado 100% pelos médios, podendo voltar aos treinamentos de forma mais intensa e sem restrições. Apesar disso, o lutador afirmou que não quer acelerar o processo de volta ao Ultimate, mesmo ansioso para atuar novamente. O atleta tupiniquim acredita que somente em 2020 o público o verá em ação.
“Não tenho pressa. Esperei bastante tempo já e já voltei bem aos treinamentos. Voltar por voltar, sem estar 100% eu não quero. Quero retornar 100%. Acho que no começo de 2020 é um prazo bom para me recuperar, fazer uma base sólida de treinamentos para depois, quando tiver um adversário, fazer um camp voltado para ele”, adiantou.
Com 21 vitórias na carreira, Almeida conseguiu 17 por nocaute. Com um estilo agressivo, o peso-galo nunca fugiu da trocação franca e, nas suas últimas apresentações, sofreu por isso, com duros reveses. Dessa maneira, o atleta garantiu que não terá mais afobação para definir suas próximas lutas, com mais calma, mas sem perder sua essência.
“Esse é o amadurecimento. Sempre entrei paciente, mas agora é saber que tenho três rounds para trabalhar. O público gosta de ver meu estilo de lutar, então tenho 15 minutos para isso”, contou.
Contratado pelo Ultimate em 2014, Thomas Almeida tem cinco vitórias, sendo quatro por nocaute, e três derrotas. Na última vez que pisou no octógono, o brasileiro foi superado por Rob Font, em janeiro de 2018.