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‘Cigano’ revela interesse em superluta contra campeão de boxe: “Sou a melhor chance do MMA”

Junior ‘Cigano’ foi campeão peso-pesado do UFC – Carlos Antunes

Junior ‘Cigano’ tem um objetivo claro em sua mente: recuperar o cinturão peso-pesado do Ultimate. Para se reaproximar de um ‘title shot’, o brasileiro encara Curtis Blaydes neste sábado (25), na luta principal do UFC Raleigh. Entretanto, outro desafio também faz seus olhos brilharem. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, o ex-campeão revelou que gostaria de se testar contra um pugilista profissional, tanto no MMA como no boxe.

Desde o sucesso promocional do duelo entre Floyd Mayweather e Conor McGregor no ringue, existe um crescente interesse em tentar promover novos desafios entre atletas das duas modalidades. Recentemente foi a vez de Tyson Fury, ex-campeão mundial dos pesados, revelar sua intenção de se aproximar do MMA, fato que chamou a atenção tanto de ‘Cigano’ quanto de outros lutadores, como Francis Ngannou, atual número dois no ranking do UFC. De olho no interesse do pugilista inglês, ‘Cigano’ afirmou que se considera como o atleta de MMA mais gabaritado para desbancar um boxeador em seu próprio esporte, além de desdenhar do potencial do rival camaronês na nobre arte.

“O foco é lutar pelo cinturão, conquistar o cinturão e depois bater num cara campeão de boxe como esse aí (Tyson Fury). Teria um prazer em dar as boas-vindas ao Tyson Fury no MMA, depois enfrentaria ele no boxe. Sei que o Ngannou tem falado isso também, mas o Ngannou é um cara que só tem muito poder de nocaute, um cara muito forte, isso que faz ele sobressair. Mas boxe de verdade, – sem querer ser prepotente nem nada, mas é a realidade – eu sou a melhor chance de (um atleta de) MMA vencer um campeão de boxe numa luta de boxe. Eu sou a melhor chance que o MMA tem de vencer uma luta de boxe contra um campeão de boxe. Não tem um atleta que lute tanto boxe quanto eu dentro do MMA. É uma arte, no boxe eu estou em casa, é onde me sinto bem, o que eu busco sempre”, declarou Junior ‘Cigano’, antes de completar.

“Então seria uma grande conquista poder fazer uma luta de boxe contra um campeão desses aí. O Deontay (Wilder) está se saindo muito bem, o (Anthony) Joshua recuperou o cinturão dele. O próprio Tyson Fury que é um belo lutador de boxe também. Sem sombras de dúvida ficaria muito feliz em dar essas boas-vindas para ele. Inclusive vou dar uma dica. Já que dão uma credibilidade bastante grande para o boxe do Ngannou, por que não fazem uma luta minha e do Ngannou de boxe, e o vencedor dessa luta enfrenta um campeão de boxe? No boxe a luva é muito maior, o que acabaria frustrando um pouco esse poder de nocaute dele (Ngannou). Aí o que iria valer é a técnica, e isso pesa para o meu lado”, sugeriu o brasileiro.

Apesar de traçar planos para dois objetivos paralelos, e que poderiam se sobrepôr, o peso-pesado afirmou que possui condições de cumprir bem suas atividades nas duas frentes. O compasso de espera no qual a categoria se encontra em razão da aguardada trilogia entre Daniel Cormier e Stipe Miocic pelo título dos pesados do Ultimate pode influenciar também no futuro do brasileiro. Além disso, Junior relembrou que seu desejo de enfrentar um grande atleta do boxe vem desde a época em que detinha o cinturão do UFC e desafiou Wladimir Klitschko, então campeão mundial peso-pesado na nobre arte.

“O boxe seria um encontro de artes, porque é o meu carro forte e que eu adoraria me testar. Estou com disposição para cuidar de todas as oportunidades que aparecerem para mim. Tanto buscar o cinturão do UFC, quanto lutar contra um cara de boxe desses aí. Tenho dito isso desde 2011, quando me tornei campeão do mundo. E desafiei o Wladimir Klitschko, que na época era campeão de boxe. Ele acabou não dando tanta atenção porque talvez eu não seja tão bom promotor quanto o McGregor (risos) ou Floyd”, brincou ‘Cigano’, antes de comentar sobre a possível revanche entre Floyd Mayweather e Conor McGregor.

“Espero, inclusive, que essa luta aconteça de novo, acho que é bem positivo. Não acho que o resultado seria diferente. Acho o McGregor um excelente atleta, mas no quesito do boxe, principalmente contra o Floyd, acho difícil. Mas seria bem interessante até porque o McGregor tem muito poder de nocaute. Vamos ver como vai ser o futuro, mas a gente consegue sim cuidar de todas as frentes”, ressaltou o peso-pesado.

Antes de pensar em se aventurar contra Tyson Fury ou outro pugilista de destaque, ‘Cigano’ tem pela frente um grande desafio para se reaproximar de uma chance pelo cinturão do Ultimate. Completamente recuperado, segundo o próprio, de uma séria infecção bacteriana na perna que o levou ao hospital e o afastou do combate contra Alexander Volkov, marcado para novembro de 2019, o brasileiro precisará superar o duro Curtis Blaydes, que ocupa a terceira posição no ranking dos pesados do UFC, uma posição a frente do catarinense.

“Um cara duríssimo, terceiro do ranking hoje, com um jogo duro, de wrestling. Ele gosta de derrubar o oponente, ficar fazendo aquele jogo – até meio chato – mas bastante eficaz no sentido de deixar a luta do jeito que ele quer. É um adversário duro, mas eu não escolho adversário. Assim que me ofereceram ele, eu disse sim, e me preparei para mais esse desafio na minha carreira, até porque quero ser campeão do mundo, então não posso ficar escolhendo adversário nenhum. Estou feliz com essa luta. É uma batalha de estilos. Gosto de lutar em pé, ele gosta de lutar no chão. Vamos ver quem acaba se sobressaindo e conseguindo se impor na luta”, projetou.

Após engatar três triunfos consecutivos, Junior ‘Cigano’ acabou sendo nocauteado por Francis Ngannou em sua última apresentação. Seu algoz inclusive é o responsável pelas únicas duas derrotas na carreira de Curtis Blaydes, seu próximo adversário. Recentemente, o brasileiro participou do quadro ‘Dança dos Famosos’, apresentado no ‘Domingão do Faustão’, pela Rede Globo, e alcançou o quinto lugar junto com sua instrutora.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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