Em busca de sua recuperação no Ultimate, após dois resultados negativos, Antônio ‘Cara de Sapato’ teve uma mudança de adversário faltando quase três meses para seu compromisso. Inicialmente o brasileiro enfrentaria Brad Tavares, mas este saiu do confronto e foi substituído por Makhmud Muradov para o duelo no UFC Brasília, marcado para o dia 14 de março. Essa alteração pegou o campeão do TUF Brasil 3 de surpresa, mas ele revelou que viu essa situação de uma maneira positiva, já que aprovou o estilo de luta do seu novo rival.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag.Fight, o faixa-preta de jiu-jitsu admitiu que não se impressionou com as recentes atuações do atleta do Uzbequistão, apesar dele vir de uma sequência de 13 vitórias, sendo duas pelo Ultimate. Mesmo lamentando não enfrentar um oponente que figure na lista dos 15 primeiros do ranking do peso-médio (84 kg), o paulista acredita que pode impor seu jogo para voltar a vencer na organização.
“Foi uma surpresa, não imaginava essa mudança de adversário. Mas o UFC me deu um cara que o jogo dele casa bastante com o meu. Se mexe muito como eu, mas tem pouca experiência no UFC, só com duas lutas, e nada que me surpreendesse. Infelizmente não está no ranking, mas faz parte do jogo”, disse, complementando.
“Tenho que estar pronto, independentemente da situação. Passo por essa fase ruim, apesar de ter achado que não perdi a última luta (contra Uriah Hall). Ele tem várias vitórias seguidas, mas sabe que lutar fora do UFC é diferente. Na estreia achei que o Alessio Di Chirico ganhou dele, depois pegou o Trevor Smith, que vem de lesão, então não é nada que me impressione. Não muda muito a parte do psicológico (a troca de rival). Já tenho mais de dez lutas no UFC e isso em deu uma bagagem boa. Sei que não tem luta fácil. O importante é estar com a estratégia certa”, contou.
No Ultimate desde 2014, após vencer a terceira edição do TUF Brasil, ‘Cara de Sapato’ ainda não tinha vivenciado essa situação de duas derrotas seguidas, após 12 combates dentro do octógono. Entretanto, sempre com um discurso sereno, o brasileiro não se colocou mais pressão para conseguir o triunfo, mas adiantou que sabe o que deixou a desejar nas suas últimas apresentações para fazer diferente agora diante de Muradov.
“Acho que o importante é misturar. Talvez tenha faltado isso nas minhas últimas lutas. Fintar a esquerda, usar todas áreas, não só o jiu-jitsu. Acho que foi um dos meus erros em algumas lutas. Ou eu trocava ou botava para baixo. Tem fazer esse mix que vai ajudar, porque aí confunde o adversário. Ele é um cara que se movimenta bastante, então vai ser difícil de chegar nele. Mas quando boto para baixo me sinto em casa (risos)”, explicou.
Um dos fatores que pode animar ainda mais o paulista e colocá-lo na rota das vitórias novamente é o ser retorno ao Brasil. Sem lutar em solo nacional desde 2017, quando derrotou Jack Marshman, por finalização, o especialista na arte suave conta com o apoio da torcida para empurrá-lo para o triunfo.
“Com certeza (é um fator positivo a mais). Lutar no Brasil é motivação a mais, ver todo mundo torcendo e gritando. Sempre me mandam uma energia diferente e isso me traz uma motivação a mais. Sempre gostei de lutar no Brasil e já fiz várias lutas lá. Acho que por causa do TUF o UFC sempre gostou de me colocar no Brasil. Eu também gosto porque depois já tiro umas duas semanas de férias (risos). Já me sinto em casa”, completou.
Após uma carreira de sucesso no jiu-jitsu, ‘Cara de Sapato’ migrou para o MMA em 2013. Após três vitórias seguidas, o brasileiro conseguiu uma vaga no TUF Brasil, na categoria peso-pesado, e conquistou o título em 2014, depois de superar Vitor Miranda na final. Desde então, o brasileiro, que atualmente ocupa o 14º do ranking dos médios, conquistou seis triunfos, quatro derrotas e um ‘No Contest’ (luta sem resultado).