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ATT adota “política de tolerância zero” quanto à provocação entre companheiros de time
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por
Neri Fung
Ao que tudo indica, a paciência de Dan Lambert – líder da American Top Team – acabou. Após ter que lidar com vários casos de troca de farpas públicas entre atletas de sua equipe – em sua maioria iniciados pelo estilo falastrão de Colby Covington-, o empresário decidiu adotar uma política rígida que proíbe a provocação desnecessária entre os membros da academia, a fim de amenizar as rivalidades existentes e melhorar o ambiente de trabalho dos lutadores.
Em entrevista ao site ‘MMA Fighting’, Lambert admitiu que errou ao deixar a situação chegar em um nível praticamente insustentável. Por isso, a partir de agora, a troca de provocações entre companheiros de ‘ATT’ só será permitida caso os envolvidos estejam prestes a se enfrentar, com luta marcada, tendo em vista a importância da promoção do hipotético combate. Caso algum atleta não concorde com a regra ou a descumpra, o empresário foi firme ao recomendar que o mesmo procure outra academia para seguir seus treinamentos.
“Se tornou pessoal, e eu acho que estava errado. Eu acho que cometi um erro. Penso que eu deveria ter cortado o mal pela raiz, e chegou a um ponto onde isso teve um efeito cascata e afeta os treinadores, isso afeta os companheiros de treino, isso afeta a energia na academia, e como resultado, nós nos ajustamos e criamos uma nova política. A não ser que você tenha um acordo para enfrentar alguém, e nesse caso obviamente precisa haver alguma promoção (da luta), existe uma ordem de silêncio no que diz respeito a falar sobre pessoas da academia. Se isso é algo que um lutador eleja como necessário para fazer, então ele vai ter que treinar em outro lugar”, revelou Dan Lambert, antes de completar.
“Eu não acho que existam opções – é uma política de tolerância zero. Se você fizer isso e quebrá-la, vá para outro lugar. As pessoas vem e vão – nenhum indivíduo é maior do que o time e, na verdade, o time vai estar aqui daqui a 30 anos, ainda fazendo as mesmas coisas enquanto certos indivíduos já terão ido há muito tempo. Nós vamos estabelecer algo que é o melhor para o ambiente na academia e para as pessoas na academia hoje e amanhã”, ressaltou o empresário.
A medida vem poucos dias depois de Colby Covington, principal personagem na criação de rivalidades dentro da American Top Team, pedir desculpas por ter quebrado uma promessa ao dono da academia e provocado Dustin Poirier. Apesar da aparente mudança de postura, o falastrão voltou a atacar outros dois desafetos seus na equipe: Jorge Masvidal e Joanna Jedrzejczyk. A insistência do meio-médio (77 kg) do UFC em adotar essa estratégia de promoção pessoal irritou alguns treinadores, que demonstraram sua insatisfação a Lambert durante uma reunião semanal, levando o empresário a dar um basta na situação.
“Eu não sei se foi a última leva de declarações onde Colby meio que violou uma trégua que eu tinha estabelecido entre ele e Poirier, ou um pouco da conversa entre ele e Joanna (Jedrzejczyk). Talvez tenha sido no meio disso tudo, lidando com outros problemas que afetam nosso esporte e a vida de todo mundo; eu vejo como essa m*** é mesquinha, e (me questionando) por que eu estou lidando com isso e permiti que isso se tornasse uma atração?”, declarou Lambert, antes de continuar.
“Acredito que parte disso pode ser por eu ser um nerd (fã) do pro wrestling. Eu meio que gosto da parte da promoção que tem e do trash talk. É minha culpa. Eu fiz m***. Eu nunca deveria ter deixado chegar a esse ponto. É meu trabalho interromper m*** como essa de acontecerem e causarem distrações na academia. Acho que cometi um erro nessa, então vivendo e aprendendo”, concluiu.
A tensão entre alguns membros da American Top Team e Colby Covington, especificamente, vem de 2017, quando o falastrão, ao vir ao Brasil encarar Demian Maia, disparou palavras depreciativas em direção ao povo brasileiro. Com inúmeros integrantes nascidos no país sul-americano, o clima na academia se dividiu entre os que entenderam ser uma declaração polêmica em busca de promover a luta e os que pensavam que o meio-médio havia passado dos limites da provocação. Desde então, a postura do americano trouxe ainda mais desafetos na equipe, como Dustin Poirier, Jorge Masvidal e Joanna Jedrzejczyk.
Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.