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Após investir R$ 25 mil em estreia adiada, ‘Zé Colmeia’ segue sem retorno do UFC

‘Zé Colmeia’ ainda não tem data para estrear no octógono do UFC – Acervo Pessoal

Sete meses em outro país, dívidas acumuladas e uma esperança: finalmente lutar nos octógonos dos maiores eventos de MMA do mundo. Se ter uma meta adiada já é frustrante, imagine para alguém que, pela segunda vez, almeja estrear no Ultimate e, para isso, não conteve esforços ou gastos. Porém, nem tudo é como se espera e, devido às medidas adotadas para contenção da pandemia do novo coronavírus, o peso-pesado Rodrigo ‘Zé Colmeia’ foi um dos 72 atletas afetados pelo cancelamento de três eventos da organização entre março e início de abril. Assim, a estreia do mineiro segue sem data marcada, o que traz mais incertezas do que nunca.

Se lutar, ganha, se não, não recebe. Essa é a realidade do brasileiro que já investiu cerca de 5 mil dólares, aproximadamente R$ 25 mil, para estrear no UFC, mas ainda não teve retorno – nem sobre a remarcação do combate, nem sobre a questão financeira. No entanto, em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, Zé Colmeia mostrou-se pé no chão em relação à ideia de ser ressarcido. Por isso, em vez de, no próximo dia 11, estrear no UFC Portland contra o americano Don’Tale Mayes, o lutador seguirá no alojamento do ”American Top Team, no estado americano Flórida (EUA), sem data para voltar para casa.

“Investimento em si que eu tenho feito maior é investimento de tempo, não é? Estou aqui há sete meses já longe da minha família. É bem difícil, é complicado”, revelou o novo atleta da organização. “Não tenho que pagar alojamento, nem água, nem luz porque se tivesse… Já tinha voltado para o Brasil (risos)”.

“O UFC não é de fácil contato nem nada, sabe?”, explicou. “O trabalho deles é basicamente te colocar para lutar. Você lutou, eles te pagam e acabou. Mas o UFC não tem um patrocínio, (então) para atletas pequenos que estão começando é bem difícil. Mas acaba que você vai perdendo algumas coisas com esse vírus”.

Revelado para o cenário internacional pelo programa ‘Contender Series’, do qual participou em julho do último ano, o atleta fez de sua premiação parte da segurança financeira necessária para o início de sua carreira. Dessa forma, associado a um valor emprestado por seu empresário, Zé Colmeia investiu alguns milhares de dólares no camp para a luta que faria em menos de duas semanas. Porém, com o cancelamento do evento do dia 11, o peso-pesado não sabe por quanto tempo terá que se preparar ou quanto mais deverá investir.

A situação do jovem de 27 anos se agrava por não ser a sua primeira preparação ‘em vão’, já que Zé, inicialmente, estrearia na organização ainda em novembro de 2019. Por isso, dobrar o valor da bolsa por combate ao conseguir um triunfo se mostra quase essencial para o lutador, que ainda busca conquistar um dos quatro bônus de 50 mil dólares que o UFC oferece em cada um de seus shows.

“É muito grana (bolsa + vitória + bônus), dá pra mudar a vida rápido (risos). Ainda mais com dólar a R$ 5,10”, destacou o peso-pesado. “A verdade é só esperar. Estou 100%, estou focado na luta. Estou com o contrato assinado então uma hora vai acontecer. (…) Não tenho um plano B não. Vai ser isso e vai dar certo”.

Apesar de não acreditar no retorno financeiro do Ultimate, Zé Colmeia também não se deixa abater. Com bom-humor para explicar que, apesar de seu nome ser ‘Rodrigo’, apenas sua mãe o chama assim, o lutador segue com a ideia de fazer três lutas este ano na organização em prol de um objetivo maior. Além disso, ele ainda espera enfrentar o seu adversário do dia 11, uma vez que estava se preparando há três meses e continua a se manter forma mesmo na quarentena.

“Acredito que se eu fizer três lutas boas, eu entro no top 15 do Ultimate”, ressaltou. “Tem que ser passo a passo, não adianta chegar agora e querer o cinturão. Os caras estão em outro nível ainda, os top 5, os top 10 são caras que tenho que caminhar mais um pouco para lutar com eles. Não me menosprezando, mas eu tenho um caminho até lá e algumas pessoas na minha frente”.

“Estava com a estratégia traçada. O cara (com) que eu ia lutar é um cara forte, mais alto do que eu, tem 1,98m de altura. Ele estreou no UFC, mas com derrota. Lutou no ‘Contender’ duas ou três vezes”, contou o mineiro sobre o confronto contra Mayes. “É um adversário bom para lutar porque ele é um cara que é striker e eu também sou striker. Mas uma das minhas melhores armas é o jiu-jitsu, tanto que das minhas sete lutas, cinco são finalizações. Ia fazer uma luta segura ali, ganhar o dobro de dinheiro, que é o mais importante”.

Apesar das metas de Zé, não há previsão sobre a remarcação de sua luta, conforme a pandemia global do COVID-19 se espalha pelos países. De acordo com o último relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde), já há mais de 750 mil infectados com o novo coronavírus no mundo e mais de 36 mil mortos. Apenas no Brasil, pelos dados do Ministério da Saúde, há 5717 casos, além de 201 óbitos – número oficial até o fechamento desta matéria.

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