Considerado durante anos como o melhor peso-pena (66 kg) e um dos melhores lutadores peso-por-peso do mundo, José Aldo não vive a melhor fase de sua carreira desde que perdeu o cinturão até 66 kg do UFC pela primeira vez, em dezembro de 2015. Prova disso é que o próprio atleta considerou se aposentar do MMA. Porém, ao que tudo indica, ‘O Campeão do Povo’ – atualmente com 33 anos – não só mudou de ideia, como planeja continuar competindo até os 40 anos.
No início deste ano, rumores apontavam para uma possível aposentadoria do ex-campeão peso-pena do UFC, que pretendia se testar também no boxe profissional. No entanto, em um claro sinal de mudança de pensamento, Aldo renovou seu contrato com o UFC por mais oito lutas. De acordo com ele, o sonho de lutar nos ringues da nobre arte continua intacto e, com o crescente interesse do Ultimate em se infiltrar neste mercado, pode não estar longe de ser realizado.
Em conversa com a imprensa na academia ‘Upper’ nesta terça-feira (3), com a presença da equipe de reportagem da Ag. Fight, Aldo explicou de onde veio a motivação para mudar os planos e seguir competindo no MMA. De acordo com ele, a decisão de descer de categoria teve grande parte da responsabilidade em seu novo ânimo. Após anos atuando nos penas, o lutador da ‘Nova União’ vai estrear no peso-galo (61 kg) contra o compatriota Marlon Moraes, no próximo dia 14 de dezembro, em Las Vegas (EUA).
“Vou lutar até os 40 anos. Tenho 33, então tenho mais sete anos lutando. O boxe eu ainda tenho sonho, vai acontecer logo, logo. Pode ter certeza. Mas vou lutar por mais tempo ainda. Essa é a primeira no peso-galo até ser campeão. Pode ser até mais (que 40 anos). Porque fora da carreira, nunca fui de noite, de sair, beber, tenho um corpo sadio e isso é o primeiro ponto”, revelou José Aldo, antes de completar.
“O que me faz estar lutando é que com o passar dos anos, não queria mais, mas conversei com o Dedé, ele pediu para eu lutar no peso-galo. Tinha uma ideia que seria difícil bater o peso, fazer dieta, mas foi ao contrário. Estou me sentindo forte, treinando bem. Nem no WEC eu estava com esse potencial. Isso me faz crer que tenho muita coisa para dar e pode ter certeza que vou lutar por muitos anos. Se estou me sentindo bem, veloz, rápido como nunca estive, não tem porquê parar agora. Quero conquistar o peso-galo, fazer história e depois pensar no que fazer”, afirmou o ex-campeão peso-pena do UFC e do WEC, extinto evento americano.
Empolgado com o recomeço na nova categoria, Aldo planejava desafiar o atual campeão Henry Cejudo para um duelo logo em sua estreia no peso de baixo. Porém, o americano ainda se recupera de uma cirurgia no ombro e a ideia do brasileiro precisou ser deixada para o futuro. Além de planejar fazer história ao conquistar mais um cinturão do UFC, agora no peso-galo, o manauara declarou que ainda pensa em enfrentar grandes nomes, independentemente de divisões de peso, e entre eles um velho algoz em especial: Max Holloway. O atual detentor do cinturão peso-pena conquistou seu título e fez sua primeira defesa justamente contra ‘O Campeão do Povo’, que até hoje não digeriu bem os dois reveses.
“Não foi mudança de ideia, não foi a gente que decidiu isso. Se pudesse, lógico que queria lutar com o Cejudo, Max Holloway, Khabib, só com os campeões. Todo mundo quer os campeões, isso é lógico. Mas o Cejudo estava com cirurgia, não poderia lutar. Eu queria lutar esse ano ainda. O Marlon pediu essa luta e aceitei”, explicou o brasileiro, antes de comentar sobre possíveis adversários no futuro.
“O Khabib é um grande campeão, faz por merecer estar ali no peso-leve, dominante. O McGregor eu nem sei mais se consegue lutar ainda. Mas um cara que gostaria (de enfrentar) seria o Max Holloway, que me ganhou duas vezes e não me via perdendo para ninguém duas vezes. Tenho o sonho de lutar um dia com ele no peso-pena de novo”, concluiu.
Contando o período em que reinou absoluto no peso-pena tanto no WEC quanto no UFC, José Aldo passou seis anos como o principal atleta da divisão no mundo. Neste ínterim, foram nove defesas de cinturão bem sucedidas, sendo sete pelo Ultimate. Desde que perdeu o título pela primeira vez, para Conor McGregor em dezembro de 2015, o brasileiro possui apenas três triunfos e o mesmo número de derrotas.
Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.