Assim como a maioria dos lutadores do mundo, Junior ‘Cigano’ também convive com a situação de quarentena, o que o obriga a ficar afastado da academia e sem perspectiva de quando voltará a pisar no octógono mais famoso do mundo. No entanto, o ex-campeão do peso-pesado do UFC, que atualmente mora nos Estados Unidos, não se deixou abater pela frustração de não poder lutar e viu um lado positivo de ficar em casa.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag.Fight, o peso-pesado, apesar de destacar a tristeza por não ter um horizonte de quando vai poder se apresentar novamente, ainda mais vindo de derrota, valoriza esse tempo ao lado dos seus dois filhos e sua esposa. Acostumado a sempre estar em camp, ‘Cigano’, que agora não tem data para lutar, pode se dedicar exclusivamente à família. Porém, o atleta admitiu que não deixa de se manter ativo, da maneira que pode e respeitando as recomendações de segurança, para estar preparado quando o UFC o chamar.
“Tenho feito uns treinos em casa, meu preparador físico enviou alguns exercícios para fazer, dou uma corridinha. Tento me manter ativo o máximo que posso. Claro que rola uma frustração, não ter um objetivo, uma luta em frente, ainda mais vindo de um resultado negativo. Minha prioridade sempre é me movimentar em direção de uma luta, estava até negociando antes, mas nesse momento parou tudo, nada acontece. Então fico frustrado. Mas tento ver um lado positivo desse quarentena. Tem sido muito bom poder ficar em casa com minha família, meus filhos. É uma felicidade grande. Claro que estamos no meio de uma tristeza mundial, com muitas pessoas morrendo. Mas olhando por um lado positivo, é isso”, disse, antes de destacar o fator positivo de estar relaxado e sem pressão e, por isso, pode retornar ao Ultimate com uma outra energia e revigorado.
“Nunca tive tanto tempo assim com minha família. Busco fazer tudo com eles, deixá-los participar de cada momento. Ter meus filhos comigo direto, sorrindo, brincando ou até chorando e temos que ir lá e fazer um carinho, está sendo de uma riqueza imensa e importante para mim. Estava até falando com minha esposa que vamos guardar esses momentos. Em uma fase difícil para muitas pessoas, a gente consegue ficar assim. Aqui ainda vivo num condomínio, então dá para andar de bicicleta, correr. Todo mundo se respeita, mantém uma distância boa. Ajuda demais”, completou.
Junior ‘Cigano’ ainda não tem data para retornar ao UFC – Carlos Antunes
Mas esse período de pausa não foi só bom para ‘Cigano’ no âmbito familiar. O lutador também destacou que essa fase poder ser benéfica para ele poder ter algum adversário na categoria. De acordo com o brasileiro, os principais nomes da divisão estão com lutas marcadas, o que lhe dificulta a achar um duelo que valha a pena. Mas no que dependesse de sua vontade, ele já elegeu um nome para enfrentar na sua volta.
“Não tinha ninguém específico (na negociação). Por um lado foi até bom essa parada, porque estávamos sem opções. Eu queria lutar com o Volkov, pois a gente ia lutar na Rússia e não aconteceu, mas ele queria enfrentar o Curtis Blaydes. Só que o Blaydes tinha negado essa luta e eu tinha achado ótimo. Mas parece que ele voltou atrás e ficamos sem opção. A maioria dos atletas já estavam com lutas marcadas”, explicou.
Na última terça-feira (7), Dana White admitiu que tem o plano de realizar eventos do UFC em uma ilha, ainda de local desconhecido. A ideia do presidente da organização é arrumar uma maneira de furar a quarentena na maioria dos estados americanos, que proíbem eventos por tempo indeterminado. Atento ao discurso do patrão, ‘Cigano’ se mostrou empolgado em lutar numa situação dessas e comparou com história de cinema.
“Seria incrível. Ele levaria os atletas para se prepararem lá. Se realmente rolar isso é coisa de filme tipo aquele do Van Damme, o Grande Dragão Branco, que eles levavam os atletas para uma ilha (risos). Isso me deixou bastante motivado. Temos que aceitar tido que vem e quando aparece algo negativo, quero resolver logo. Na luta com o Ngannou, eu tinha acabado de perder para o Miocic e fechei esse duelo do vestiário. Esse tipo de coisa que me motiva. Independente de ganhar ou perder, isso que nos toca a vida. Amo lutar. Mas quando passar isso tudo, liberar tudo, quero ser o primeiro a chegar no UFC e pedir luta. Não vejo a hora de lutar. Mas qualquer coisa, se as academias não estiverem liberadas daqui a um tempo, até monto uma coisa aqui em casa, trago um tatame. Dá para me preparar aqui também. Damos um jeito (risos)”, finalizou o ex-campeão.
Junior ‘Cigano’ possui um cartel de 21 vitórias e sete derrotas em seu cartel profissional. Seu principal momento na carreira aconteceu em 2011, quando derrotou Cain Velásquez e sagrou-se campeão dos pesados do Ultimate. Na organização mais famosa do MMA desde 2008, o brasileiro é o recordista de vitórias por nocaute nos pesos–pesados, com dez triunfos dessa maneira. Ele está empatado com Cain Velásquez e Derrick Lewis neste quesito. Em sua última apresentação, em janeiro deste ano, o lutador do Brasil acabou superado por Curtis Blaydes.