A próxima edição dos Jogos Olímpicos de Verão, programada para Los Angeles (EUA), em 2028, ainda está longe de ser disputada. Entretanto, mesmo a mais de três anos para sua realização, o evento multiesportivo já gera um debate polêmico. Isso porque Donald Trump assinou, em fevereiro, um decreto que proíbe atletas transgêneros de participarem de esportes femininos em solo norte-americano. Medalhista de ouro em Paris 2024 e alvo de ‘transfobia’ durante a competição, a boxeadora argelina Imane Khelif rebateu o posicionamento do presidente dos Estados Unidos.
Em entrevista à emissora britânica ‘ITV News’, a atual campeã olímpica de boxe na categoria meio-médio (66 kg) minimizou o efeito do decreto assinado por Trump e reforçou seu desejo de competir pela segunda medalha de ouro em 2028, na cidade de Los Angeles. Vale ressaltar que o presidente dos EUA já classificou Imane publicamente – de maneira equivocada – como uma mulher trans. Além disso, durante sua campanha nos Jogos Olímpicos de Paris, a pugilista argelina foi alvo de inúmeros ataques de viés transfóbico, tanto de fãs quanto de alguns veículos de imprensa.
“Vou responder diretamente: o presidente dos Estados Unidos publicou um decreto sobre a política de pessoas transgênero no país. Eu não sou transgênero, isso não me afeta e não me intimida. (Meu objetivo é) uma segunda medalha de ouro, é claro. Nos Estados Unidos, em Los Angeles. Aprendi muito com essa experiência (em Paris). Acho que a antiga Imane estava em 50% do seu potencial, a Imane Khelif de hoje está muito mais motivada e determinada”, declarou Khelif à ‘ITV News’.
Relembre a história de Imane Khelif
Khelif nasceu menina e cresceu mulher cis – identificada com o gênero que foi atribuído a ela quando nasceu. Entretanto, no Mundial Amador de Boxe de 2023, já classificada para a final, a argelina foi retirada da decisão após supostamente falhar em um ‘teste de gênero’. Chancelado pela Associação Internacional de Boxe (IBA), o torneio ganhou o noticiário do mundo em meio à polêmica. Na ocasião, o então presidente da entidade Umar Kremlev alegou que Imane não cumpria os requisitos de elegibilidade para competir entre mulheres.
Na mesma temporada, a IBA perdeu sua certificação junto ao Comitê Olímpico Internacional devido a pendências de governança, finanças e ética. Sendo assim, um ano após o caso, em 2024, o torneio olímpico de boxe foi realizado sem influência da entidade. Desta forma, coube ao ‘COI’ chancelar diretamente a questão e viabilizar a participação de Khelif nas Olimpíadas de Paris.
Atestando Imane como mulher de nascimento, o Comitê Olímpico Internacional garantiu que a pugilista foi aprovada nos critérios médicos da competição. A chancela, porém, não evitou que Khelif se tornasse alvo de ‘fake news’ e ataques transfóbicos durante sua participação nos Jogos Olímpicos. Apesar do momento turbulento, a jovem de 25 anos se destacou nos ringues e acabou conquistando a tão sonhada medalha de ouro olímpica em Paris.