Ainda em 2014, alguns ex-atletas do Ultimate, como Cung Le, abriram um processo trabalhista contra a organização. A alegação era de que o UFC atuava como uma promoção de monopólio que usava seu poder e controle de mercado para manter salários baixos aos lutadores. Quase cinco anos depois, em uma audiência realizada em Las Vegas (EUA) nessa segunda-feira (26), foram divulgados números que ajudam a compreender a insatisfação dos competidores com os pagamentos recebidos.
Os lutadores do Ultimate recebiam 26% da receita bruta da companhia em 2007 – número que declinou por quatros anos e se estabeleceu posteriormente em torno de apenas 20% a partir de 2011, de acordo com o site da ‘Forbes’. Desde então, mesmo com o crescimento substancial da empresa, a porcentagem de renda destinada aos atletas não aumentou.
Com essa porcentagem de cerca de 20% de renda destinada para os atletas, o Ultimate gastou, de setembro de 2011 a agosto de 2017, 626 milhões de dólares (cerca de R$ 2,5 bilhões). A fins comparativos, nesta mesma audiência, de acordo com o site ‘Bloody Elbow’, foi divulgado que o StrikeForce pagava 63% de seu rendimento bruto aos lutadores, enquanto o Bellator, maior concorrente do UFC atualmente, paga cerca de 44% – mais que o dobro da principal liga do planeta.
De acordo com Hal Singer, uma das testemunhas do caso, em um ambiente verdadeiramente competitivo, o UFC deveria pagar 47,3% de sua receita para os lutadores. Por esse padrão, o Ultimate deveria ter pago 1,47 bilhões de dólares (cerca de R$ 6,1 bilhões) aos atletas durante esse período de seis anos – de 2011 a 2017.
Sendo a liga que detém o maior potencial financeiro, o UFC domina o mercado das lutas, principalmente com a aquisição recente do ‘WEC’ e do StrikeForce. Sendo assim, as companhias rivais não conseguem competir e se estabelecer com estrelas de alto nível- ao mesmo tempo, os atletas de alto rendimento ficam presos ao Ultimate com salários reduzidos.
Esses números foramdivulgados na audiência do juiz Franklin Boulware a respeito do processo de Cung Le e outros ex-lutadores do UFC contra a empresa. Caso o processo realmente avance, essa pode ser uma semana crucial, já que, após as audiências oficiais, é esperado que a autoridade responsável pela ação tome uma decisão – que pode vir a causar um grande impacto no Ultimate.