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Demain Maia contou como ajustou o jiu-jitsu para ser efetivo no MMA - Louis Grasse/PxImages

MMA

Demian Maia questiona entendimento sobre o uso do grappling no MMA

Embora não atue mais profissionalmente no octógono, Demian Maia segue como uma das figuras mais influentes quando o assunto é grappling voltado ao MMA. Aos 47 anos, o veterano brasileiro permanece ativo nos bastidores, atuando como treinador e referência técnica – papel que exerce com impacto direto na trajetória de talentos emergentes e nomes consagrados do esporte. Para ele, no entanto, a maior contribuição vai além dos resultados: está na transformação do entendimento sobre o jiu-jitsu aplicado às artes marciais mistas.

Com 14 anos de experiência no UFC, o ex-desafiante aos cinturões dos médios (84 kg) e dos meio-médios (77 kg) acumulou aprendizados que hoje repassa a atletas como Ian Machado Garry. Ainda assim, acredita que muitos lutadores e treinadores continuam a cometer um equívoco recorrente: tratar o grappling no MMA como uma simples extensão do jiu-jitsu sem kimono.

“Muita gente pensa que o grappling no MMA é apenas jiu-jitsu sem kimono. Mas não é. É completamente diferente. Eu coloquei muito esforço em tentar ser o melhor grappler da minha época, e tentar desenvolver e entender uma maneira de usar o jiu-jitsu no MMA”, disse o brasileiro em entrevista ao ‘Yahoo Sports’.

A própria carreira de Maia ilustra esse processo de descobertas. Durante determinado período, ele apostou exclusivamente no boxe, tentando equilibrar seu jogo com foco na trocação. Com o tempo, porém, percebeu que essa escolha o afastava de sua maior virtude – e o obrigou a repensar o caminho a seguir.

“Por muito tempo, eu treinei apenas boxe. Isso foi um erro. Muitos caras ainda fazem isso. Eles treinam apenas o striking e depois o jogo de solo. Mas no MMA, essas coisas não são separadas. No MMA, a maior parte das coisas acontece nas transições. Você tem que entender isso e trabalhar isso no seu treinamento”, contou o grappler.

Virada de chave

O ponto de inflexão veio após a derrota para Chris Weidman, em 2012. Na ocasião, o brasileiro insistiu na luta em pé, confiando em seu boxe recém-adquirido. A estratégia, no entanto, não surtiu efeito. O revés acendeu um alerta e sua equipe passou a defender uma reestruturação completa no modelo de treino.

“Mudei meu treinamento, então, e minha mentalidade. Eu não fazia mais apenas boxe; eu fazia boxe com clinches, com quedas. Eu treinava com boxeadores, mas jogava dois golpes e procurava onde poderia clinchar, onde poderia derrubar. No MMA, você precisa saber onde estão todas as oportunidades, não apenas as suas, mas também as do seu oponente, onde ele pode te dar um cotovelo ou jogar um joelho. Você não pode fazer essas coisas separadas”, explicou o técnico.

Referência para a nova geração

A mudança de abordagem rendeu frutos. Já com o novo foco, Maia emendou sete vitórias consecutivas no UFC, finalizou especialistas em wrestling e se firmou como símbolo de eficiência no uso do jiu-jitsu adaptado ao MMA. Sua forma de lutar passou a ser estudada por jovens promessas e até antigos rivais. Hoje, com sua trajetória servindo de espelho para uma nova geração, Maia encontra satisfação em perceber que seu legado ultrapassa os limites do cage.

“Isso me deixa muito feliz quando ouço isso. Eu tentei sempre aprender e crescer… Quando eu estava começando, fazia muitas perguntas para os caras mais velhos e eles sempre me ajudaram. Eu queria fazer isso pelos outros também”, concluiu.

Mais do que um exímio representante do jiu-jitsu, Demian Maia se consolidou como elo entre gerações no MMA. E enquanto estiver compartilhando conhecimento, continuará a moldar o futuro do esporte — com discrição, mas enorme influência.

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Natural do Rio de Janeiro, Geovanne Peçanha se formou em jornalismo na Facha (Faculdades Integradas Hélio Alonso). Com passagens por Lance!, CBF TV, FERJ e outros, é um fanático por esportes. Ex-praticante de Muay Thai, se apaixonou pelo MMA.

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