Principal rosto da equipe de comentaristas do UFC há longos anos, Joe Rogan é um grande entusiasta da arte suave. Sua relação com o jiu-jitsu foi estreitada ainda mais pelo fato de ter se tornado praticante da modalidade, tendo como seu principal parceiro de treinos o também americano Eddie Bravo, faixa-preta do brasileiro Jean Jaques Machado e criador da ’10th Planet Jiu-Jitsu’, um sistema de ensino não tradicional da arte suave. E a amizade entre eles é tão grande que o analista do Ultimate elegeu uma conquista do seu colega no esporte como um dos momentos mais felizes de sua vida.
Durante um recente episódio do seu podcast ‘The Joe Rogan Experience’, o comentarista do UFC recordou o momento glorioso vivido por Eddie Bravo, que na edição de 2003 do ADCC conquistou uma vitória surpreendente sobre Royler Gracie em território brasileiro, e se emocionou com a lembrança. Para o americano, o triunfo de seu amigo sobre o ícone do jiu-jitsu, que é filho do grande mestre Hélio Gracie, foi o divisor de águas na carreira, e na vida, do criador da ’10th Planet Jiu-Jitsu’.
“Eu estava no Brasil em 2003 para o campeonato mundial de Abu Dhabi (ADCC). Eddie Bravo estava lá competindo. Esse foi o ano em que ele finalizou Royler Gracie. Foi a maior zebra da história. Foi insano. Ele não era nem faixa-preta ainda. Eddie era faixa-marrom. Royler, que era irmão do Royce (campeão de três das quatro primeiras edições do UFC), era mais bem-sucedido do que o Royce nos torneios de jiu-jitsu. Ele é um dos maiores Gracies de todos os tempos em termos de conquistas nos campeonatos mundiais de jiu-jitsu. Ele era o cara. Eddie o pegou com um triângulo de costas no chão. Foi incrível”, relembrou Joe Rogan, antes de continuar.
“Eddie tem uma flexibilidade absurda e destreza nas pernas. É muito surpreendente. Então, se você está na guarda dele, você está f***. E Royler não sabia disso. Ele estava na guarda do Eddie e Eddie apenas fechou o triângulo nele e começou a puxar a cabeça, até Royler bater. Foi insano. Eu estava chorando. Cara, eu vou chorar agora. Foi uma das maiores experiências da minha vida. Mudou a vida dele. Ele sempre foi um cara super talentoso, mas ele meio que não queria acreditar nisso, por alguma razão estranha. Ele era muito humilde sobre seu jiu-jitsu. Ele descobriu que era muito bom e depois começou a ganhar campeonatos. Foi uma das coisas mais malucas que eu já vi na vida porque ele foi lá como um grande azarão. Foi um dos melhores dias da vida dele. Foi um dos melhores dias da minha vida”, afirmou o comentarista do UFC.
Apesar da vitória sobre Royler Gracie nas quartas de finais do ADCC 2003, em São Paulo (SP), Eddie Bravo não conseguiu se sagrar campeão deste torneio. Na semifinal, contra Léo Santos, que viria a ser o campeão da edição na categoria até 66 kg, o americano foi derrotado por pontos. Mas, em compensação, no seu retorno aos Estados Unidos após a competição, Bravo foi graduado faixa-preta por Jean Jaques Machado e, posteriormente, abriu sua primeira academia da ’10th Planet Jiu-Jitsu’, a fim de compartilhar os segredos das técnicas desenvolvidas por ele e que o levaram a superar um ícone da arte suave, mesmo sendo um faixa-marrom ainda.