Em 2012, Yamaguchi Falcão garantiu a conquista de uma medalha olímpica com a vitória sobre Julio La Cruz nas quartas de final do torneio meio-pesado (até 81 kg) da Olimpíada de Londres. Neste sábado (22), outro cubano – David Morrell – estará no caminho do pugilista brasileiro, desta vez pela disputa do título mundial dos supermédios (até 76,2 kg) da Associação Mundial de Boxe (WBA), em show sediado em Las Vegas (EUA). E o capixaba conta com o bom retrospecto e a confiança diante de rivais nascidos na ilha caribenha para fazer história.
Caso vença David Morrell no co-main event do espetáculo liderado por Gervonta Davis e Ryan Garcia neste sábado, Yamaguchi se tornará o sétimo brasileiro a conquistar um título mundial no boxe, juntando-se ao seleto grupo encabeçado por nomes como Eder Jofre e Acelino Popó Freitas. A coincidência com relação à nacionalidade do oponente nos dois maiores momentos de sua carreira fazem o capixaba, que foi escalado para a disputa de última hora, acreditar ainda mais na importante conquista.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight (clique aqui), Yamaguchi Falcão ressaltou seu histórico positivo diante de oponentes cubanos, destacando especialmente o triunfo sobre o então campeão mundial amador Julio La Cruz, em 2012, na Olimpíada de Londres. Confiante, o experiente pugilista prometeu trazer para o Brasil o cinturão da WBA, com mais um resultado positivo sobre um atleta nascido em Cuba.
“Eu tenho comigo uma medalha que eu ganhei, na minha opinião, (sobre) o melhor cubano dos Jogos Olímpicos de Londres, o melhor atleta de Cuba, que era o Julio (Cesar) La Cruz. Ela (medalha) está aqui, é uma coisa que eu levo com muito carinho e muito amor. Não vai ser diferente no dia 22. As minhas melhores conquistas foram em cima de cubanos. E o cinturão mundial vai ser em cima de um cubano também, eu tenho certeza“, afirmou Yamaguchi.
Segredo do bom retrospecto contra cubanos
Donos de uma das escolas mais respeitadas e vitoriosas do mundo, os boxeadores cubanos sempre impõem respeito e, até mesmo, receio em seus adversários nos campeonatos, sejam eles amadores ou profissionais. Para Yamaguchi, este ponto é, exatamente, o que o diferencia dos demais atletas quando enfrenta lutadores de Cuba.
De acordo com o capixaba, desde os tempos de boxe amador, quando participava de camps de treinamento na ilha caribenha para aperfeiçoar suas habilidades, ele não se deixava intimidar pelo ‘mito’ por trás da escola cubana de boxe. Filho de ‘Touro Moreno’, ex-lutador e patriarca da família Falcão, que trouxe duas medalhas olímpicas para o Brasil, Yamaguchi ressalta que, assim como seus rivais de Cuba, também está inserido na nobre arte desde jovem e, portanto, pode competir de igual para igual com eles.
“O motivo é o coração. É acreditar. Muitos anos atrás, quando eu entrei na seleção olímpica, eu ouvia muito: ‘Ah, os cubanos são os melhores, os cubanos são f***’. Eu ouvia e pensava: ‘O que eles têm que nós não temos?’. Quando eu ia em Cuba, eu treinava de igual para igual, queria bater neles, não aceitava perder para eles nem na brincadeira. Isso foi o que me deu confiança, achar que eles não são maiores do que a gente. Boxe é boxe. Se eles nasceram no boxe, eu também nasci no boxe, em uma família de lutador. Então, eu olhava para eles pensando: ‘Eu posso ganhar dos cubanos'”, explicou.
Medalhista de bronze na Olimpíada de Londres, Yamaguchi Falcão se profissionalizou em 2014, somando desde então 24 vitórias, um empate, um ‘no contest’ (sem resultado) e apenas uma derrota. O revés, por sinal, o afastou de uma possível disputa de título mundial em 2019, fato que desmotivou o atleta, que conseguiu dar a volta por cima e conquistar a tão sonhada oportunidade de ser campeão do mundo neste sábado.