Entrevistas

Werdum revela lesão no dedo e lamenta falta de força em revés: “Não estava completo”

Fabrício Werdum deslocou o dedo durante luta no UFC 249 – Diego Ribas

Após mais de dois anos sem atuar no Ultimate, o retorno de Fabricio Werdum ao octógono não foi como ele esperava. No último sábado (9), o brasileiro foi superado por Alexey Oleinik por decisão dividida dos jurados no UFC 249, realizado em Jacksonville, na Flórida (EUA). Após um início de luta devagar, o ‘Vai Cavalo’ se recuperou bem e ameaçou o rival no segundo e terceiro rounds, mas não o suficiente para convencer a maioria dos jurados. De acordo com o gaúcho, ele sentiu um pouco a falta de ritmo de luta, principalmente na parte física e quanto à sua força. Além disso, o ex-campeão dos pesos-pesados da organização revelou que teve que lidar com o incômodo, além da dor, de ter deslocado o dedo mindinho logo no início da disputa.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag.Fight, o ex-campeão dos pesados do UFC admitiu que discordou da decisão final dos árbitros, pois considera que, mesmo após desvantagem clara no primeiro round, conseguiu virar o embate na sequência do duelo, quase encaixando finalizações. Porém, Werdum evitou usar qualquer argumento como uma possível desculpa pelo revés e deu o mérito para seu rival, mas confessou que não estava com a força física suficiente para um combate de alto nível.

“Mostrei que a técnica estava ali, o que faltou mesmo foi a força. Tem que ter força na hora da luta. O mestre Rafael Cordeiro sempre falou há muitos anos, ‘vamos fazer musculação’, porque tem que ficar forte, a categoria é forte. A técnica eu sei que tenho. Em pé e no chão, eu tenho isso. Só que faltou essa parte física. Eu fui campeão do UFC por isso, (estava) completo. Eu não estava completo dessa vez, não me senti um cara completo. Era uma sensação muito estranha que senti dessa vez. Diferente das outras. Eu não estava ali, eu estava meio disperso, essa é a palavra que eu encontro. Depois comecei a tomar umas bombas na cabeça que Deus o livre, ‘opa, estou lutando, tenho que me ligar e ativar o coração também.’ O coração estava ativado desde o começo, não sei se outro lutador (continuaria depois que) saiu o dedo 90 graus ali. Não quebrou o osso, mas o ligamento foi pra ‘banha’, completamente fora. Não estava ajeitando a luva, era o dedo que estava fora do lugar. Pensei, ‘se eu chamar o juiz para ver ou analisar eles podem parar a luta, não é o que eu quero’. Tive que ajeitar na marra mesmo, no coração, porque doeu mesmo. Ver seu dedo fora do lugar é impressionante, realmente surpreende. Na hora o cara fica ‘p*** que pariu, meu dedo saiu completamente do lugar, 90 graus’. Meu dedo ficou praticamente um L, para fora”, explicou o atleta, antes de justificar o motivo de não ter finalizado o adversário, mesmo com boas posições no solo.

“Acho que nessa parte das finalizações faltou a força mesmo. Ele é muito forte, segurou no braço a kimura, chave de braço. Não é posição que perco. A do braço, que estava bem encaixada. A kimura é minha especialidade, já finalizei o (Alistair) Overeem assim. Consegui pegar bem, mas ele esticou e deu uma montada, que é uma defesa muito boa. É o último recurso nesses momentos. Ele me ofereceu outra posição, eu aceitei, fui para montada e ele saiu das chaves. A adrenalina te amolece o corpo. Estava com 110 kg na luta, mas não estava legal. Visualmente o músculo estava menor, o bíceps, ombro. Senti a diferença. Ele chegou a gritar na hora que peguei o braço, não de bater, mas de força para tentar sair mesmo. Estava bem encaixado, mas ele foi guerreiro e conseguiu sair”, completou o ex-campeão.

Esse combate marcou o penúltimo confronto do contrato de Werdum com o Ultimate. Com apenas mais um duelo em sem vínculo, o brasileiro ainda não sabe o que vai fazer de seu futuro, com uma possível extensão, ida para outro evento ou focar em sua carreira de comentarista oficial do UFC. Apesar da frustração de não ter vencido, o ‘Vai Cavalo’ rechaçou o desânimo e pretende voltar ao octógono para mostrar que é um dos melhores do mundo. No entanto, o atleta pesou os longos anos no esporte, todos os títulos que já conquistou, tanto no MMA, quanto na luta agarrada, para refletir numa possível aposentadoria e focar na sua família.

“Quando puder voltar, recuperar as lesões, vou voltar com tudo pra mostrar que ainda tenho condições. Tenho mais uma no contrato com o UFC, nem sei se eles vão querer renovar ou vou para outro evento, tem muita coisa para acontecer ainda. Quando a gente perde, muitas coisas mudam na vida, realmente a vida muda. Estou há muitos anos nessa, acho legal tudo, é o que eu gosto de fazer, mas realmente faz o cara pensar, refletir várias coisas, será que eu paro de lutar, aproveitar minha família, ou continuo lutando? Eu acho que uma derrota como essa não vai apagar nada do que eu fiz. Ninguém comenta isso, mas eu sou o único lutador com os três títulos, campeão de jiu-jitsu, campeão de grappling, e campeão do UFC, que é o evento (de MMA) mais importante que tem. Mas eu sei que esse titulo é muito importante”, explicou.

Após mais de um mês parado devido à pandemia de coronavírus, o Ultimate retomou suas atividades com o UFC 249. Apesar de todo o suporte para os atletas e envolvidos o show na questão de saúde, Ronaldo ‘Jacaré’ testou positivo para o vírus e foi retirado do evento. Werdum, que durante a semana teve contato com o peso-médio (84 kg), revelou que passou três vezes por exames em busca de COVID-19, valorizou todo o esforço para franquia para manter todos saudáveis e prestou apoio ao compatriota.

“Eu não esperava o negócio do ‘Jacaré’, mas ele tomou todo cuidado, estava com a máscara e a luva, e eu também. Eu tirei a máscara só pra conversar com ele um pouquinho, eu tava tirava e botava a máscara. O UFC tomou todo cuidado possível. O UFC realmente estava muito bem preparado pra esse evento. Impressionante mesmo. Tinha que medir temperatura todo dia, fizemos vários exames. Eu fiz três exames de coronavírus desde que cheguei lá. Acredito que o UFC vá enxergar o ‘Jacaré’ numa parte financeira muito importante pelo fato dele ter se dedicado, treinado, investido no treinamento. Jacaré é meu amigo de muitos anos, gosto muito dele. Fiquei triste por ele, mandei mensagem pra ele, e ele falou que estava muito triste também porque realmente o preconceito é impressionante. Tem sempre alguém pra falar uma besteira. Dá uma raiva porque realmente as pessoas não respeitam. Ninguém quer ficar com o coronavírus. Ninguém quer pegar essa m*** e passar pra família. Mas, acontece. As pessoas falam besteira, mas, graças a Deus, o UFC está dando toda assessoria pra ele ficar bem”, finalizou o brasileiro.

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