Afastado dos octógonos durante todo o ano de 2020 por conta de uma lesão, Warlley Alves conquistou uma importante vitória no seu retorno, diante de Mounir Lazzez, na última quarta-feira (20), no co-main event do UFC Fight Island 8, em Abu Dhabi (EAU). Talvez até mais expressivo do que o triunfo foi o desafio feito pelo meio-médio (77 kg) brasileiro logo após o combate. Ainda dentro do cage, na entrevista pós-luta, o lutador mineiro pediu por um duelo contra o americano Nate Diaz.
Conhecido por seu estilo ‘bad boy’, Diaz é um dos atletas mais populares entre os fãs, além de ser um declarado simpatizante da maconha, e de seu uso recreativo e medicinal. A ideologia seguida pelo veterano bate de frente com os conceitos de Warlley, o que, de acordo com o brasileiro, motivou o desafio feito. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, o mineiro explicou a razão de sua revolta com a postura do americano.
Na visão de Warlley, um atleta da expressão de Nate Diaz, que possui uma enorme base de fãs espalhados pelo mundo, deveria ter mais cuidado ao apoiar causas como o uso da maconha, principalmente tendo em vista que o consumo da erva não é legalizado em diversas partes do globo, o que muitas vezes leva à criação de um mercado clandestino. O meio-médio ainda destacou que, através do projeto social da Usina de Campeões, equipe da qual faz parte, pôde ter contato com diversos jovens afetados direta, e indiretamente, pelos malefícios causados pelas drogas e, por isso, se sente capacitado para criticar o rival.
“Eu faço parte hoje da Usina de Campeões, um dos maiores projetos de artes marciais da América Latina. A gente está baseado na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, perto de várias comunidades. A gente tem relatos de pessoas que treinam, que são resgatados das drogas, da criminalidade… Pessoas que tiveram exemplos errados e foram para o caminho errado. A gente conseguiu resgatar essas pessoas, graças a Deus e ao trabalho que o Ricardo Magro vem fazendo. Eu vejo constantemente na vida dessas crianças muitas dificuldades geradas pelo consumo de drogas, pelo tráfico de drogas, pelo financiamento do tráfico de drogas. A questão da maconha em relação ao Nate Diaz é que em 90% dos países do mundo, a maconha é proibida, ela não é permitida. E um atleta, que serve como exemplo para pessoas ao redor do mundo, tem que se preocupar com a visão e as ações dele”, afirmou Warlley, antes de continuar.
“Porque as pessoas vão seguir o que ele fizer, as pessoas vão admirá-lo pelo que ele faz, as pessoas vão querer ser igual a ele. E em países onde a droga é proibida, o uso da maconha é proibido, você acaba levando esse jovem, que consome a maconha influenciado pelo ídolo, para lugares perigosos, como bocas de fumo, para poder comprar a maconha. Porque a maconha não é vendida na farmácia nesses lugares. Então, esse jovem vai ter contato com a criminalidade, isso fortalece a criminalidade. Tudo isso é gerado pelo fato do cara servir como exemplo para jovens e saber que tem países em que não é permitido. Isso tudo me deixou nervoso. E agora ele virou a capa dos sites especializados por causa da liberação da USADA em relação à maconha. Isso me deixou muito revoltado porque ele é um péssimo exemplo e as pessoas acabam aceitando isso. Eu não consigo aceitar isso. Eu vejo o quão prejudicial as drogas podem ser nas vidas das pessoas. Faz mal às pessoas das comunidades, faz mal às crianças, às pessoas que realmente deveriam ter mais oportunidades. E vidas acabam sendo ceifadas em trocas de tiros e coisas do tipo por causa do uso recreativo da maconha. Isso para mim é inaceitável. E um atleta, que deveria servir como exemplo, não pode propagar esse tipo de coisa”, concluiu.
Vencedor do reality show ‘The Ultimate Fighter Brasil 3’, Warlley Alves compete pelo UFC desde 2014. Neste período, o meio-médio soma oito vitórias, uma delas sobre Colby Covington, e quatro derrotas pela organização. Ao todo, o mineiro possui 14 triunfos e quatro reveses na carreira.