Entrevistas

Vanessa Melo credita 1ª vitória no UFC à mudança de time: “Fez toda a diferença”

Com três derrotas seguidas desde sua estreia pelo Ultimate, Vanessa ‘Miss Simpatia’ Melo subiu no octógono do UFC Fight Island 7, no último sábado (16), pressionada para conseguir um bom resultado e reverter sua situação na entidade. Com uma apresentação sólida, a peso-galo (61 kg) paulista superou a canadense Sarah Moras por pontos e garantiu sua primeira vitória pela organização. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, ‘Miss Simpatia’, como é conhecida, creditou o triunfo à mudança de time e admitiu surpresa, e até um certo incômodo, com o estilo de jogo imposto pela adversária.

Ex-atleta da ‘Babuíno Gold Team’, Vanessa trocou de equipe e passou a treinar na ‘Thaiunit’, assim como na academia de Demian Maia, pouco antes de sua luta contra Karol Rosa, em julho do ano passado. No entanto, o pouco tempo de adaptação às novas diretrizes não foram o suficiente para que seu desempenho no confronto contra a compatriota fosse influenciado.

Agora, passados alguns meses da mudança e já adaptada aos novos treinadores, a peso-galo entende que finalmente foi capaz de colocar em prática sua nova versão no combate contra Sarah Moras. De acordo com a lutadora, a postura mais estratégica vista no último sábado, assim como o melhor condicionamento físico e a melhora técnica, foram consequências diretas da troca de equipes.

“Eu não sei nem explicar direito a felicidade que eu senti (risos). Felicidade, alívio. Eu trabalhei muito para essa luta. Eu sabia da importância de uma vitória, então eu me dediquei 110% para buscar essa vitória. Mesmo sendo uma luta meio morna, eu busquei o tempo todo, sempre andando para frente. Quem vê minhas lutas sabe que eu busco, às vezes acabo até brigando um pouco na luta. Mas parecia que ela estava com medo, não sei. Não sei explicar. Eu procurei buscar a luta, procurei jogar com inteligência, para fazer a luta perfeita aos olhos dos meus corners. Quem assistiu a luta viu que tudo que eles falavam eu fazia”, comentou Vanessa, antes de analisar o papel da mudança de camp no seu amadurecimento como lutadora.

“Eu acho que a mudança de time fez toda a diferença. Eu estava há nove anos no meu time antigo. Então foi uma mudança radical na minha vida. Você tem que se adaptar a outros tipos de treinamento, você fica aberta a outros tipos de visões. Essa parte de jogar sempre em cima de uma estratégia, eu acho que isso foi muito devido a esse time novo. Foram mudanças na forma de agir e pensar. Isso fez com que eu amadurecesse como atleta. Por mais que eu tenha muitas lutas, eu acho que amadureci muito com essa mudança pela qual eu passei e acho que ela me fez muito bem, deu para todo mundo ver. Nessa luta eu consegui mostrar para todo mundo que eu não estava lá para brincadeira”, declarou.

Com a continuidade de sua trajetória no UFC em perigo em caso de nova derrota, Vanessa se preparou para a batalha de sua vida, especialmente por sua adversária também precisar de um resultado positivo para se manter na organização, após acumular apenas três triunfos em oito combates no octógono do Ultimate. No entanto, a brasileira foi surpreendida pela estratégia passiva da rival, que optou por jogar no contra ataque, em golpes que, em sua maioria, sequer chegavam perto de acertar a paulista.

Apesar da aparente vantagem no placar, Vanessa admite que o estilo de jogo travado da rival e os gritos a cada tentativa de golpe lançado por Sarah Moras a incomodaram, especialmente nos cinco minutos finais do combate. Nesta hora, de acordo com a paulista, seus treinadores tiveram novamente papel determinante para que ela mantivesse a concentração no plano traçado, a fim de evitar riscos desnecessários que pudessem lhe tirar a vitória.

“Eu esperava uma luta mais agarrada, eu achava que ela buscaria o chão o tempo todo. Mas ela só esboçou um ataque de queda. Eu esperava bem mais. Eu fui preparada para fazer a luta do século (risos). Porque estávamos eu e ela na berlinda, então seria uma luta para matar ou morrer. Eu achei que ela viria para buscar o tempo todo o grappling, que é um ponto forte dela. Mas ela não fez o que eu esperava e foi uma luta mais tranquila do que eu esperava”, admitiu ‘Miss Simpatia’, antes de revelar sua irritação com os gritos da rival durante o combate.

“No terceiro round começou a me incomodar porque ela ficou três rounds jogando daquele jeito, e eu tinha que ficar caçando. E ela gritando. Esses gritos incomodaram, principalmente a partir do último round. Na realidade, esses gritos incomodam, mas eu estava tão concentrada que eu procurei tirar da minha mente tudo que me incomodava e respirar fundo. Eu sou uma pessoa calma, mas quando começou o terceiro round e eu vi que ela ia fazer a mesma coisa, aí começou a me incomodar. Aí faltando 30 segundos ela quis ir para a briga. E eu comecei a querer aceitar, mas meus treinadores falaram para eu não brigar e eu falei: ‘Agora que é o último round eu não vou para a briga’. Então, eu consegui manter a cabeça no lugar e não partir para a briga franca, fazendo o que eles estavam mandando”, contou.

A falta de ações efetivas de Sarah Moras durante a luta contrastaram com sua reclamação após o anúncio da vitória de Vanessa. A canadense deixou clara sua insatisfação, ainda no octógono, com a derrota na decisão unânime dos juízes. A atitude da rival foi mais um motivo de surpresa para a brasileira, que culpou o córner da oponente pelo destempero da atleta.

“Ela gritava muito e não acertava. Todos os jabs dela pegavam na minha mão, que estava um pouco à frente, e eu tirava. Ela não tinha continuidade nenhuma. E ela ainda saiu reclamando do resultado. A gente desceu do octógono e ela estava reclamando lá embaixo. O pessoal estava até falando: ‘Não sei que luta que ela viu’. Mas o corner tem que ser sincero com o atleta. Pelo que me falaram, o corner falou para ela que ela estava ganhando. Só que eu não sei que luta que ele viu”, finalizou a lutadora paulista.

Com o triunfo sobre Sarah Moras no UFC Fight Island 7, Vanessa Melo soma agora 11 vitórias e oito derrotas em sua carreira no MMA profissional. Mais tranquila com relação ao seu futuro na organização, a brasileira aguarda a definição sobre seu próximo compromisso e prevê um retorno rápido ao octógono mais famoso do mundo.

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