Entrevistas

Treinador promete ‘Borrachinha’ mais cauteloso no UFC 253, mas ainda agressivo

O estilo extremamente agressivo de Paulo ‘Borrachinha’, responsável em grande parte pelos 11 nocautes em suas 13 vitórias na carreira, ajudou a colocar o brasileiro a um passo de conquistar um título do Ultimate. No entanto, de acordo com Edvaldo ‘Badola’, treinador de boxe do peso-médio (84 kg), encontrar o equilíbrio entre o ímpeto e a cautela na disputa contra o campeão Israel Adesanya neste sábado (26), na luta principal do UFC 253, será fundamental para o mineiro atingir seu objetivo final e conquistar o cinturão.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, Badola analisou o confronto entre os dois principais nomes da divisão dos médios do UFC e adiantou que o público verá um ‘Borrachinha’ mais cauteloso dentro do octógono, a fim de evitar se expor a um risco desnecessário e acabar surpreendido no contra-ataque, principal arma de Adesanya. Apesar disso, o treinador descartou a possibilidade de seu pupilo abandonar completamente o estilo agressivo. De acordo com ele, o brasileiro continuará em busca do nocaute, porém com tranquilidade e sabedoria.

“Na verdade, o Paulo Borrachinha vai fazer o mesmo jogo que fez com todos os adversários. A velocidade, a explosão, mas um pouco mais controlado e pensando muito mais. A diferença é que contra o Adesanya a gente vai ter que ter um pouco mais de calma por se tratar de cinco rounds e valer um título mundial. Então, temos que ter tranquilidade porque temos mais tempo para trabalhar, temos cinco rounds. O Borrachinha já lutou com atletas muito mais duros do que o Adesanya, o (Yoel) Romero, o Uriah Hall. Eu acho que esses atletas, apesar de não serem campeões, eram muito mais duros que o Adesanya, muito mais perigosos. Então, o jogo vai ser o mesmo, só que com um pouco mais de cautela”, revelou Edvaldo Badola, antes de completar.

“O Paulo vai buscar ele o tempo todo em cima do octógono, mas com a cautela de não se expor tanto. Se você parar para ver, o Adesanya é muito assustado, quanto mais mão ele toma, mais assustado ele fica. Não é a toa que ele fez aquela luta contra o Romero. O Romero acertou poucos golpes nele, mas quando o Romero conectava você via a cara de susto do Adesanya. Ele é um lutador muito assustado e, por ele ser assustado, ele se torna perigoso. Por isso que temos que ter cautela, o mesmo jogo, mas com cautela”, analisou o ex-atleta olímpico da seleção brasileira de boxe.

A cautela pregada por Badola pode ser justificada pela diferença de envergadura favorável ao campeão, o que, em teoria, pode dificultar a movimentação do brasileiro, que prefere a luta na curta distância. No entanto, o treinador apontou as deficiências e brechas encontradas pela equipe do mineiro ao estudar o jogo do nigeriano para minimizar essa situação. O treinador ainda fez questão de ressaltar o trabalho feito e a estratégia traçada durante os cinco meses de preparação com ‘Borrachinha’ para que essa hipotética vantagem de Adesanya seja anulada dentro do octógono.

“Apesar do Adesanya ter braços longos, ele tem muita deficiência na defesa dele. Ele joga muito nos contra golpes plantado e inclina a cabeça para trás. Então, trabalhamos muito para o Borrachinha soltar golpes no corpo, golpes retos no corpo, golpes retos de encontro, antecipando, para que a gente chegue até ele mais rápido e não corra o risco de tomar um golpe imprevisível. Colocamos o Paulo para trabalhar muito os golpes retos, para que essa distância seja encurtada com segurança”, contou.

Outro ponto importante no confronto deste sábado será a movimentação de ‘Borrachinha’ ao tentar encurtar a distância, justamente por conta da longa envergadura do adversário, que pode trazer perigo ao brasileiro neste aspecto do combate. Oriundo do boxe, arte marcial onde o trabalho de pés é fundamental para o sucesso de um atleta, Edvaldo Badola garante ter preparado o pupilo para, não só esquivar dos possíveis ataques de Adesanya ao tentar se aproximar do nigeriano, como também para atingi-lo durante o movimento de retrocesso característico do campeão ao ser golpeado.

“Vai ser muito importante e a gente trabalhou muito isso. Trabalhamos muito os giros, para um lado e para o outro. A gente trabalhou muito para o Paulo caminhar golpeando, que é uma coisa difícil. Tem muitos lutadores que não sabem fazer isso. Eu trabalhei muito isso com o Paulo porque, provavelmente, quando o Adesanya começar a tomar golpes, ele vai andar para trás. Então, ele tem que saber caminhar com o golpe. Mudar a direção dos passos para chegar até ele mais rápido. Cortar os passos do Adesanya no octógono para cercá-lo”, explicou o treinador, antes de destacar a confiança no trabalho feito e, consequentemente, no triunfo de ‘Borrachinha’ no UFC 253.

“A gente trabalhou tudo isso, tivemos muito tempo para analisar tudo, para pesquisar e passar vários treinamentos para ele em relação a isso. Então, o Paulo está preparado. Estamos vindo de cinco meses de preparação. O Paulo começou comigo lá no Rio (de Janeiro), a gente ficou um mês no Rio treinando e agora eu fiquei os outros meses em Minas com ele. então, a gente teve bastante tempo para trabalhar tudo isso. Sentamos, conversamos, estudamos, e o Paulo está pronto. Falta só a consagração da vitória, que vai acontecer”, concluiu.

Invicto no MMA profissional após 13 combates disputados, Paulo ‘Borrachinha’ encara Israel Adesanya, em disputa pelo cinturão peso-médio (84 kg) do UFC, neste sábado, no main event da edição 253 da companhia, na ‘Ilha da Luta’, em Abu Dhabi (EAU). Entre seus triunfos, o mineiro possui 11 via nocaute, um por finalização e um por pontos. Também sem derrotas no currículo, o nigeriano venceu todos os seus 19 confrontos na modalidade até o momento.

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