Quando subiu ao octógono no último sábado (13), Gilbert ‘Durinho’ sabia da pressão que sofria por poder ser o primeiro campeão brasileiro dos meio-médios (77 kg) do Ultimate. E a impressão de que o atleta ficaria com o título aconteceu logo no primeiro round, quando um cruzado balançou Kamaru Usman. Porém, depois de conter o ímpeto do desafiante, o nigeriano dominou a luta e venceu por nocaute técnico no terceiro assalto, no combate principal do UFC 258. Por isso, Daniel Evangelista, um dos treinadores do atleta natural de Niterói (RJ), explicou o motivo de sua queda de rendimento.
Sem lutar desde maio de 2020, período em que contratiu o coronavírus, ‘Durinho’ teve que lidar com a ansiedade para voltar a competir, e essa foi uma das questões abordadas por Daniel Evangelista. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, o líder do time ‘Cerrado MMA’ citou um momento da luta em que a empolgação do brasileiro foi tanta que ele deixou a tática desenhada pela equipe de lado.
“Ele estava com tanta vontade de ganhar esse cinturão que na hora que ele acertou o Kamaru, aquilo ativou algo nele que ele ia ganhar, então subiu uma coisa além da questão de adrenalina, energia e foi ao ponto de querer nocautear logo, que não era nossa estratégia. A tática era ir cadenciando, botar velocidade na mão. Quando ele sentiu o cheiro que podia terminar a luta daquela maneira, aquilo foi uma explosão e saiu além da conta. Isso afeta fisicamente, mentalmente e a estratégia”, narrou o treinador, antes de analisar o quanto isso comprometeu o restante da disputa.
“Foi aí que o Kamaru soube aproveitar, absorveu a pancada e manteve a cabeça fria. Como o ‘Durinho’ se entregou muito, ele começou a se movimentar menos, ficar mais fixo e o Kamaru foi inteligente, aproveitou a hora e utilizou o jab para colocar o ‘Durinho’ desconfortável. Ali começou a mudar a luta, porque é o jogo do Kamaru”, concluiu.
Mas após tanta expectativa para este compromisso e o resultado desfavorável, como fica a cabeça de ‘Durinho’ para a sequência de sua carreira? De acordo com Evangelista, o brasileiro, apesar do choro ainda dentro do octógono, não está abalado e já estaria pronto para reavaliar os erros para voltar ainda mais forte ao octógono do UFC.
“Quando acaba a luta ele fala que a culpa é dele 100%. Ele assume a responsabilidade e nós, como técnicos, sabemos que não é só dele. Todo mundo tem responsabilidade. Quando perde ele fica doido. Ele fala que não era para ter sido campeão porque não arrumou algumas coisas. Ele diz que ainda precisa evoluir. A história dele fala por isso. No jiu-jitsu não era e depois explodiu. No MMA não será diferente. A história de superação dele é absurda. Ele junta os cacos, arruma e volta ainda mais forte”, explicou.
Antes da espera para encarar Kamaru, ‘Durinho’ vinha de uma sequência de lutas com um intervalo pequeno entre elas. Contudo, parece que o cenário agora será diferente. Evangelista adiantou que a equipe vai “segurar” o brasileiro por alguns meses e estipulou uma data que os fãs vão poder ver o lutador em ação novamente dentro do octógono.
“Se falar que vai lutar semana que vem ele vai, porque quer ser logo a melhor versão. Conversei com o Henri (Hooft) e priorizamos a vida dos caras. Ele vai voltar para a família, se fortalecer, receber carinho. Ele quer ajudar o Vicente para a luta com o Woodley e vamos segurar essa vontade dele. Vamos orientar, melhorar o corpo. Acho que esse ano ele luta mais duas vezes. Acredito que para julho e depois para o fim do ano”, adiantou.