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Treinador de ‘Bate-Estaca’ explica mudança para Las Vegas: “Mais próximo do UFC”

Gilliard ‘Paraná’ (à esquerda) é o treinador de Jéssica ‘Bate-Estaca’ – Leandro Bernardes

De Abu Dhabi (EAU), onde acompanha as pupilas Jéssica ‘Bate-Estaca’ e Karol Rosa, que competem neste sábado (11) no UFC 251, Gilliard ‘Paraná’ – líder da equipe ‘Paraná Vale Tudo’ – planeja embarcar com destino a Las Vegas (EUA), onde pretende iniciar uma nova trajetória que promete mudar sua vida pessoal e profissional. Na cidade norte-americana, considerada por muitos como a capital da luta, o treinador, assim como a ex-campeã peso-palha (52 kg) e outros membros da ‘PRVT’, vai em busca de diversos objetivos, como estreitar ainda mais a relação com o Ultimate e, com isso, ampliar o leque de oportunidades para seus atletas.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, Gilliard, conhecido como ‘Mestre Paraná’, explicou que, inicialmente, a mudança para Las Vegas ainda não será definitiva, mas que, se tudo ocorrer dentro do planejado, a ideia é se estabelecer de forma permanente e inclusive abrir uma filial da ‘PRVT’ no local. Com isso, em seu pensamento, a maior proximidade com o UFC, que mantém seu escritório e grande parte de seus negócios na cidade americana, pode render frutos para os atletas da equipe que já fazem parte do plantel da liga, assim como abrir portas para que novos lutadores venham a assinar com a principal organização de MMA do planeta.

“Sobre a nossa ida para Las Vegas, nós vamos tentar entrar via Abu Dhabi. Se eu não me engano, você precisa ficar 14 dias em um país que tenha entrada permitida para os Estados Unidos. Aí você consegue entrar, já que do Brasil direto não está conseguindo. Nós aproveitamos que íamos passar 15 dias aqui em Abu Dhabi e decidimos ir para Vegas. A gente vai passar uma temporada lá. Mas a ideia realmente é começar um trabalho nos Estados Unidos e, se a coisa andar direito, morar por lá. A gente pensa em mudar para Vegas para ficar mais próximo do UFC, lá é onde tudo acontece. O escritório do UFC está em Vegas, o Instituto do UFC está em Vegas, o Apex está lá. Las Vegas se tornou a capital da luta. A maioria dos eventos do UFC são em Vegas”, explicou Gilliard, antes de continuar.

“Tem também a necessidade de aprender o inglês fluente, para as meninas quando forem campeãs, ou estiverem no topo de suas categorias. Elas precisam falar inglês para agregar mais coisas, seja patrocínio, mídia, para valorizar mais o passe delas. Se a Jéssica lutava duas vezes por ano, ela estando em Las Vegas vai lutar três vezes. A Karol Rosa que está começando agora, tem um baita potencial, estando em Vegas, ela vai lutar muito mais. A Priscila Cachoeira ‘Pedrita’ a mesma coisa. Esse também é um dos motivos que a gente está indo para lá. Para ser mais visto, para servir ao evento mais vezes: ‘Ah, caiu uma luta’. A gente já vai estar em Vegas, é só ir lá e lutar. Muitas vezes a gente perde oportunidades porque eles têm que preparar o visto para a gente entrar no país, tem que comprar passagem, é toda uma burocracia que tem que ser seguida. Se a gente já estiver do lado do escritório, na cidade onde tudo acontece, a gente vai lutar muito mais. Além disso, novas meninas da PRVT vão ter oportunidade de entrar no UFC com mais facilidade por estar lá em Las Vegas”, projetou o líder da ‘PRVT’.


Além do aspecto esportivo, o treinador enxerga na melhor qualidade de vida outro fator preponderante na decisão tomada. Com dois filhos pequenos, ‘Paraná’ prevê que a mudança definitiva para os Estados Unidos possa favorecer a educação deles. E, ainda que admita que possa ter uma dificuldade inicial com a quantidade de atletas para qualificar os treinos de sua equipe em Las Vegas, o líder da ‘PRVT’ confia que, com trabalho duro, rapidamente a situação será resolvida.

“Eu estou com dois filhos pequenos, uma de dois anos e outro de cinco meses, eu quero ver se eles se alfabetizam em inglês também. Então, é buscar uma vida mais tranquila, um pouco melhor. Agora com essa pandemia, o Brasil também ficou meio mau das pernas. No quesito treino, eu acho que no Rio eu tenho até mais treino do que a gente vai ter em Vegas, mas a gente vai plantar e já já o nosso treino vai estar tão bom em Vegas quanto é lá em Niterói”, declarou.

Mesmo com a possível abertura de uma filial nos Estados Unidos, a sede atual da ‘PRVT’, localizada em Niterói (RJ), não ficará desamparada sem o seu líder. De acordo com o treinador, a academia baseada na cidade fluminense continuaria suas atividades sob o comando de seus pupilos, e futuramente serviria como ponto de partida para atletas que desejassem se juntar a ele em Las Vegas.

“Caso dê tudo certo e a gente fique em Las Vegas, e monte uma PRVT lá, em Niterói eu tenho meus graduados, tenho dois mestres lá formados por mim e que vão continuar o trabalho lá. O Elder Lara, que foi formado faixa-preta por mim e ano passado eu o graduei mestre da equipe. Tem o Daniel Oliveira, que eu também graduei mestre da equipe no ano passado. Eles vão continuar o trabalho. São dois caras que juntos tem 100 lutas de MMA e Vale Tudo, e todo mundo os respeita lá. Eu vou dar os direcionamentos, seja de onde eu estiver, e o trabalho continua. E lá vai ser um trampolim para os atletas que quiserem ir para os Estados Unidos depois que tiverem algumas lutas. A gente vai ter o nosso espaço em Las Vegas para levar novos talentos também”, finalizou.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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