Entrevistas
Trash talk sob revisão? Líder da Fighting Nerds propõe recuo após polêmica
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Diego Ribas, em Las Vegas (EUA)
O confronto entre Jean Silva e Diego Lopes, realizado recentemente no Noche UFC, chamou atenção não apenas pelo alto nível técnico, mas também pelo clima tenso que antecedeu o combate. A rivalidade foi marcada por provocações e interações intensas durante o período pré-luta. Agora, com o resultado definido — nocaute do brasileiro radicado no México —, a equipe ‘Fighting Nerds’ aproveita o momento para uma reflexão interna.
Em entrevista exclusiva à Ag Fight, Pablo Sucupira, líder da equipe, analisou a postura adotada durante o camp e a semana da luta. Segundo ele, o episódio serviu de aprendizado: o “trash talk” deve partir dos próprios atletas, e não ser alimentado como uma estratégia coletiva.
“Sinceramente, na Fight Week, não achei que houve excesso. Achei que chegamos à luta já com uma imagem de que era uma equipe que estava fazendo muito trash talk. Então, a gente já chegou com um clima de que estávamos falando demais, e qualquer coisa ali era excesso”, avaliou o técnico, antes de continuar.
“Dois companheiros de treino do Jean pararam e estavam encarando ele. E o Diego ficou bravo porque os caras estavam olhando para ele e saiu falando: ‘Mano, por que vocês estão olhando para mim? Não vou lutar com você. Por que você está olhando para mim?’. Cara, olhar é natural. Fica um clima de luta, um clima que é natural antes de os caras saírem na mão. Acho que isso precisa ser algo conduzido pelo atleta, e nisso eu concordo com o Diego Lopes”, completou.
Revanche no radar?
Sucupira também comentou sobre a postura de Lopes após o duelo. Na visão do treinador, o manauara foi respeitoso em manter distância e evitar vínculos com o adversário e sua equipe — o que considera parte do jogo.
“Estou vendo o Diego Lopes falar. Ele ficou na dele o camp inteiro. Preferiu falar depois da luta, e foi uma opção dele. A gente preferiu falar antes, e (agora) é o momento dele. A gente perdeu, tem que ouvir o cara. Ele está sendo respeitoso. Não quer amizade com o Jean e não quer amizade com a gente também. Faz parte e temos que aceitar. Da nossa parte, é treinar, ganhar umas lutas e ver se a gente chega numa revanche com ele”, afirmou.
Mais treino, menos barulho
O técnico acredita que o momento pede uma mudança de postura fora do octógono. Para ele, é hora de retomar o foco no trabalho técnico e evitar protagonismo fora das quatro linhas do cage — algo que, segundo o próprio, começou a ofuscar o real diferencial da equipe. Sucupira lamenta que, em dado momento, a imagem da equipe tenha se resumido a hype e polêmicas, o que não representa os valores da academia.
“Acho que agora, qualquer confusão que tiver com a Fighting Nerds, a gente vai estar errado. Mas agora é ficar de boa, ficar em segundo plano, deixar os atletas brilharem e deixar eles tocarem esse lado aí, e a gente só fazer a contenção e voltar o foco para o que a gente faz tão bem. A gente chegou até o ponto que chegou por causa de como a gente trabalha, como a gente vê os camps, como a gente treina, como a gente estuda a luta — e isso estava ficando em segundo plano. Quando se falava de Fighting Nerds, se falava de hype, de mídia, de confusão — e não é isso. Não é essa a minha essência”, finalizou.
A partir de agora, a estratégia é clara: mais silêncio fora do cage e mais eficiência dentro dele. O plano da academia é permitir que seus atletas conduzam a promoção das lutas da forma que julgarem apropriada, enquanto o time tenta retomar o caminho que o levou à elite do MMA mundial — com disciplina, trabalho e resultados consistentes.
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Natural do Rio de Janeiro, Geovanne Peçanha se formou em jornalismo na Facha (Faculdades Integradas Hélio Alonso). Com passagens por Lance!, CBF TV, FERJ e outros, é um fanático por esportes. Ex-praticante de Muay Thai, se apaixonou pelo MMA.