Cinco vitórias por finalização em sete, no total, conquistadas na carreira. Este poderia ser o currículo de uma atleta cujo ‘carro-chefe’ é o jiu-jitsu, mas ele pertence a Mayra ‘Sheetara’ Bueno, lutadora que faz jus ao DNA da academia que representa, a ‘Chute Boxe São Paulo’, equipe que prima, especialmente, pela agressividade de seus alunos na luta em pé. O conflito entre o histórico de resultados e o estilo de jogo da mineira pode confundir as adversárias e trazer vantagens para ela, como a própria peso-mosca (57 kg) do UFC admite.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, ‘Sheetara’ – que encara Montana De La Rosa neste sábado (27), pelo card do UFC Vegas 20 – ponderou que talvez o motivo para a maioria de seus triunfos chegar via finalização seja um produto do receio de suas oponentes de enfrentá-la na luta em pé, em razão de sua agressividade e poder de nocaute. Com isso, na visão da lutadora mineira, suas rivais tendem a buscar o jogo de solo e se esquecem de suas habilidades neste aspecto do combate.
A evolução na luta de chão não foi por acaso. De acordo com ‘Sheetara’, nos últimos anos os treinos de jiu-jitsu se tornaram prioridade em sua rotina de trabalho, chegando a sobrepor a atenção dispensada pela lutadora ao muay thai. Apesar disso, a peso-mosca não tem dúvidas ao apontar sua trocação como a principal arma de seu arsenal de habilidades, mesmo que as estatísticas confundam.
“Na verdade eu acho que elas esquecem do meu jogo de chão, acho que esse é o motivo por eu ter tantas finalizações. Nos últimos anos eu investi muito no jiu-jitsu. Eu tinha até parado de treinar um pouco o muay thai. Eu me considero uma pessoa forte para a categoria, apesar de ser magrinha. Acho que sou uma das atletas com mais punch na categoria. Às vezes eu consigo acertar um bom golpe e elas devem falar: ‘Aqui realmente não vai dar’ (risos). E acabam trocando o plano e me levando pra o chão. Meu sonho é ser a maior finalizadora do UFC, mas eu gosto muito do meu muay thai. Acho que a galera tem se confundido”, analisou Mayra, antes de destacar qual considera ser seu ponto forte.
“Eu considero a minha trocação a minha maior arma hoje. Como eu disse, eu acho que sou uma das meninas mais fortes da categoria. Tem umas meninas bem fortes, mas eu acho que estou nesse bolo. E eu acredito realmente que a minha trocação seja o meu ponto forte. O meu punch é o meu ponto forte. E nesse camp está sendo legal por isso, porque eu, novamente, foquei muito no meu muay thai”, afirmou.
O foco maior na parte em pé durante a preparação, no entanto, pode não ser de grande serventia no confronto de sábado. Como a própria lutadora mineira antecipa, sua adversária, a americana Montana De La Rosa, deve procurar a luta agarrada, ainda que cautela, para não virar a mais nova vítima das finalizações de ‘Sheetara’.
Uma possibilidade levantada pela brasileira é de que De La Rosa apele para o confronto na grade do octógono, onde a força e o preparo físico dos atletas ganha ainda mais importância. Por isso, apesar de prever que esta seja uma tática utilizada pela rival, Mayra se mostra tranquila com a perspectiva, muito em função da confiança depositada em sua capacidade física.
“A Montana sempre busca essa luta de solo, que é o jogo forte dela. O grappling é o jogo forte dela. Eu não sei, mas eu acho que ela vai buscar mais o jogo de grade, embolado. Eu acho que é o que ela vai tentar fazer. Mas eu adoro as lutas da Montana, eu acho divertidíssimas. Eu acho as lutas dela divertidas, por isso que eu estou bem animada para essa luta”, comentou Sheetara, antes de completar.
“Eu não vejo vantagem nenhuma para ela, se ela fizer esse jogo comigo, porque eu me considero mais forte do que ela fisicamente. Então, eu não vejo vantagem para ela. Mas eu acho que ela vai buscar isso e se ela buscar é uma boa para mim. Eu não vou fugir porque eu gosto de lutar. Se quiser lutar em cima a gente luta, se quiser lutar no chão a gente luta. Eu gosto de lutar, gosto de desenvolver a luta”, finalizou a atleta da ‘Chute Boxe SP’.
No MMA profissional desde 2015, Mayra ‘Sheetara’ Bueno soma 7 vitórias, sendo cinco por finalização, e apenas uma derrota em sua carreira. Dentro do octógono do UFC, a peso-mosca, que garantiu seu contrato ao participar do ‘Contender Series’, venceu dois de seus três compromissos até o momento. Seu único revés veio em março do ano passado, quando foi superada por Maryna Moroz na decisão unânime dos juízes.