Atualmente, o UFC reúne as principais estrelas do mundo do MMA, seduzidos pelo seu retorno midiático de ser a maior liga do mundo, mas nem sempre foi assim. Rickson Gracie, um dos grandes nomes da história da modalidade nunca teve a oportunidade de pisar no octógono. Mas, se nos dias atuais, o membro da família mais famosa do mundo das artes marciais pudesse ajustar essa situação em sua carreira e tivesse a chance de atuar pela companhia, os dirigentes da organização não teriam vida fácil.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, Rickson comentou sobre a questão salarial dos lutadores do Ultimate, um fato que é bastante debatido e criticado no mundo das lutas. De acordo com o ex-atleta, a franquia sabe usar seu nome para ‘explorar’ alguns competidores que sonham com sucesso e reconhecimento no esporte.
“O UFC monopolizou com muita habilidade o mundo no MMA. Se você quer se famoso e ter uma exposição, dificilmente você vai ter um outro evento que vai ter a mesma capacidade de ter um bom salário. Como eles tem essa capacidade, eles fazem um contrato com você que as três primeiras lutas você recebe 15 mil dólares (cerca de R$ 84 mil), é uma coisa mínima, não dá nem para pagar seu treino, mas dá a chance de você estar na organização dando seu sangue para quando ficar famoso, ter condições de ter contrato melhor”, afirmou o filho do lendário Hélio Gracie, antes de completar.
“Eles fazem que você trabalhe mais do que ganhe. Quando chega na hora de você ganhar o teu, eles já estão ganhando milhões de dólares em cima de você. O vencedor é o UFC, que sempre capitaliza em cima dos atletas que precisam lutar e os atletas se sujeitam porque é a única entrada que eles têm para entrar nos milhões de dólares se vencerem. Mas se não tiverem a mesma sorte, eles foram explorados, usados e sem nenhuma estrutura de ter um ganho para sustentar a família. Fica desequilibrado para quem está no topo e para aquele que pretende chegar lá”, finalizou o carioca de 63 anos.
Recentemente, o Ultimate tem travado brigas com alguns dos seus principais astros por conta das bolsas envolvidas. Jon Jones foi o grande pilar nesta discussão quando pediu uma alta remuneração para encarar Francis Ngannou em sua estreia no peso-pesado da franquia. Sem sucesso, o americano não atua desde fevereiro de 2020. Ciente desses imbróglios, Rickson adiantou que o UFC teria ainda mais trabalho com ele.
“Eu ia ser duro de negociar porque eu nunca faço contrato de mais de uma luta. Eles teriam que pagar o que acho que mereço, senão não me interessa lutar. Ou eu luto de graça para representar o jiu-jitu, ou as pessoas vão ter que me pagar uma porcentagem digna dos eventos que estão fazendo. Se o evento gera 100 milhões de dólares, não vou receber 200 mil e ficar tranquilo. Vou ter que receber uma porcentagem do montante. Eu já teria que entrar com uma fama para as pessoas me respeitarem, para me quererem no evento para pagar o que eu mereço, senão não me interessa botar a azeitona na empada do UFC. A primeira briga seria no escritório para assinar o contrato”, concluiu.
Além da carreira vitoriosa no jiu-jitsu, Rickson Gracie também competiu nas artes marciais mistas entre os anos de 1980 e 2000. Terceiro filho de Helio Gracie, o carioca participou de eventos como o Pride e Japan Open e jamais foi derrotado nas artes marciais mistas, esporte em que acumula um cartel profissional de 11 vitórias.